Entrei na casa do Noah porque estava apertada, e não o odeio a ponto de fazer xixi no seu limpíssimo e perfumado carro. Além disso, eu precisava comer alguma coisa, qualquer coisa ou alguém, porque, com a fome que eu tinha, até mesmo o Noah poderia terminar na churrasqueira. Depois de procurar meu gato em todos os lugares sem encontrar, decidi fazer um sanduba e esperar por eles naquele sofá creme maravilhosamente confortável. Tenho que admitir: estava morrendo de medo. Gabriel pode ser um amor de pessoa, mas vira um bicho quando está bravo, e eu detesto ser a responsável por devastar sua calma.
Eu não queria me acabar de chorar ali na sua sala de estar, bem na frente dele, mas a rejeição do meu gato foi a gota d’água nesta minha vidinha de merda, e eu não consegui nem beber a maldita vodca antes de parar em seus braços.
— Você não deixa de ser importante nem quando faz merda — ele sussurra baixinho. — Não deixa de ser importante quando eu passo meses preocupado, meses olhando para o telefone e pensando em você. Não deixa de ser importante quando me irrita ou a gente briga. Não deixa de ser importante quando desaparece, me rouba ou invade a minha casa. Se você matar alguém, eu esqueço a ética e te encubro. Olha o nível disso!
Se fosse antes eu não precisaria de uma confirmação, mas, como agora está tudo dando errado, é bom escutar que sempre tive uma nova chance.
Choro mais.
— Senti tanto a sua falta — ergo o rosto e sussurro contra sua bochecha, molhando-a com minhas lágrimas — Todos os dias. Eu quis tanto te ligar, Noah — soluço. Merda de orgulho! Por que não liguei? Por que não pedi que ele fosse me buscar quando as coisas apertaram?
— Você está em casa agora. Nós vamos resolver isso, tá? — Eu assinto, chorando tudo que tinha para chorar agarrada nele, sentindo seu cheiro de casa, de amor, de segurança. Absorvo seu perdão, choro litros, choro até secar, até me sentir vazia.
Gradativamente os soluços vão ficando mais baixos e menos frequentes e as lágrimas, que antes vinham em torrentes, começam a descer lentamente, uma após a outra, até que cessam e eu consigo criar coragem para levantar a cabeça e olhar nos olhos dele. Brilhantes olhos verdes preocupados, aflitos e determinados me olham de volta. Ele me dá um último apertão antes de me soltar e me colocar à força sentada no sofá ao seu lado. Estava bom demais para ser verdade!
— Desembucha de uma vez — ele pede, todo paciente. Se Noah acha que eu vou contar todos os detalhes sórdidos, está redondamente enganado. Por nada neste mundo vou abrir o bico e entregar que o meu príncipe encantado trocou a princesa pelo lobo mau!
— Não deu certo — digo, fazendo-o revirar os olhos e me entregar o copo de vodca. Dou uma boa golada antes de continuar. — Não deu certo outra vez, Noah. O que mais você quer que eu diga? — pergunto, irritada, bebendo meu segundo gole.
— Por que não deu certo? Você quer mesmo que eu acredite que um dia você acordou, viu que fez merda e abandonou o cara do outro lado do mundo sem um bom motivo? — O tom é sarcástico. — Você parece um cachorro, Sina, nunca larga o osso. Enquanto ainda tiver carne, você não desiste. — Ele me conhece bem, fazer o quê?
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Caçadora de estrelas - Adaptation Noart
Fanfiction|•Noah and Sina•| Sina, após flagrar o namorado com outro cara (e descobrir que, ainda por cima, ele tem um gosto para homens melhor que o dela!), se arrepende de ter abandonado a família, o gato, o emprego, os amigos e até o país para segui-lo. Mas...