Acabo de esticar a roupa de cama limpa e vou atrás dele. Paro no meio da cozinha para admirá-lo e o encontro na lavanderia, bem no meio do quadrado da luz da lua que entra pela janela. Está apenas com uma calça de moletom cinza, de braços cruzados e de costas para mim, observando o lençol que colocou para lavar pelo buraco redondinho da máquina, absorto. Deslizo a mão por sua pele. É tão quente e se arrepia com meu toque. Aproveito bastante antes de envolver sua cintura e mantê-las quietas no lugar. Fecho os olhos e sinto o amor explodir dentro de mim. É essa sensação que importa.
É como eu me sinto quando fecho os olhos que importa.
— Quer me contar alguma coisa? — pergunto, beijando sua nuca.
Me conta, porque eu acho que sei. Tenho quase certeza de que...
— Quero — ele responde, me surpreendendo, cobrindo minha mão com as suas. Prefere continuar de costas e eu não reclamo. Fico nervosa. Se ele olhar na minha cara, vai saber. — Mas primeiro tenho que te perguntar: Tem certeza que quer saber? Se eu cheguei a ponto de mentir, não é porque tenho prazer em fazer você de trouxa. É porque achei que era melhor.
— A verdade dói menos que a mentira, tenho certeza. — Não, não tenho.
Sou uma cuzona medrosa que preferiria comer vidro a falar de quem vamos falar, porque eu tenho quase, quase certeza de que o pai do meu menininho psicótico é...
— Ok, então vamos falar do meu pai. — Esse bosta mesmo.
— Eu sabia que era ele! — dou um gritinho. Suspiro, me preparando para o que vou escutar. Suas mãos apertam as minhas.
Parece que ele está me segurando para não fugir, e isso me dá ainda mais medo.
— Escuta tudo primeiro? — Solto um “uhum”. — O meu pai se casou de novo com uma mulher chamada Lívia. Então, eu suponho que o Alex seja filho deles.
— Você me disse que não via o seu pai desde que ele saiu de casa, quando nós éramos pequenos — julgo, embora ele tenha me mandado ficar quieta. Ele me ignora e continua falando.
— Algumas semanas depois que a minha mãe morreu, o meu pai ficou sabendo e me procurou. Ele me ofereceu um lar e uma família com a mulher dele. Me contou que isso tinha sido obra do seu pai. O tio Sebastian engoliu o orgulho e foi no trabalho dele avisar que tinha chegado a hora de ser pai, mas que se ele não quisesse tudo bem também, que ele dava conta. — Estou muda, inflada de orgulho do manteiga-derretida que me procriou. Eu queria ser assim também, queria conseguir engolir meu ódio, pelo Noah.
— Se ele ofereceu, por que você terminou sozinho?
— Eu tinha acabado de encontrar a carta da sua mãe nas minhas coisas, estava puto por você, não queria esse cara na sua vida, então precisei fazer uma escolha. O problema foi como eu fiz essa escolha. — Ele suspira, pausa e eu nem respiro, porque acho que já respondeu a minha pergunta. — Digamos que eu tenha recusado a oferta com bem menos delicadeza do que o meu pai a fez, antes de pedir com menos delicadeza ainda para ele me emancipar e nunca mais me procurar.
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Caçadora de estrelas - Adaptation Noart
Fanfic|•Noah and Sina•| Sina, após flagrar o namorado com outro cara (e descobrir que, ainda por cima, ele tem um gosto para homens melhor que o dela!), se arrepende de ter abandonado a família, o gato, o emprego, os amigos e até o país para segui-lo. Mas...