Será que alguém fora do meu antigo trabalho sentiu a minha falta? Alguém notou que eu desapareci? Acho que não, eu era bem anônima em meio a tudo aquilo, quase não dialogava com ninguém e mal saía sem ser para trabalhar. Saio do quarto e ando pelos corredores bem iluminados, não preciso mais usar o mapa do Tablet, decorei cada cômodo, corredor e porta trancada desta mansão. Isso pode ser considerado uma evolução, deviam me dar pontos por isso. Chego na sala de jantar mas ela está vazia, tirando os cozinheiros, claro.
— Onde estão todos? Ninguém vai jantar hoje? — pergunto aproximando-me do balcão.
— Olá senhorita — o pai de Horrrania vem até mim — Recebemos ordens para levar o jantar para a sala de estar.
Então era isso, eles iriam jantar na sala, o que estavam aprontando agora? Saio dali e sigo para o local de destino, chegando lá avisto Horrania, Lúcifer, Pacto e Morgana. Por que ela estava ali? Ela mesma disse que só nós veríamos no próximo fim de semana.
— Oi tia Kaila — como sempre Horrania me chamando de tia, nem sou tão velha assim.
— Kaila, boa noite — Morgana se levanta — só queria ver você antes de ir.
— Já vai?
— Sim, eu só passei para te trazer aquilo — ela apontou para Lúcifer e este segurava um pergaminho enrolado em suas mãos. Eu reconheceria aquele pergaminho a milhões de quilômetros, era o mesmo que eu havia assinado naquela noite.
— Não vai ficar para o jantar? — pergunto.
— Não, tenho algumas coisas para resolver ainda está noite. Se cuide.
Ela passa por mim e dá dois tapinhas nas minhas costas antes de seguir seu caminho.
— Olha tia Kaila — Horrania veio correndo até mim enquanto segurava um boneco e uma boneca de pano — este é o tio Lúcifer — ela ergueu um dos bonecos, este usava um terno — e esta é a senhora — em seguida ergueu a boneca que usava um vestido rosa e tinha um sorriso assustador. Será que era assim que ela me via? Era até engraçado.
— Quem te deu esses brinquedos?
— Morgana, ela me deu. — Horrania voltou a se sentar no chão e eu voltei a minha atenção para o diabo, que ainda segurava o meu contrato.
— Já pode me devolver — andei até ele e como eu estava de pé, ele teve que me olhar de baixo.
— Não seja tão apressada. Sente-se.
— Primeiro me devolva — estendi a mão para pegar mas ele desviou.
— Não seja uma ogra, se é que consegue. Sente-se e espere o jantar como uma boa garota.
— Me dê logo — tentei agarrar o pergaminho e acabei caindo sobre ele no sofá. Os meus peitos ficaram bem na cara do diabo, por que essas coisas só acontecem comigo? Eu devo ter muita pouca sorte mesmo.
— Pare com isso Kaila, tem crianças na sala. Pare de ficar de oferecendo assim para mim. Controle o seu fogo — ele zombou mas aproveitei a brecha e puxei o contrato de sua mão. Em seguida rolei para o lado.
— Como se eu fosse me oferecer pra alguém como você.
— Vocês vão fazer sexo? — Horrania perguntou, gelando a minha barriga e chamando a nossa atenção. E menina ainda segurava os bonecos mas sua atenção estava toda voltada para a gente. Tudo culpa do diabo pra variar.
— Do que está falando? — perguntei, ficando completamente vermelha naquela ocasião.
— De sexo, assim — ela posicionou a boca dos bonecos uma contra a outra — quando duas pessoas se gostam elas encostam as bocas.
— Isso não é sexo Horrania.
— O que é então? — a menina pareceu confusa.
— Bem... — olhei para Lúcifer e ele estava rindo, nem se dava ao luxo de me ajudar a explicar — isso se chama beijo. Mas não é algo que uma criança deva saber, agora volte a brincar.
— Isso que acontece quando você não controla o fogo perto das crianças.
— Que fogo seu idiota?
— Foi você que esfregou seus morangos na minha cara.
— Morango é a puta que te pariu.
— Ok, eu retiro o que eu disse, melõezinhos. Melhorou?
— Melhor do que esse seu taquinho de golfe caído.
Segurei firme o contrato, depois iria ler cada linha a procura de uma brecha que me permitisse matar aquele homem irritante.
— Meu taquinho consegue acertar várias jardas.
— Claro, mas nenhum buraco — eu mesma não resisti a esse comentário e acabei caindo na risada. Mas a felicidade durou pouco após eu ouvir o que Horrania estava falando.
— E o tio Lúcifer pediu a Kaila em casamento. Eles viveram felizes para sempre — ela falava enquanto fazia os brinquedos se beijarem.
— Ei, ei, ei. Que brincadeira idiota é essa? Você nem sabe se ela iria dizer sim. — tive que intervir.
— Na verdade — começou Lúcifer — ele é quem não perderia tempo pedindo qualquer uma em casamento.
Horrania ignorou a gente e continuou brincando daquilo, fazendo o boneco beijar a boneca enquanto fazia sons com a própria boca.
— Vou ter que brincar também — levante do sofá e me sentei perto dela, tomei o controle da boneca.
— Vai brincar comigo tia Kaila?
— Vou sim, anjo. Você controla o Lúcifer e eu controlo eu mesma.
Segurei os dois braços de pano da boneca e a usei para dar um soco na fuça do boneco Lúcifer.
—Tia Kaila você não pode bater no seu marido — Horrania reclamou.
— É briga de casal — minha boneca deu mais dois socos seguidos — veja como o mariquinha apanha da esposa — brincar de boneca nunca havia sido tão divertido antes.
— Da licença Horrania — Lúcifer segurou menina e a tirou do lugar, se sentou e pegou o seu boneco.
— Vocês dois vão brincar comigo — a menina deu gritinhos comemorando sem saber o que estava de fato acontecendo.
— O marido já está cansado de ter uma esposa tão broaca — Lúcifer usou seu boneco para dar um tapa na minha — ele exigi um divórcio.
— A esposa se cansou do pintinho pequeno do marido — outro soco.
— Chega desses peitinhos de goiaba — mais um soco.
— Não consegue nem segurar uma bunda — mais socos duplos.
— Que bunda? — soco, soco, soco.
— A bunda que satisfaz os amigos do marido quando ele sai pra trabalhar — Soco, soco. A brincadeira de bonecas virou um ringue de UFC.
— Deve ser por que os amigos do marido se contentam com pouca coisa, por isso ele tem que procurar outras na rua — golpes seguidos.
— Tem que pagar pra elas fingirem os gemidos.
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Meu Diabo Favorito
Romansa#20 Em Romance! "Nem Deus Poderá Salva-la Dos Meus Desejos Mais Sombrios" Kaila vê sua vida virar de cabeça para baixo após receber um pergaminho misterioso vindo de um sujeito que se diz ser o próprio diabo. Descrente e sem muita escolha, ela assin...