23- HENRIQUE

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HENRIQUE

Quando nossas respirações estavam normalizadas, resolvi sair de dentro da Rafaela e colocar minha cabeça em ordem.

Notei que ela não estava realmente dormindo, quando eu esbarrei na cadeira atrás de mim e soltei um palavrão, baixo, pois queria que a minha luz descansasse, mas a safada estava fingindo, e o seu tímido levantar de lábios me avisou de sua farsa.

Ela estava rindo de mim? Rafaela está brincando com fogo.

Vi sua bolsa no chão e carreguei comigo para o banheiro, não ia mexer em suas coisas novamente, apenas queria garantir que ela não sairia da minha sala até eu voltar.

Olhei-me no espelho e vi o Henrique que estava morto há muito tempo, e a sua ressurreição estava ali na minha sala, nua, linda, satisfeita, minha luz.

Não queria acabar com aquele momento, queria mais de Rafaela, queria tudo que ela pudesse dar a mim. Mas eu precisava contar tudo sobre meu casamento, o acordo, o prazo e principalmente meus sentimentos.

Essa conversa não poderia ser adiada. Seria hoje.

Escutei a movimentação em minha sala e resolvi ir ao encontro da minha salvadora, mas ela estava com a mão na fechadura da porta.

Ela ia me deixar? Ela não poderia fazer isso comigo, não antes de eu falar sobre meus sentimentos, sobre o quanto ela me faz bem.

- Fugindo de mim? -perguntei em seu ouvido enquanto colava meu corpo ao seu, por trás, ela soltou a maçaneta, mas nada me respondeu. Meu coração se apertou com a possibilidade da resposta.

- Responda Rafaela, você ia fugir de mim? -falei firme, mas não me sentia assim, parecia que a qualquer momento eu ia perder Rafaela, e voltaria a ficar no escuro.

Então, minha luz começou a chorar e aos poucos a escuridão foi se aproximando me deixando desesperado, eu não queria ficar no escuro, eu queria a luz minha luz, minha Rafaela.

- O que foi Rafa? O que aconteceu? Por que está chorando, minha luz? - minha voz foi apenas um sussurro desesperado.

- Preciso falar - não escute, gritava meu cérebro. Eu estava perdendo-a, e quando começou a se afastar a escuridão já tinha me possuído.

- Não sei o que você vai pensar ou já pensa de mim, mas eu preciso dizer que foi o melhor sexo da minha vida. - sorri de leve, mesmo sem alegria apenas porque tinha sido o meu melhor também- E que eu sei separar tudo: sexo, serviço, amizade, mas quero dizer que nunca me senti assim, como estou agora, e não quero estragar isso, mas eu acho que me apaixonei por você. - demorei a entender, eu quase pedi para Rafaela me beliscar, só poderia ser um sonho.

Ela estava apaixonada? Sim ela estava, e a escuridão desapareceu completamente, agora eu sou precisava falar toda a verdade e pedir seu apoio, nada iria me deixar afastado da minha luz. Respirei fundo tentando acalmar minhas emoções. Mas elas estavam em festa dentro do meu corpo.

- Dorme comigo no hotel? Preciso conversar com você, eu também estou confuso com os sentimentos que você me faz sentir, mas eu preciso te contar tudo antes. Não quero te enganar, e não quero te perder.

Ela apenas acenou com a cabeça e eu não perdi mais tempo.

Saímos da fábrica de mãos dadas. Nada naquele momento me faria largar sua mão, durante o caminho apenas a música When i was your man – Bruno Mars, preenchia o carro. Vi que Rafaela mandou uma mensagem de texto e logo depois desligou seu celular. Ela também queria viver aquele momento apenas nos dois.

- Quando peguei na mão de Rafaela para ajudá-la a descer do carro, notei que ela estava tensa, mas seus olhos estavam brilhantes, e apenas isso bastava para me tranquilizar.

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