Rafaela
Olhei ao redor e constatei que estava no estoque do restaurante. Corri para a porta por onde Henrique tinha passado e tranquei.
Meu peito doía de tanto choro acumulado, mas eu não iria sair chorando do restaurante.
Coloquei minha roupa sentindo a essência de Henrique por todo meu corpo.
Se ele pensa que eu sou um cachorro que ele diz que é dele, mas não cuida, está muito enganado.
Adoro sexo, e não estou me sentindo suja ou usada. Eu queria e sempre vou querer mais com ele, mas as coisas agora seriam diferentes, chega de choro e drama, hora de mostrar para Henrique quem era a verdadeira Rafaela.
Coloquei minha roupa e a maldita da calcinha eu não encontrava. Quase arranquei meus cabelos quando a resposta para o sumiço da minha calcinha surgiu em minha mente: HENRIQUE.
Saí de fininho, apenas mandei uma mensagem para Marcelo levar minha bolsa depois, que estava na mesa.
Precisava de um bom banho, me livrar do seu cheiro e ir à luta. Se ele pensava que ia chegar, falar, agir e me descartar estava muito enganado. A ideia de vingança me pareceu uma ótima solução.
Quando cheguei à minha casa já fui tirando a roupa pelo caminho mesmo, meu corpo precisava relaxar, tomar um banho com um jato quente e forte de água.
A água levou tudo e principalmente minha coragem, fiquei ali refletindo o que tinha sido a minha vida nesses últimos dias, se eu realmente estava passando por isso, ou se tudo não passava de uma mistura de sonho e pesadelo.
Saí do banheiro com uma bola na garganta quase me sufocando, me atirei na cama vestida apenas de um pijama curto e a toalha nos cabelos, enterrei minha cabeça no travesseiro chorei, me permitindo novamente a liberar todas as minhas frustrações e toda a minha mágoa em lágrimas.
Tudo seria mais fácil se conseguíssemos dialogar, mas ele não cala aquela maldita boca gostosa. Eu o queria para mim, mas não da forma como as coisas estavam se desenvolvendo.
Eu queria conversar, saber de seu passado e deixar claro que não sou mais criança, que não fico na corda bamba, se quero eu encaro enfrento, me dou por completo. Se ele não for assim, eu tentaria entender, respeitar e principalmente, o amar do jeito que ele for; só precisava conseguir deixar ele mudo e poder falar. Coisa que a família Jung não tinha muito costume de fazer. Sorri, lembrando o quantos irmãos eram parecidos.
- Achei você, fujona! -Marcelo entra no meu quarto sacudindo minha bolsa em uma das mãos e na outra tinha uma sacola da cafeteria da Dona Jurema o cheiro de bolo entrou no meu quarto, fazendo minha mente parar de pensar no Henrique e agradecer ao amigo mais amado do mundo, que o idiota pensou que fosse meu namorado.
- Tá chorando por quê? Foi tão ruim o sexo no banheiro? - arregalei os olhos de tal forma que achei que eles iriam sair quicando pelo quarto.
- Não faça essa cara de susto, ou acha que não vi o clima tenso entre você e o Henrique, e os olhares assassinos que ele dirigia a mim? Só se eu fosse muito cego pra não notar.
Caí novamente na cama e coloquei o travesseiro no meu rosto, não tinha mais como esconder, e eu iria contar de qualquer forma, mas antes quando eu resolvi contar e a Bruna nos interrompeu, nós estávamos juntos e felizes, mas agora não passou nem um dia e eu já não tinha mais Henrique ao meu lado.
- Nem foi no banheiro, foi no depósito. - vi meu amigo abrir aquele sorriso lindo que só ele tinha e deitar ao meu lado, como fazia quando éramos adolescentes e precisávamos desabafar.
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ESSÊNCIA DA PAIXÃO.
ChickLitRafaela uma mulher de 30 anos, que mora com sua mãe na sua pequena cidade natal. Ela não cria perspectiva para uma nova vida, sem faculdade ou emprego fixo, vive um dia de cada vez da melhor forma possível. Henrique um homem responsável de 38 anos...