Capítulo 16

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Eu sou um idiota que não acredita no que acabou de fazer

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Eu sou um idiota que não acredita no que acabou de fazer. Porra! Eu não acredito no que ela acabou de fazer. Mas que diabo aconteceu aqui?

Eu devo ter alucinado. Ando precisando dormir mais. É, é isso, não tem outra explicação! Aquele olhar, a mão no meu ombro, seus lábios se entreabrindo... Deve ter sido fruto da minha imaginação, mas por um momento, um único momento, eu achei que Sina queria me beijar.

Ando de um lado para o outro no jardim me sentindo perdido, como se faltasse alguma coisa dentro de mim, um pedaço. Algo que me fizesse funcionar melhor, ser mais feliz, e que eu simplesmente deveria ter. Estou cansado dessa sensação sempre que fico perto dela, porque é ela, só ela, que me falta para que eu seja completo.

Fui surpreendido e fiquei na defensiva: mandei Sina embora e ela foi.

Ela é boa nisso, em ir embora. E ela nunca, nunca olha para trás. Mas não me importo. Não hoje, não mais. Estou cansado. Ela nunca se deu o trabalho de notar os meus sentimentos, e quando finalmente estou em um relacionamento saudável ela me dá uma dessas, porra!

Na noite anterior à partida dela nós tivemos uma briga. Uma das feias.

Ela me falou que estava certa de que Levi era o homem dos seus sonhos e que segui-lo para outro país era a melhor alternativa para encontrar a felicidade. Já eu achava que esse era o pior erro que ela poderia cometer. Sina queria abandonar tudo por alguém que mal conhecia, e isso doeu. Doeu porque sempre estive ao seu lado e ela nunca abandonou nada por mim, principalmente a venda que sempre cobriu seus olhos, impedindo que enxergasse o que eu sentia.

Todos sabiam, sempre souberam. Não que eu realmente tivesse contado para alguém. Mas imagino que meus sentimentos, que em nada se pareciam com amizade apenas, eram perceptíveis, quase palpáveis para quem quisesse ver.

Infelizmente não para ela, nunca para ela.

Eu sempre a amei. Não sei bem quando começou, mas provavelmente ainda nem sabíamos falar quando eu peguei na mão daquela garotinha e não quis mais soltar.

Ela sempre foi a minha garotinha.

Passamos por muitas fases diferentes ao longo dos anos. Incluindo uma em que não nos tolerávamos — algo a ver com uma pazinha de jardinagem que acabou parando no meio da minha cara por causa de um pacote de biscoitos de morango que era dela e eu devorei sem remorso algum na sua frente.

Vivíamos apenas brigando e destruindo os brinquedos um do outro, mas depois de eu tê-la defendido naquele parquinho as coisas mudaram e nos tornamos inseparáveis. Sina diz que foi só porque comprei um pirulito novo para ela, mas foi mais, muito mais que isso. Naquele dia ela soube que teria alguém que jamais a abandonaria. E eu soube que jamais iria querer abandoná-la.

Era amor. O dela era diferente do meu, mas ainda assim era amor.

Muitas fases vieram depois, à medida que crescíamos. Mas nunca deixei de me abaixar para amarrar seus cadarços, para que ela não se machucasse, mesmo se estivéssemos brigados, porque esse era eu, esses éramos nós, e eu acho que isso é a única coisa que realmente importa.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora