Capítulo 28

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Estou hipnotizada pela cena

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Estou hipnotizada pela cena.

É isso.

O sentimento é pior até do que na primeira vez que os flagrei, porque hoje, diferente daquela época, eu compreendo o que estou sentindo por ele e ainda tinha alguma fé de que pudéssemos conversar, nos entender e quem sabe... Mas não vou ter a chance, pois o que estou vendo está bem longe de ser a trepada bruta a que eu assisti antes. Eles estão fazendo amor.

Ele está fazendo amor com outra pessoa.

Não consigo desviar o olhar do corpo dele se movendo sobre o dela embaixo da coberta, que cobre apenas o que importa, das costas dele se arqueando, da mão espalmada na bochecha dela com tanto zelo que dói em mim só de olhar, ou da maneira como sorri provocativamente sempre que recua de uma investida para olhá-la, como se quisesse conferir que ela está bem, que está gostando. É a coisa mais triste que meus olhos já viram. É uma prisão. Eles ainda nem perceberam que estou a poucos passos de distância, com os olhos cheios de lágrimas.

Quero sair correndo antes que me vejam, mas meus pés não obedecem.

Estou presa nesta cena triste, morrendo lentamente por dentro.

Como ele pôde?

Tento de tudo para que meus pés se mexam e nada. Estão mortos, assim como meu músculo cardíaco burro, essa porcaria que também não funciona, que não bate mais. Nada funciona, até que o olhar dela se revire e sem querer cruze com o meu. Any arqueja de susto, engasgando com um gemido. Noah vira o rosto na mesma hora para ver o que a assustou e me encontra.

— Sina! — exclama surpreso, se erguendo e puxando o edredom para cobri-los. Como se eu já não tivesse visto o suficiente. Não há nada em seu olhar além de aborrecimento por eu ter atrapalhado. — Tá olhando o quê? Dá o fora, porra! — A ordem dada com grosseria é o suficiente para que meus pés reaprendam para o que foram feitos e me tirem de lá, só que não me levam para muito longe. Adoraria que tivéssemos ido dar um passeio dentro da piscina.

Eu queria muito, muito me afogar hoje.

Só um pouquinho.

Uma hora depois, quando descem a escada, gargalhando de alguma coisa estúpida que apenas os dois entendem, estou sentada no sofá, com um copo de uísque quase vazio nas mãos — o quarto —, uma bituca de cigarro presa entre os dedos e mais nenhuma lágrima para chorar. Dá para ver pela minha cara, não que algum deles se importe enquanto passam por mim fingindo que não existo e entram na cozinha. Admiro a bituca por um segundo. O cigarro apagou sem que eu fumasse. Só lembrei dele quando me queimou, mas continuei segurando e suportando até o fim, apreciando aquela minúscula dor que me distraiu de outra maior.

Eu o coloco no cinzeiro e me ajeito no sofá, mas não demora até que meus olhos os procurem. Virei masoquista hoje, só pode. O que eu ainda estou fazendo aqui? Não tenho ideia. Desci a escada determinada a ir embora e terminei revirando a cozinha atrás de uma birita, chorando sozinha no sofá porque não consegui passar pela porta.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora