Capitulo 6

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Passo a noite acordado depois que deixo de atender o telefonema de Sina

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Passo a noite acordado depois que deixo de atender o telefonema de Sina.

Não parei de revirar na cama. Não sei como somos amigos até hoje, porque, em mais de trinta anos de amizade, aquela insuportável me causou mais problemas do que sou capaz de arrumar sozinho. Ela tem o dom de me irritar profundamente, e o que me deixa mais furioso é que não paro de amá-la por isso. Acho que sou até capaz de dizer que a amo ainda mais, o que não quer dizer nada, porque passo a madrugada inteira planejando como vou matá-la assim que a encontrar, provavelmente depois de abraçá-la e com certeza depois de descobrir o que o maldito gringo fez para ela arrumar a mala às pressas e voltar para o Brasil sem mais nem menos.

Está na hora de deixar essa briga idiota para lá!

Deixei Any em casa e fui para a delegacia depois do jantar, mesmo estando de folga e extremamente cansado, porque tinha um plano. Eu me algemei a minha cadeira para não correr o risco de cair na tentação de ir buscá-la no aeroporto. Mandei Krystian não me soltar, mas não adiantou muito: cinco minutos depois, ameacei atirar nele e o cretino me soltou.

Antes que ele conseguisse se recuperar do soco que levou por descumprir o trato, eu já estava procurando a chave do carro em cima da mesa. Se alguns policiais não tivessem escolhido justo esse momento para entrar pela porta da frente com um cara que esfaqueou a mulher, ainda sujo de sangue fresquinho para mim, eu teria cedido. Fiquei péssimo por saber que aquela babaca saiu pelo portão de desembarque sem ninguém para recebê-la. Sou um trouxa. Fernando me mandou os dados da passagem. Ele sabia que eu iria, mas, como não deu tempo, fui buscar Any de novo. Dormir sozinho não era uma opção; era isso ou a mesa do trabalho mais uma vez.

Quando o relógio chega às seis da manhã, desisto de tentar dormir e me levanto da cama, mas antes que tenha tempo de chegar ao box do banheiro meu celular vibra. Volto e o pego na mesinha de cabeceira.

Atendo sem olhar o identificador de chamadas, o que quase sempre é um erro. A desculpa? Pensei que fosse Sina, e na verdade não passei muito longe.

— Bom dia, otário! — cumprimenta Josh, meu melhor amigo e irmão do meu pequeno tormento pessoal.

— Bom dia, animal! — Para que respeito em uma amizade, me diz?

— Levanta essa bunda da cama e vamos dar uma corrida! — ele berra por cima da música alta do rádio. — Passo aí em cinco minutos. — Faz uma pausa e pensa melhor. — Na verdade eu já estou virando a esquina da sua rua. Melhor se apressar!

— Por que você não ligou antes? — reclamo, pegando uma muda de roupa abandonada sobre a poltrona e caminhando para o banheiro. — Ainda vou tomar banho e comer alguma coisa.

— Banho para correr, sua mula? Só veste uma maldita roupa! Ah, e vê se traz alguma coisa para eu beber. Tô morrendo de sede!

Também não sei por que ainda sou amigo dele. Embora Josh e Sina neguem o fato de serem irmãos, está estampado na cara dos dois, não só pela aparência, mas pelo fato de ambos serem um grande pé no saco. São idênticos em tudo, inclusive na chatice.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora