4- RAFAELA

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CAPÍTULO 4



Mamãe chegou como sempre: elétrica e querendo saber de tudo. Contei em detalhes, pois somos mais que mãe e filha, somos amigas.


Minha mãe chorava de tanto rir por tudo que passei. Apenas me encarou séria quando comecei a enumerar as qualidades do senhor todo poderoso, Henrique.


- Só irei avisar uma vez Rafaela, se for contratada, não deixe que esse charme todo te faça perder o emprego, pois uma noite de sexo quente se encontra em qualquer canto.


Arregalei meus olhos, não sei por que, pois estava acostumada com a maneira de minha mãe colocar as coisas para mim. Mas será que eu demonstrei pra ela que queria mesmo um sexo quente com aquele homem lindo?


- Claro que não irei fazer nada pra perder esse emprego, que acho difícil ser meu, mas não se preocupe.


Levantei do sofá e fui à cozinha preparar algo para comermos, pois estava com o estômago roncando e não queria mais pensar nessa entrevista. Já tinha decidido em ir ao café tentar uma vaga na manhã seguinte.


Comemos um arroz de forno, arrumamos a cozinha, olhamos a novela e fomos dormir. Nossa rotina de sempre. A única diferença que o sono não chegou tão fácil como de costume.


Meu santinho das solteironas se for pra ter uma noite de sexo suado e forte com aquele homem nem quero a vaga, ainda bem que minha mãe não lê mentes. E sorrindo dessa ideia adormeci.


Acordei tarde, tomei banho, não comi nada, apenas coloquei uma calça jeans, uma blusa de alças finas e minha sapatilha preta, pois a vaga que poderia surgir no café, não precisava a produção da entrevista da fábrica.


É, realmente Rafaela, ontem não era seu dia de sorte, pois hoje o sol está lindo nem parece que teve aquele temporal todo, deve ter sido causado pela minha disposição de querer um trabalho de carteira assinada, só pode.


Seu Carlos estava varrendo o café, quando me viu, sorriu, mostrando todos os dentes amarelos, de tantos cigarros que fumava escondido de dona Jurema, sua esposa.


O casal cuidava do café desde que eu nasci, pois não me lembro de ter tido outros donos, pois quando eu era pequena, meu pai me trazia aqui aos sábados para tomar o chocolate quente que para mim vai ser sempre o melhor.


- Bom dia seu Carlos, dona Jurema está?


Mesmo sendo um dos donos e casado com dona Jurema, jamais pediria uma vaga para ele, pois podem não acreditar, mas o ciúme que um tinha pelo o outro era igual a um casal de adolescentes, e por isso ninguém parava no serviço, se fosse mulher, dona Jurema dava um jeito de dispensar, pois ela alegava que estariam interessadas no seu Carlos e assim vice e versa.


Lembro-me do Paulo, um estudante, que precisava de emprego, pois estava residindo em Jardim apenas para cursar a faculdade, e precisava pagar suas despesas, mesmo com sua bolsa integral.


Quando trabalhou aqui ele trouxe muita clientela, pois era realmente lindo, e todas as mulheres queriam ver aqueles braços fortes e abdômen sarado, com um avental vermelho bem apertado deixando a bunda mais desejável ainda (calor, calor), mas claro que não eram só as freguesas que o admiravam, a safadinha da dona Jurema vivia abraçando o "menino", como ela o chamava, alegando que ele devia sentir muita falta da família, e seu Carlos tratou de dispensá-lo, para a tristeza de todas nós.


- Bom dia menina - não menina não. Já comecei mal - Jurema está na cozinha pode entrar.


- Obrigada! -ao chegar à cozinha ouvi dona Jurema reclamando da lixeira enorme da qual pretendia retirar o saco de lixo, mas pela sua idade e tamanho, o serviço estava se tornando extremamente complicado.


- Bom dia dona Jurema, deixa que eu ajuda-la- ali vi minha oportunidade, e com muita facilidade retirei o lixo.


- Graças a Deus você apareceu, não sei mais o que fazer com esse velho que não quer me ajudar mais, só quer ficar varrendo o dia todo e conversando com quem passa pra saber de tudo que acontece, depois somos nós as mulheres que levamos a fama de fofoqueiras.


- Dona Jurema, eu vim aqui ver se a senhora precisa de alguém para ajudar no café, pois eu vou trabalhar na fábrica e vai levar mais alguns dias para inaugurar e as contas não podem esperar. Seria algo temporário- trabalhar na fábrica, porque falei aquilo meu pai do céu, eu sabia que não seria contratada. Bom, agora já falei depois eu daria um jeito.


- Até que enfim vai criar juízo Rafaela, você não é mais criança pra não ter carteira assinada, não ter um salário fixo, eu com sua idade- desliguei meu cérebro, só via seus lábios mexendo, mas não escutei mais nada, aprendi essa técnica a tempos, pois já não chegava minha consciência me apitando que o tempo estava passando agora teria que escutar dona Jurema, me recuso, e ali fiquei lhe olhando até ela pronunciar que poderia começar naquele mesmo instante.


Beijei seu rosto e agradeci de coração a oportunidade, e comecei a organizar tudo.


O café era bem frequentado, pois ele servia lanches feitos com muito carinho e capricho e a clientela era fixa. Trabalhei o dia inteiro, atendendo os clientes no balcão, servindo mesas, recolhendo a louça, e quando vi o dia tinha acabado e eu estava satisfeita.


Cheguei à minha casa morta de cansada, mas feliz, adorava trabalhar, mesmo que isso possa não parecer, pelo meu histórico de temporários, mas eu não gostava era de ficar parada e prometi a mim mesma que iria dar o meu melhor para depois que a fábrica fosse aberta eu tivesse uma oportunidade de continuar no café.


Com o passar dos dias, o movimento do café estava aumentando, pois a fábrica estava em organização, sendo assim, muitos empregados contratados para essa organização paravam por ali para fazer suas refeições.


Até que ele apareceu. E eu só pensava em como chamar sua atenção, pois não iria trabalhar na fábrica então poderia ter a tão sonhada noite e não ter consequências.


Mas quando notei o outro homem que lhe acompanhava tive certeza que se não desse com o todo poderoso poderia ser aquele outro moreno gostoso.


Não me julguem estava sem sexo há bastante tempo e o Caio, como chamo meu querido vibrador, não estava mais suprindo todas as minhas necessidades.



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