36- RAFAELA

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Meu corpo não conseguia acompanhar minha mente.

Casado.

Assassino.

Contrato.

Traído.

Meu amor.

Sim! Mesmo olhando para ele e sabendo de tudo eu ainda o amava, mas não tinha certeza que meu amor seria suficiente para encarar a realidade.

Henrique estava parado me olhando fixamente, me fazendo uma pergunta silenciosa, mas naquele momento eu não tinha a resposta.

- Eu vou deixá-la sozinha. - ele falou saindo do meu quarto.

Não sei o que passou por minha cabeça, mas levantei e o abracei. Jesus! Como era bom estar em seus braços, a segurança, o seu cheiro me faziam querer ser forte e encarar tudo isso para viver ao seu lado. Mas não poderia ser assim, eu precisava ter meus pensamentos coerentes nesse momento e em seus braços eu não teria.

- Eu, eu... Preciso pensar, muita coisa foi dita, eu preciso de um tempo. - tentei empurrar Henrique, mas foi em vão, ele segurou minha cintura com uma mão e com a outra mantinha minha cabeça inclinada e firme para me dar um beijo cheio de desejo, amor e promessa.

Quando nossos lábios se separaram eu estava ofegante, excitada, sentia seu pau duro em minha barriga.

- Pense, mas não me abandone, eu te quero demais de todas as formas. - ele pegou minha mão e colocou em seu coração que batia forte acelerado, e desceu ela até seu membro que pedia para sair, sim eu entendi o recado.

Só voltei a abrir os olhos quando a porta bateu e eu me senti novamente sozinha.

Meu corpo estava cansado, meus ossos doíam como se eu tivesse exposta ao frio de grandes geleiras. Mesmo com o sol a pino eu sentia frio, no corpo e na alma.

Deitei e me cobri, abracei meu travesseiro e ali fiquei repassando os momentos anteriores.

Eu estava em choque, não conseguia chorar, tinha a sensação que logo acordaria e tudo voltaria ao normal.

- Filha, dormindo ainda? -minha mãe falou, subindo as escadas. Poderia fechar os olhos e fingir que estava dormindo, mas essa não seria eu.

- Bom dia. - me virei para encarar minha mãe e suas sobrancelhas já estavam unidas, não tinha como uma mãe não saber que seu filho sofria ainda mais dona Selma, que além de mãe era uma grande amiga.

- Mãe; preciso... - então as lágrimas e a realidade vieram à tona. Joguei-me em seu colo e chorei até cansar, apenas sentindo o carinho em meus cabelos.

- Não chore! O que aconteceu? Conte-me.

Então contei tudo, e minha mãe apenas escutou perdendo o brilho em seus olhos.

- E agora mãe, o que eu faço? -dona Selma fechou os olhos suspirou fundo, como se sofresse tanto quanto eu.

- Minha filha, onde você foi se meter? Mas agora não adianta chorar, se você tivesse 18 anos ia dizer que logo ia passar que foi um erro e logo apareceria outro, mas nunca vi esses olhos assim, brilhantes quando contou como foi o encontro, os beijos e não posso negar o homem tem pegada.

Rimos juntas, minha mãe falava que eu era doida como meu pai, mas acho que sou doida e safada como ela. Isso é hora de fazer esse comentário?

Dona Selma levantou, olhou as fotos que estavam sobre a cômoda, sorriu, pegou a que tinha o meu pai e beijou, com os olhos fechados, ela sempre iria amá-lo.

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