Acordei sentindo meus olhos pesados, não queria acordar, queria dormir, mas o cheiro do corpo de Henrique estava em meu corpo, com muito custo me direcionei ao banheiro e tomei um banho demorado, lavando todo meu corpo como se precisasse tirar uma camada grossa de sujeira.
Quando estava descendo para a cozinha escutei minha mãe ao telefone com Ana.
- Bom dia. -Cumprimentei minha mãe assim que desligou o telefone.
- Bom dia filha, nós vamos passar o resto do final de semana na casa de campo de Ana, não quer aproveitar tua folga e ir com a gente? - o convite era tentador. Já fui muitas vezes à casa de campo de Ana, e lá tinha o Paulo, filho dos funcionários de Ana que sabia satisfazer uma mulher como ninguém, e sempre que ia até lá acabava me entregando a ele de uma forma maravilhosa, mas hoje mesmo tendo lembranças ótimas, o convite não me atraiu.
- Não mãe, obrigada! Agradeça a Ana e se se divirta com suas amigas, eu vou curar essa ressaca, e ficar por aqui mesmo.
Minha mãe me olhou por um momento, mas não disse nada, apenas beijou o topo de minha cabeça e saiu para arrumar suas coisas, pois logo iria pegar a estrada.
A manhã passou rápido. Tentei me envolver na música alta e fazer uma faxina geral, cantei, gritei e quando terminei tudo chorei.
Achei que não teria mais lágrimas, mas ledo engano, elas caíam na minha frente sem esforço algum.
Tentei entender porque chorava, mas não encontrei explicação, apenas sentia um vazio grande e a imagem dos olhos de Henrique que me deixava acabada.
O restante do dia se arrastou.
Lembrava-me de como foi intenso nosso sexo, a forma como ele falava em meu ouvido, como ele me tocava, mas quando o fogo acabou tudo desmoronou.
Não esperava que ele dissesse que tinha sentido algo a mais por ter transado comigo, como leio nos livros, nem queria que ele me prometesse amor eterno ou uma ligação pra outra rodada. Mas seus olhos, a maneira que me deixou sair do carro, me fez sentir uma pessoa inferior, como se eu tivesse apenas servido para satisfazer seus desejos e descartada como uma vadia.
Será que ele imaginou que transei com ele por causa da vaga na fábrica?
Será que ele achou que eu queria algo a mais com ele?
Poxa, tenho 30 anos, sei muito bem diferenciar sexo de romance, poderia ter dito que foi bom pra ele e me dado tchau e acabaria por ali.
Não sabia mais o que pensar. Quando passava das 11 horas resolvi me deitar e esperar o sono chegar, meu celular estava ao lado do travesseiro piscando.
Tinham duas chamadas. A primeira era de Marcelo, meu ex-namorado e amigo há anos. E a segunda era da Bruna, que além da ligação deixou uma mensagem de texto pedindo para ligar pra ela porque precisava conversar urgente comigo.
Senti meu corpo amolecer, será que ele falou algo para a Bruna e ela acha que também quero o emprego e acabei cedendo um sexo quente para o irmão?
Ou pior, ele pediu pra ela me procurar para dizer que não passava de sexo e que eu era como as outras que na primeira oportunidade abria as pernas para o poderoso.
Meu Deus e agora? Já era muito tarde para retornar, então decidi tentar dormir e amanhã resolver essa merda toda.
A noite parecia não ter fim, a última vez que olhei as horas eram 03h40min da madrugada, não sei quanto tempo depois o sono me consumiu me livrando dos meus pensamentos que envolviam Henrique e seu olhar.
Acordei com a campainha tocando, alguém insistente demais, pois não parava de tocar. Com muito esforço sai da cama para descobrir quem era o desesperado do outro lado da porta. Assim que abri entra uma Bruna como um foguete.
- Rafaela, seu celular está com problema?- perguntou com as mãos na cintura. - te liguei, mandei mensagem e nada da senhorita me retornar, tenho um assunto sério para conversar contigo. - e foi sentando no sofá enquanto eu no automático fechei a porta e me sentei a sua frende na poltrona.
- Meu irmão- suspirou e eu quase desmaiei- me deu a notícia, sei que ele queria falar com você assim como vai fazer com as outras-outras? Notícia? Safado, ordinário, eu aqui me preocupando com aquele olhar sendo que tem outras-, mas amiga não aguentei - continuou Bruna agora com um sorriso de orelha a orelha- você será a minha secretária- contou batendo palmas e dando gritinhos, e eu fiquei congelada no lugar, será que ele me contratou pelo que aconteceu? Meu Deus; não posso aceitar, mas eu preciso desse emprego. Notei que a ela me olhava, esperando alguma reação minha e a única que tive foi um choro descontrolado, que ultimamente estava fazendo parte da linha personalidade.
- Nossa Rafaela, não sabia que era tão importante essa vaga, se soubesse teria vindo ontem mesmo. Sei que nem deveria ser eu a te dar a notícia, pois como te falei; Henrique amanhã falará com todas as outras que serão contratadas, mas como gostei de você de cara queria eu te dar essa notícia. - falava enquanto me abraçava e eu chorava, de repente comecei a rir- as outras seriam as contratadas da fábrica não as que ele comeu. E rindo me abracei a Bruna e agradeci prometendo me dedicar ao máximo a essa oportunidade.
- Pelo amor de Deus Rafaela, pare de rir e vai escovar esses dentes, pois tá difícil. - literalmente gargalhei.
Se Henrique me deu o emprego pelo fato de termos transado na sexta à noite, não vou me importar, como Bruna mesmo disse, ele vai embora logo, e essa é a única oportunidade que tive na vida de me tornar uma pessoa independente e responsável.
Bruna passou o restante do dia comigo, me fazendo rir ao ponto de doer minha barriga, contando de sua noite com o loiro sarado e tatuado, descrição extremamente detalhada de minha nova amiga. E quando deitei em minha cama, prometi a mim mesma que não ficaria pensando o porquê da atitude de Henrique e pensaria apenas em aproveitar essa nova fase da minha vida. Pensando assim o sono chegou e levou minhas preocupações para a escuridão.
Meus queridos obrigada pelas leituras, comentários, e estrelinhas elas me fazem muito feliz...
Beijos e mais beijos
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ESSÊNCIA DA PAIXÃO.
ChickLitRafaela uma mulher de 30 anos, que mora com sua mãe na sua pequena cidade natal. Ela não cria perspectiva para uma nova vida, sem faculdade ou emprego fixo, vive um dia de cada vez da melhor forma possível. Henrique um homem responsável de 38 anos...