20- RAFAELA

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RAFAELA

Que dor! Um simples café fez um belo estrago, e o pior era minha mãe rindo de mim quando eu contei tudo.

Tentei ligar para Bruna, mas ela não atendeu. Então teria que esperar até o outro dia para saber que história era aquela de rapazes.

Acordei bem melhor, mas minha cama era só pomada, devo ter me revirado a noite toda, pois estava tudo um melado só.

Depois de me arrumar e passar a pomada; fui para a fábrica.

Meu coração estava agitado com o simples pensamento de ver Henrique.

Cheguei cedo, e antes de subir fui em direção a Tatiane.

- Bom dia.

- Bom dia, Rafaela. Achei que nem viria hoje. Fiquei sabendo que teve um incidente e acabou se queimando.

- Sim, ainda dói um pouco, mas não tem porque não vir, preciso me preparar muito para não deixar nada a desejar no meu cargo. Essa vaga é muito importante pra mim. - Tatiane sorriu e nada acrescentou e eu então me dirigi ao elevador.

Não encontrei ninguém no caminho todo, parecia que não havia ninguém. Olhei em meu relógio e sorri. Eu estava com vinte minutos adiantados, meu chefe ficaria orgulhoso.

Quando me aproximei da porta da sala de Henrique escutei uma música baixa, mas não reconheci e tão pouco entendia o que aquela linda voz estava falando, mas ela me deixou com o coração cheio de amor.

Nada poderia me preparar para a cena que eu encontrei: Henrique estava de olhos fechados, com a cadeira reclinada, sua barba por fazer, suas sobrancelhas estavam curvadas como se a música que tocava o fizesse ficar confuso ou com raiva.

Não aguentei a vontade de passar a mão naquela barba e quando vi estava ao seu lado. Agradeci pela minha escolha de uma sapatilha, ela não despertou meu deus grego de seus pensamentos ou sonhos, não consegui distinguir.

Minhas mãos coçavam para tocar aquele rosto másculo e desvendar o porquê daquelas sobrancelhas franzidas, e sendo a Rafaela sem noção, toquei em sua barba de leve.

Amor, intensidade, frio, calor, medo.

Sim, foram exatamente nessa ordem os sentimentos que senti ao tocar aquela barba por fazer enquanto Henrique abria os olhos e fixava nos meus.

Puxei minha mão rápido; com medo do que ele poderia pensar de meu ato.

- Não, não pare. - Henrique pronunciou quase num sussurro e pegou minha mão e colocou em seu rosto voltando a fechar os olhos.

Meu coração sairia pela boca se eu pronunciasse qualquer palavra, ele estava em um ritmo alucinante.

Queria fechar meus olhos também, pois a sensação que senti foi de amor, sim amor, algo tão puro que fez meus olhos arderem com lágrimas que se formaram ali.

Henrique suspirava forte e eu com minha mão trêmula eu desenhei todo seu rosto. Comecei por suas sobrancelhas que foram suavizando aos poucos, passei meus dedos em seu nariz perfeito, passei a mão em seu rosto e sua barba fazia meu corpo se arrepiar todo. A intensidade era tanta que eu sentia meus cabelos levantar. E num ato mais audacioso, desenhei seus lábios lindos, que eu queria muito beijar para tentar transmitir aquela montanha de sentimentos que em palavras não teria como.

Henrique num ato rápido segurou meu pulso me assustando.

- Rafaela qual é o seu segredo? Queria poder engarrafar essa sensação que estou sentindo para usar quando a escuridão me atinge.

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