Capítulo 45

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CINCO MESES DEPOIS

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CINCO MESES DEPOIS

Sina me acordou com uma bandeja de café da manhã na cama, sorriu me mostrando todos os dentes e pulou em cima de mim — a cama até tremeu, juro. Sesê nasce em uma semana e minha garota definitivamente está maior que a casa, mas ninguém me viu falando isso!

Tenho muito o que fazer hoje e pretendo dar conta de tudo, o que inclui passar por um casamento tradicional na igreja, por uma festa de seis horas onde obrigatoriamente quero dançar com minha mulher e, só para terminar, ainda espero conseguir lhe dar uma noite de núpcias, nem que seja meia-boca, porque, porra, é a noite de núpcias. O mistério é como vou fazer tudo isso, se ainda não consegui criar coragem nem de sair da cama. Ou melhor, como vou fazer tudo isso fingindo que tenho disposição. Não posso estragar este dia para ela, tem que ser como Sina sempre sonhou, e para conseguir não posso permitir que ela descubra que hoje é um dia ruim.

Não tenho mais o costume de esconder como me sinto, até porque, depois de uma cirurgia, um transplante e quatro meses morando no hospital, mentir se tornou uma tarefa impossível. Primeiro porque chegamos a um ponto em que nem meu autocontrole era suficiente para que eu conseguisse esconder a dor ou os efeitos do tratamento, e segundo porque minha garota agora também me lê como um livro, um hábito que adquiriu, por sinal. Ela se recusou a me abandonar por um dia sequer, e em consequência disso o tédio foi tanto que até leu aquela série que eu adoro. Inteira. A melhor parte? Escutá-la praguejar sempre que o autor... Bom, esquece.

Talvez porque Sina se tornou uma ótima leitora, minhas babás chegaram cinco minutos depois que ela saiu de casa, mesmo que eu tivesse combinado que os dois deveriam aparecer apenas para me levar à igreja.

Sou obrigado a admitir que eles foram bem úteis. No fim não precisei sair da cama para nada; tudo que eu queria apareceu misteriosamente na minha mão pelo restante do dia, até que finalmente eu fosse obrigado a me levantar por causa do horário. Krystian e Joshua fingiram não notar a tontura que senti quando pisei no chão, e em resposta eu fingi não notar que os dois entraram atrás de mim no banheiro para bater papo casualmente assim que comecei o banho. Isso continuou enquanto um deles segurou a camisa para eu vestir e depois quando me apoiei no ombro do outro para descer a escada, e quando pedi que entrassem na igreja e me deixassem sozinho na porta e ambos se afastaram apenas alguns metros.

— Vamos, querido? — Abaixo o olhar e encontro minha sogra com seu vestido de festa verde-escuro sorrindo para mim. — A Sina ligou e avisou que está chegando. Acho que ela é a primeira noiva na história dessa igreja que não se atrasa nem um minuto, porque o padre nem estava com a batina ainda — conta, rindo e me estendendo a mão, que eu aceito, mas talvez tenha sido um erro, porque assim que me desencosto perco o equilíbrio e termino por preocupá-la. — Está se sentindo bem, querido?

— Estou ansioso. — Sorrio provocativamente e ganho um revirar de olhos.

Clara ainda não parece convencida de que estou bem, mas não insiste. Seus olhos param em Any, que está do outro lado da rua há quase meia hora, olhando para o mar.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora