Capitulo 10

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Sigo reto e paro bem a frente da porta fechada, esta possui uma pequena placa escrito "Biblioteca 1" giro a maçaneta, DROGA, está trancada. Olho para o corredor que segue para a minha direita e este leva a uma abertura, estou longe, mas consigo ver claramente que no centro do lugar a uma piscina. Ando lentamente, me aproximando aos poucos enquanto deslizo os dedos sobre a tinta da parede a minha esquerda. O chão agora é coberto por um deck permeável e este contornava a grande piscina. Aqui não há um teto, então consigo ver claramente o céu azul com poucas nuvens brancas.

— Encontrei você — a voz de Bety ecoou em minhas costas.
— Ah, Olá de novo. Eu estava te procurando.
— Minhas tarefas são nos andares de cima, sempre que quiser me ver é só procurar por lá. Mas tome cuidado para não se perder, já que ainda é nova por aqui.
— Piscina bonita — fixei meus olhos na água transparente que refletia o azul dos azulejos.
— Está pensando em entrar?
— O que? Eu? Não — sorrio — nem sei se posso. Por aqui tudo parece precisar de permissão, ou melhor, de níveis.
— Então Morgana te explicou.
— Pode se dizer que sim.
— Se quer ganhar pontos, eu aconselho retirar esse vestido branco.

— Por que ele não gosta desta cor? — deslizo os dedos sobre o tecido.
— Isso eu não vou saber te dizer. Mas eu tenho certeza que retirei todas as roupas dessa cor na noite passada. Eu não costumo cometer esse tipo de erro — ela franziu a testa enquanto seus olhos permaneciam vidrados no vestido — peguei peça por peça e seria impossível não vê-la entre as demais.
— Deslizes acontecem.
— É,  você está certa. Mas trate de tira-lo o mais rápido possível antes que o patrão volte.
— Então, o que eu faço agora? Morgana disse que eu terei aulas.
— Sim, devem começar semana que vem. Sendo assim você terá bastante tempo para explorar o lugar, conhecer os funcionários e se familiarizar com eles.
— Explorar. Gostei disso.

— Foi só o que escutou? — ela sorriu enquanto balançava a cabeça negativamente.
— Sim.
— Enfim, venha, vou te mostrar os arredores da mansão antes de você subir para tirar o vestido.
— Sério? — falei mais alto do que pretendia.
— Sim, quero que veja nosso jardim.
— Mas e se ele estiver por ai?
— Quem? O patrão?
— Sim — Não sei como reagir a outro encontro. Não gosto nem da ideia de pensar em agrada-lo. Sinto meu sangue ferver.
— Não se preocupe, ele teve que sair e só deve voltar ao anoitecer.
— Hein? Quem disse que estou preocupada? — tento disfarçar, mas é óbvio que estou. Metade do meu corpo quer desafiar tudo aquilo mas a outra teme pelas consequências.

— Então vamos — fazemos o caminho de volta a área de recepção e passamos pela porta principal. Enfim chegou a hora de conhecer o cenário do lado de fora.
Ao cruzar a porta, um clarão invade meus olhos e sou obrigada a piscar freneticamente até adaptar minha visão a luz do dia. A alguns metros vejo um lindo chafariz rodeado por alguns pequenos arbustos em formato de animais. Há um pequeno caminho pavimentado que contorna o chafariz e segue mais a frente, levando até o enorme portão de grades negras vigiadas por dois seguranças. Os muros que contornam a mansão são mesmo enormes, como um forte.

Pelas grades do portão consigo ver uma estrada reta que segue entre centenas de árvores. Uma floresta? Estou em uma mansão no meio de uma floresta? No meio do nada? Se esse for o caso, um dos meus planos antigos de fuga acaba de tornara-se inútil diante  dessa nova informação. Eu precisaria de um veículo para conseguir escapar das mãos asquerosas do diabo. Falando em veículos, desvio o olhar para a direita onde vejo um pequeno estacionamento com capacidade para quatro carros, mas está sendo ocupado apenas por dois veículos negros, assim como as vestes dos seguranças.

— É bonito, não é mesmo? — pergunta Bety encarando o chafariz.
— Sim, muito — respondo, mas ainda analisando tudo a minha volta. Tudo tão lindo, a arquitetura do lugar é impecável. Diferente de seu dono.
— Mas quero que veja outra coisa, venha — ela segue para a direita e aos poucos vamos contornando a mansão, até chegar em um portinhola de grades. Ela o abre e entramos em um Jardim repleto de cores. Começamos a andar pela trilha de terra que segue entre as variedades de plantas e flores, o cheiro é inexplicável, é como voltar a infância. Não resisto e deslizo os dedos sobre as pétalas rosadas de algumas rosas.

— Quer saber de uma coisa — falo, enquanto retiro meus calçados para que meus pés entrem em contato direto com a terra marrom do chão. Movimento meus dedos sentindo-a como uma criança em um parquinho.
— Venha, mais a frente tem algo que você vai gostar — continuo seguindo-a entre o show de cores e odores. Fazemos uma curva para a esquerda e me surpreendo ao ver mais ao fundo uma área verde aberta com uma enorme árvore no centro. Mas não é só isso, existe uma casa no topo da árvore, se misturando aos galhos e fazendo deles uma grande decoração.

— Meu Deus — balanço as mãos como se tivesse acabado de segurar algo muito quente — uma casa na árvore. UMA CASA NA ÁRVORE — Estou agitada e minha voz soa como uma cigarra. Próximo a árvore vejo dois balanços, alguns banquinhos de madeira e todo o muro que contorna o local é coberto por heras inglesas. Este lugar, eu quero tudo para mim.
— Sabia que ia gostar.
— Eu posso subir na casa?
— Pode.
— Sério? Sem restrições de níveis?
— Sem restrições de níveis — Bety sorri, mas logo volta a ficar séria — preciso te dizer algo. Algo que precisa ser dito longe dos holofotes, se é que me entende.
Meu coração acelera, o que será desta vez?
— Mais problemas? — pergunto, voltando ao meu estado normal.
— Soluções, Eu diria. Você conhece a história de Adão e Eva, certo?
— Todos conhecem. Creio eu.
— Bem, a serpente adentrou no Jardim e causou a queda da humanidade após seduzir a segunda mulher. Após isso, a serpente foi amaldiçoada e proibida de chegar perto daquele Jardim, assim como os homens.
— Vai me dizer que este Jardim é aquele Jardim? O do Éden?

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