19- HENRIQUE

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HENRIQUE



Depois que Andréia foi para o quarto me tranquei no escritório.


Eu me sentia sufocado, morto por dentro. No dia que entrei naquele quarto eu acabei com a vida de nós três, e meu sogro pensou só nele e em sua carreira quando propôs o maldito contrato.


Na época estava tão perdido que achei que fosse a melhor forma de preservar nós três, mas não foi assim, eu me tornei frio, amargo e sem vida, Andréia sumiu por um ano e quando voltou me evitava sempre que possível, só tínhamos contato quando precisávamos representar para a família ou sociedade que éramos o casal perfeito.


Mas ela mudou e também não era mais a mesma, ela me fez sofrer com cada palavra, com cada olhar de ódio que me dirigia e assim eu me afundava mais e mais.


No início me perdi totalmente, aquele casamento perfeito acabou da noite para o dia e eu me joguei na bebida e em prostitutas que usava para aliviar principalmente minhas lembranças.


Escutei a porta sendo aberta e Bruna com uma cara cansada entrar.


Permaneci de cabeça baixa enquanto Bruna se aproximava. Ela não precisava ver meu olhar morto, vazio.


- Mano, não vou ficar nesse apartamento com aquela mulher aqui, já liguei para o Rodrigo, vamos dividir um apartamento, mas enquanto não encontrarmos um que nos agrade ficarei no hotel.


Não tive forças para pedir que Bruna ficasse. Minha irmã precisava de ar puro, de alegria, de amor e aqui ela não encontraria isso, não enquanto eu e Andreia continuássemos nesse casamento nos consumindo.


Bruna me abraçou forte.


- Henrique, saiba que te amo e sempre vou te amar, nada nem ninguém mudará isso.


Um nó se formou em minha garganta, queria poder chorar em seus braços e contar toda a verdade, e se eu fizesse isso Bruna não me perdoaria, me acusaria como Andréia faz, mas eu não suportaria ser rejeitado dessa forma, por minha única irmã.


- Escutei o barulho da porta fechando e sabia que agora éramos somente Andréia e eu.


Não lembro a hora que fui dormir, só lembro-me de chegar arrastado ao quarto que antes era ocupado por minha irmã.


Acordei com minha cabeça pesada pela garrafa de uísque que tomei no escritório, que de nada adiantou para aliviar minha consciência, apenas fez eu me sentir pior.


Entrei em meu quarto e Andréia dormia profundamente, na mesinha ao lado da cama tinha uma caixa de remédios que conhecia muito bem, pois muitas noites eu recorri a eles para me desligar do mundo e dormir sem pesadelos.


Peguei minha roupa, voltei para o quarto que dormi, tomei um banho rápido e fui para fábrica ocupar minha cabeça.

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