Capitulo 7

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Sina para à beira-mar e, sem se importar com os olhares curiosos dos banhistas, arremessa o squeeze com determinação — sem chegar perto o suficiente da água nem para molhar os pés

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Sina para à beira-mar e, sem se importar com os olhares curiosos dos banhistas, arremessa o squeeze com determinação — sem chegar perto o suficiente da água nem para molhar os pés. Depois disso, se vira e corre para o carro, dando partida e desaparecendo de vista. Não a impeço porque estou curioso demais sobre o que acabei de ver para tentar obter meu carro de volta nesse momento. Ando até onde ela esteve e, para minha surpresa, a garrafa — pela qual eu paguei um absurdo, diga-se de passagem — é devolvida pelas ondas do mar aos meus pés. Ótimo. Adoro ter onde beber água. Um sinal claro de que alguém, provavelmente alguém que ela subornou, quer que eu leia o que tem no papel.

Sei que o que eu estou fazendo é errado, mas não me importo. Se eu perguntasse ela contaria, muito provavelmente, mas preciso saber agora o que ela escreveu. Pego a garrafa e a destampo, sentando na areia para descobrir, depois de recuperar meu dinheiro, o que é tão importante para a minha garota. Vou comprar um hambúrguer para ela.

Ei, você, que vive nessa coisinha salgada que me dá pavor só de olhar! Preciso de ajuda! Você já tomou o que era meu uma vez com suas ondas e sua imensidão, então me deve essa. Para o caso de você não se lembrar muito bem de mim, estou te mandando um presentinho, bem melhor que flores, barquinhos e espelhos sem graça. Vai lá e compra alguma coisa legal para você!

Pronta para me escutar? Perdi meu pai para uma sirigaita loira que tem alergia a gatos, meu irmão detonou meu carro, meu trabalho nunca vai me aceitar de volta e meu melhor amigo no mundo todo não fala mais comigo. Mesmo que as coisas entre nós pudessem se ajustar com o tempo, ter roubado o carro dele não vai contar a meu favor.

Tô sentada com a bunda no capô do carro. Ele provavelmente teria um filho se me visse agora.

E tudo isso porque a mulher que eu mais amei na vida uma vez me contou uma história. Uma história de amor verdadeiro, de alguém que encontrou a sua estrela. E era isso que eu estava buscando. Não estou pedindo uma estrela de verdade; meu pedido é muito mais simples: só me envia logo a minha metade da laranja para eu parar de uma vez de me foder. Eu sei que, com a minha sorte, ele deve ter só treze anos e morar na Groenlândia, então me contento com alguém por quem valha a pena lutar, alguém que não me machuque mais... Alguém tipo o Noah, sabe?

Eu preciso disso. Preciso cumprir minha promessa, mas estou ficando tão cansada de me machucar.

É claro que ela nunca vai esquecer essa maldita história. Eu queria muito que ela entendesse o verdadeiro significado, mas nunca entendeu.

Provavelmente nem chegou a parar para pensar no que sua mãe queria dizer quando lhe contou. Ela criou uma fantasia idiota de amor eterno para suplantar uma história que só tinha como objetivo machucá-la e prepará-la para o pior, e decidiu, em vez de se render a uma dor terrível demais para suportar, ter esperança.

Não posso julgá-la por isso, mas posso ter pena e orgulho dela na mesma medida.

Vamos começar com uma ajudinha nas minhas resoluções de Ano-Novo, o que acha? São coisas simples que eu adoraria um empurrãozinho para conseguir, porque só Deus sabe como é difícil parar de fumar e perder alguns quilinhos com a minha dieta nada saudável.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora