Capítulo 23

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Noah prometeu para o médico que iria seguir à risca a ordem de tirar alguns dias de folga para cuidar da saúde quando recebeu sua carta de alforria, três dias depois do desmaio

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Noah prometeu para o médico que iria seguir à risca a ordem de tirar alguns dias de folga para cuidar da saúde quando recebeu sua carta de alforria, três dias depois do desmaio. No entanto, assim que o cretino colocou o nariz mentiroso na rua, mudou de ideia.

— Você não vai trabalhar hoje! — determino pela milésima vez, depois que Lamar o ajuda a se instalar no sofá.

— E quem vai me impedir? Você? — debocha.

— Para de testar a minha paciência, Noah! Eu sou pequenininha, mas bato forte.

— É, eu sei disso muito bem. Ainda lembro o que você fez comigo por causa daquele maldito pacote de biscoito quando a gente era criança. Repasso a cena na minha cabeça sempre que olho nesses seus olhos maldosos. — Ele faz uma careta.

— Você não vai tirar a porcaria da sua bunda daí nem para pegar um copo de água, entendeu bem? Acabou de sair do hospital, caramba! E, só para constar, o nome certo é bolacha — resmungo, irritada com sua falta de interesse em colaborar.

Ele precisa descansar, mas teima no lance do biscoito. Ô, coisa chata. O estresse pode acabar com uma pessoa se ela não tomar cuidado. Estranhamente, a pessoa mais estressada do mundo parece imune a isso, ou seja, eu. Vaso ruim não quebra mesmo!

— Você não manda em mim! — Ele tenta jogar uma almofada na minha cara e erra.

— Como você acertou aqueles dois caras com essa mira, hein? — pergunto, curiosa.

— Errei agora porque eu quis, sua babaca.

Ergo as sobrancelhas, fingindo duvidar, mas acredito nele.

— Se quiser sair desta casa, vai ter que passar por cima de mim primeiro. E, como agora ficou provado que você não tem coragem de me dar nem uma almofadada, acho que estamos conversados.

— Ela tem razão. Fica quieto uns dias, Noah — Lamar se intromete.

Ele abre a geladeira, pega uma garrafa de cerveja e arremessa um refrigerante para a mula antes de fechar, não sem antes me perguntar se eu queria alguma coisa. Recuso, imaginando que Noah vai xingá-lo por se sentir tão à vontade ou ao menos fazer uma de suas caretas de desagrado, mas eles apenas se olham, cúmplices, e a mula assente, em concordância.

Não sei o que de fato aconteceu naquele quarto de hospital todas as vezes em que desci até a cafeteria para me abastecer de cafeína e fumar um cigarrinho e abandonei os dois sozinhos. Mas posso apostar meus peitos — o que não é lá muita coisa, eu sei — que algo aconteceu, porque a hostilidade que antes habitava ao redor dos dois está quase desaparecendo. Só falta trocarem de time. Com a sorte que eu tenho, quem duvida?

— Bom, eu preciso trabalhar — anuncio com voz de sofrimento genuíno. — Porque eu não tive uma crisezinha de estresse à toa e ganhei um atestado — provoco.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora