31- HENRIQUE

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Saí do restaurante sem destino, meu coração estava acelerado e minha mente estava fervilhando, eu não me reconhecia, perdi o controle, a noção das coisas.

Sentei-me na praça e fiquei observando as pessoas. Casais felizes, alguns com seus filhos e cachorros, crianças correndo, homens e mulheres conversando tranquilamente, e eu aqui, sentado sozinho, sem saber como agir.

Não sei quanto tempo se passou enquanto eu ficava ali observando a felicidade alheia, só voltei à realidade quando meu telefone tocou.

- Fala Rodrigo.

- E aí primo, o que anda aprontando?

- Nada. - eu não, mas a Rafaela sim; pensei.

- Estou chegando à cidade, vamos sair pra beber algo?

- Vamos estou precisando.

- Nossa!!! Deve estar precisando mesmo, que aceitou de primeira.

- Estou. -Respondi seco;

- Te ligo quando estiver pronto. E calma, vamos resolver juntos o que for. Abraços. -Meu primo era o melhor amigo que eu tinha, e o único, ele saberia realmente me ajudar com a situação toda.

Ainda fiquei por um bom tempo sentado até que notei o parque se esvaziar e o sol começar a se despedir, era a hora de voltar para casa.

- Nossa, Henrique, você demorou. Temos visita. - A voz de Andreia me surpreendeu assim que entrei no apartamento. E a visita, só poderia ser uma pessoa. Meu sogro César.

- Meu pai está aqui, já me perguntou de você várias vezes .- Bingo tudo o que eu não precisava ;bufei.

Não respondi, apenas segui para meu quarto, e quando abri a porta meu sogro estava saindo do banho.

- Não se bate mais na porta?

César era um homem conservado para sua idade, era um político importante, que não tinha limites quando o assunto era sua carreira promissora. Era um articulador, mas hoje eu sabia jogar o mesmo jogo que ele, pena que não soube fazer isso anteriormente por mim e por Andréia.

- Não sabia que você estava aqui.

- Onde mais eu estaria? Minha filha ficou doente, fiquei sabendo pela enfermeira quando liguei ontem e ela que atendeu ao telefone, já que Andréia estava dopada e dormindo. - suspirei tentando controlar minha vontade de esmagar seu pescoço.- Então vai ser assim Henrique, você vai drogar minha filha para manter tudo ao seu controle? Se você achou mesmo que eu ia permitir isso está muito enganado.

- Já conversou com sua filha? -não esperei sua resposta.- ela teve um surto acredita que o Pedro está vivo.

Vi seus olhos se perderem no tempo, mas foi rápido demais para qualquer conclusão.

- Andréia está dopada, como você quer que eu fale com ela? Eu perguntei de você, que é o responsável por ela e não estava em casa.

Não respondi, apenas virei de costas e saí do quarto. Não queria entrar nessa discussão agora.

Andréia estava parada no corredor e fez um sinal para acompanhá-la. Mesmo sem vontade eu a segui.

Entramos no meu antigo quarto que estava novamente com minhas coisas, mas graças a Deus o seu perfume não estava no ar.

- Ele disse que vai ficar aqui na sua casa, e só temos o outro quarto, então trouxe suas roupas para cá.

- Vou dormir no escritório. -falei firme, não queria imaginar eu dormindo no mesmo quarto que Andréia novamente.

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