Capitulo 12

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- Meu Deus! O que você tem feito? Faz anos - falo, rindo, depois que nos afastamos, porque a coisa toda é bem maluca

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- Meu Deus! O que você tem feito? Faz anos - falo, rindo, depois que nos afastamos, porque a coisa toda é bem maluca.

- Eu ainda moro fora. Estou na cidade a trabalho por um tempo. - Ele dá um sorriso culpado. - E você, como está? - pergunta, tentando mudar de assunto.

Abro a boca para responder e quase sai um "Senti saudade", mas suas palavras me travam. Até este momento eu estava animada por vê-lo, porque houve uma época em que tive saudade mesmo, mas agora estou me lembrando da parte feia da nossa história e de por que o fato de ele morar fora me atinge. Saudade o cacete. Esse verme me abandonou!

Para ser mais exata: ele me iludiu o bastante para eu o amar cegamente, a ponto de me entregar em suas mãos sem ressalvas - e sem roupas também. Se aproveitou do meu corpinho, que na época era mais puro que alma de freira, e deu no pé no dia seguinte, sem mandar nem um cartão de agradecimento pela virgindade ofertada de bom grado pela minha periquita inocente e sonhadora. Para resumir, Lamar Morris é o motivo de eu nunca chegar perto demais de uma igreja. Combustão espontânea me assusta.

Passei anos sonhando com esse reencontro, e posso garantir que nenhuma das minhas fantasias chegou perto da realidade.

Eu e meu corpinho profanado passamos as primeiras semanas após sua partida jogados pelos cômodos da casa de um Noah enfurecido, preocupado e decepcionado, que socava paredes se a gente chorava, mas que cuidou bem de nós, melhor do que eu cuidei das plantas dele nesses dias em que me escondi na sua casa. Matei todas.

Ele e as camisetas dele foram minhas caixinhas de lenços.

Nessa época eu ainda imaginava Lamar ajoelhado aos meus pés se desculpando pelas mentiras e escolhas. Eu o perdoaria e nós seríamos felizes novamente. Mas, à medida que minhas lágrimas foram secando e as camisetas limpas de Noah acabando, minha imaginação fértil se tornou mais ressentida e vingativa.

Então a versão dos meus sonhos passou a ser esta aqui: Olá, decepção amorosa safada número 3 (Noah gosta de numerá-las; virou mania), como vai? Eu estou ótima! Bonita, rica e poderosa. Casei com um multimilionário, pari sete filhos lindos iguais ao pai, tenho uma brilhante carreira de sucesso e às vezes acendo cigarros com notas de cem, se não encontro meu isqueiro cravejado de diamantes. Eu não poderia ser mais feliz, cretino! Eu bem sabia que, com a minha sorte, provavelmente ainda seria pobre e uma completa encalhada, mas achei que teria a oportunidade de mentir e sambar na cara dele. E pensar que uma porcaria de turbulência, misturada com minha boca grande, me tirou isso!

Se formos mais fundo - até o buraco na minha alma, que se alguém ousasse espiar eu precisaria matar -, quando fui para Londres eu meio que torci para dar de cara com ele por lá, no começo para esfregar meu namorado gringo na cara dele. Depois, quando aquele imprestável começou a arruinar minha fantasia enchendo a cara, eu meio que imaginava Lamar aparecendo em uma carruagem. Ah, merda.

Eu sou muito fodida da cabeça.

- Nossa, como eu senti sua falta, Si! - ele diz, segurando meus ombros para que eu não possa fugir, analisando meu rosto com um sorriso enorme nos lábios. Ele sentiu minha falta? Sério? Rumino essa ideia absurda e ridícula ao mesmo tempo em que considero dar umas bofetadas na sua cara de pau.

Caçadora de estrelas - Adaptation NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora