21- HENRIQUE

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HENRIQUE

Depois que deixei Rafaela em casa, fui até o café onde ela trabalhava, já estava tarde para ir à fábrica e não queria ver Andréia.

Saí do café quando começaram a fechar, era perto das 10 da noite. Quando cheguei ao meu apartamento Andréia já estava dormindo e tudo estava uma bagunça, mas dessa vez seu perfume não estava presente.

Quando fui pegar minha roupa no meu quarto, vi que Andréia dormia profundamente, e não era para menos, pois surgiu mais uma caixa de remédios ao lado da outra que notei na noite passada.

Sentei ao lado da cama, alisei seus cabelos, e a tristeza me agarrou. Eu destruí nossas vidas, mas pelo menos eu me agarrei ao que mais amava fazer, trabalhar, e tentei não aprofundar nas memórias. E Andréia? Aquela moça que me encantou cheia de vida não existia mais, ela se perdeu e eu não sabia como ajudá-la, e quanto mais a dor nos consumia, mais nos desatestávamos. Ela por me culpar e eu por não ter sido forte para encarar meus atos e assim deixa-la livre pra viver.

Levantei da cama e fui para o quarto de Bruna, que agora era mais meu do que dela.

Depois de um banho, adormeci pensando em Rafaela. Precisava me afastar, mas não conseguia e cada vez que lembrava que ela iria sair com rapazes se não tivesse se queimado, meu lado irracional tomava conta do meu ser. Tinha vontade era de amarrar Rafaela só para mim, mas isso era impossível.

Acordei, estava escuro, mas os gritos de Andréia me fizeram despertar e correr até o seu quarto.

Andreia estava gritando, ela estava tendo um pesadelo.

- Não me deixe meu amor, não morra. - foi como se eu tivesse morrido com aquela frase. Ela estava sonhando com ele. E a culpa era minha.

Tentei acordar Andréia chamando seu nome, mas ela não acordava e se debatia então a sacudi até ela acordar e me abraçar, só louvando e chorando. Apenas retribui o abraço, e naquele momento só queria que a dor dela fosse transmitida toda pra mim, pois isso tudo era minha culpa.

- Por que Henrique, por quê? -Eu não tinha essa resposta, eu mesmo me faço essa pergunta todos os dias, por quê?

Fiquei ali até que Andréia se acalmou, então ela me encarou. Seus olhos estavam vazios, sem brilho.

- Henrique; não aguento mais isso. Esse acordo e esse vazio. Não tenho mais forças. Tudo acabou naquele dia, eu iria te contar tudo quando você voltasse de viagem, eu juro, não aguentava mais ser uma atriz para você, não iria mais seguir as ordens do meu pai, eu precisava ser feliz, mas aí você, como sempre, resolveu me surpreender e acabou com a minha vida. - sim eu queria fazer uma surpresa para Andréia, e não ser surpreendido.

Ela secou suas lágrimas com as mãos e quando me olhou novamente me assustei, os olhos antes tão vazios estavam repletos de ódio, me afastei não por medo, mas pela sensação que aquele olhar me passou, eu era a causa dessa dele.

- Saia do meu quarto Henrique, SAIA! -Ela gritou se levantando e abrindo a porta, apenas baixei minha cabeça e saí.

Não consegui mais dormir no restante da noite, quando o dia clareou fui para a fábrica.

Mesmo sabendo que não poderia envolver Rafaela em minha vida eu só conseguia pensar em seu sorriso, seus beijos, sua entrega ao meu toque, eu precisava estar ao seu lado para amenizar um pouco meu coração.

Entrei em minha sala, liguei o som e coloquei para repetir. All of me do John Legend embalava meus pensamentos e de olhos fechados fiquei ali desejando que tudo fosse diferente, que eu pudesse reivindicar Rafaela para mim, apenas para mim. Eu queria tudo dela e principalmente que ela me guiasse para a luz.

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