22- RAFAELA

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RAFAELA 

Estou até agora tentando absorver tudo que aconteceu nessa sala desde a hora que entrei.

Oh, meu santinho protetor das solteironas, o que é esse homem? Sinceramente, não consegui entender muita coisa, só sentir.

Fiquei nervosa quando notei a cara de mal do Henrique. Adorava aquela cara, e por pior que fosse acontecer ali não me importava, já estava extremamente excitada.

Quando Henrique me tomou para si, eu fiquei perdida em sensações, nada mais me pertencia, a forma como me segurava, me beijava, e as sacanagens que falava ao meu ouvido... Nossa!

Não tenho palavras para descrever.

Agora estou aqui me recuperando do último orgasmo e por mais perfeito que foi não quero encarar seus olhos.

Sinto Henrique voltar ao normal com a respiração e sair de dentro de mim e nesse momento, um frio percorre todo o meu corpo.

Medo, sim esse frio tinha nome: MEDO.

Eu não tinha forças para levantar e encará-lo, então fiquei ali, atirada na mesa de olhos fechados imaginando como sair dali sem me quebrar.

Não estava me importando se eu estava bonita, feia, ridícula, eu só me importava em sair com memorias ótimas dessa mesa, desse homem.

Escutei Henrique fechar o zíper de sua calça e bater em algo que acredito eu ser a cadeira.

-Ai. Merda! -ele estava falando tão baixo, que quase não escutei, deve imaginado que eu estava dormindo.

Apenas abri os olhos quando escutei a porta do banheiro sendo fechada. Henrique tinha me deixado sozinha na sala. Era a minha oportunidade de sair inteira dessa situação.

Olhei ao redor, tudo ali parecia confuso, eu naquela mesa, minhas roupas no sofá, meu sapato em um canto, e o nosso cheiro no ar.

Suspirei fundo absorvendo tudo que eu poderia levar do nosso cheiro em minha memória. Eu queria ter tudo armazenado dentro de mim, tudo foi perfeito e queria reviver esse momento muitas vezes em meus pensamentos.

Levantei-me e comecei a me vestir, quando coloquei os sapatos olhei para a mesa e sorri, minha fantasia foi realizada. Vou começar a fantasiar sempre.

Pronto! Hora de partir. Amanhã voltaria ao meu treinamento, e nada mudaria, somos adultos e fim da história.

Que fim da história nada, eu estava enganando a quem? Nem a mim mesma.

Queria que eu realmente fosse sua e ele meu. Queria descobrir por que estava de olhos fechados escutando aquela linda música. Ele parecia tão vulnerável.

Queria beijar aquela boca até eu não sentir mais forças, então eu ficaria em seus braços para ser protegida.

É muita imaginação pra pouca verdade. Dói tanto. Claro, o sexo foi maravilhoso, mas eu queria muito mais dele.

CHEGA Rafaela!! Vai pra casa e lá você pensa em tudo isso. Agora vá. Mandou minha cabeça.

Vá, simples assim, enquanto eu estou aqui divagando comigo mesma estou procurando desesperadamente minha bolsa que parece ter virado pó. EU QUERO MINHA BOLSA.

Desisto. Não vou ficar procurando, espero minha mãe chegar para entrar em casa, ou vou ao mercado e pego sua chave. Isso. Pronto, assunto resolvido.

- Fugindo de mim? - não podia ser verdade. Braços fortes me puxando para trás e sua boca colada em meu ouvido e sua respiração arrepiando meu corpo todo. Virei uma depravada, eu já está excitada novamente.

Minha mão saiu da maçaneta da porta e foi se juntar ao meu corpo de gelatina, pois estava sem comando algum, senti seus braços se apertarem mais ao meu redor e o sentimento de segurança que aquele homem me transmitia era maravilhoso.

- Responda Rafaela, você ia fugir de mim? -Responde sua tonta, respira fundo, vai, no três, UM, DOIS, huuum que cheiro, nossa era o cheiro de seu corpo, sem perfume, sem loção pós-barba, nada, só seu cheiro mais puro.

Onde eu parei de contar mesmo? Azar, não quero responder. Só sentir.

Henrique me virou de frente a ele e meus olhos ficaram fixos em sua boca, não queria ver seus olhos, eu estava apavorada.

Henrique deve ter notado que eu fiquei tensa e me apertando mais para si levantou meu rosto, com uma mão.

É eu estava literalmente ferrada.

Ele estava me olhando com amor, não Rafaela, vamos novamente, ele estava me olhando com paixão, não paixão também não, com carinho, isso os seus olhos transmitiam carinho. Eles estavam brilhantes, alegres, vivos e ele parecia feliz, mais até de quando me mostrou a fábrica.

Eu me emocionei com aquele olhar, senti-me especial, honrada em receber aquele olhar.

Meus olhos se encheram de lágrimas e fui vendo o olhar, então feliz, se tornar um olhar de preocupação.

- O que foi Rafa? O que aconteceu? Por que está chorando minha luz?

Só podia ser alguma disfunção hormonal, essa seria a única explicação lógica para eu abraçar Henrique e chorar até soluçar.

Por que me chamar de minha luz? Por que me fazer me sentir especial?

Sim, agora eu confirmei, eu Rafaela Oliveira, com 30 anos consegui me apaixonar em menos de um mês e claro, tinha que ser pelo gostoso, rico e meu chefe.

Henrique me consolava, estávamos abraçados como se o mundo fosse acabar, fui me acalmando aos poucos em seus braços.

- Preciso falar-me afastei um passo de Henrique, e ele me olhava sério, confuso. - não sei o que você vai pensar ou já pensa de mim, mas eu preciso dizer que foi o melhor sexo da minha vida -o convencido sorriu de lado, lindo - e que sei separar tudo, sexo, serviço, amizade, e também quero dizer que nunca me senti assim, como estou agora, e eu não quero estragar isso, então - suspirei- acho que me apaixonei por você. - Silêncio. Silêncio. Suspiro fundo, e um puxão e aí, que beijo é esse?

Quando estávamos quase sem ar, Henrique encostou a sua testa na minha e de olhos fechados ficamos um sugando a respiração do outro.

- Dorme comigo no hotel? Preciso conversar com você, eu também estou confuso com os sentimentos que você me faz sentir, mas eu preciso te contar tudo antes. Não quero te enganar, e não quero te perder.

Parou de rodar? Sim fiquei tonta. Ele estava confuso, sentimentos, hotel, eu e ele.

Apenas concordei com a cabeça e ele me entregou minha bolsa e saímos de mãos dadas nos olhando como adolescentes apaixonados.

Só não entendi de onde saiu minha bolsa, mas não ia ficar pensando nisso, pois tinha mais o que fazer.

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