Capitulo 72

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— Então era você a traidora... por que, Morgana? Me diz, eu confiei em você.
— E eu disse para você não se apaixonar pelo diabo, não disse? — ela pegou um cigarro e o ascendeu.
— Por que está fazendo tudo isso? — fiz outra pergunta.
— Pela pirâmide, Kaila. Eu sempre trabalhei para eles mas infelizmente eles nunca me convidaram para ser uma deles, sabe por que? Por que eu não tenho império nenhum, pelo menos até agora. Foi por isso que eu ajudei o Lúcifer a te encontrar, eu sabia do plano dele, sabia que ele iria passar tudo para você e então eu poderia forçar você a passar para mim — ela deu um longo trago — com esse império em mãos a pirâmide vai me aceitar de vez e não serei apenas uma informante como sou agora.
— Então é por isso que nos traiu? Apenas para fazer parte de algo idiota?

— Pode se dizer que sim. Mas Lúcifer estava demorando demais para passar tudo pra você, com todo aquele plano idiota de subir níveis e blábláblá. Então mandei outro Lúcifer fazer uma visitinha a vocês — ela olhou para o Lúcifer de branco — para que vocês pensassem que a pirâmide estava de olho e fizessem logo a droga do plano que tinham em mente. Assim tudo foi passado para você e agora você vai passar para mim, a sua CEO confiável, ninguém vai desconfiar disso, até por por você não entende nada de administração. Pode dizer em suas entrevistas que desistiu disso, que vai viver uma vida mansa e isolada de tudo e que confia em mim para ficar com o império.
— Tudo bem — cerrei o punho — eu aceito isso. Mas deixe ele viver comigo, não o machuque.

— Sinto muito Kaila, mas eu recebi uma ordem clara da pirâmide — ela deu outro trago — eles me disseram que te fizeram uma proposta, que você se recusou e ainda zombou de todos. Eles estavam bem irritados, cheios de ódio, você tirou mesmo eles do sério hein.
— Que ordem eles te deram?... — senti um aperto no peito.
— Eles me mandaram matar o seu amado bem na sua frente, disseram que foi você mesma que sugeriu isso.
— Não foi bem assim... eu não achei que fossem conseguir tirar ele da prisão já que a mídia está de olho em tudo.
— A mídia? Sério Kaila? A pirâmide controla a mídia não se esqueça. Eu passei os últimos dias sem dormir apenas apagando os dados que ainda restavam do Lúcifer das mídias, das empresas que eram dele, de tudo. Pode se dizer que o seu namoradinho não existe mais, eu deletei tudo. Deu muito trabalho mas eu fiz bem feito, tudo pela pirâmide. Nem mesmo o presídio onde ele estava possuem registros dele, de sua existência ou de sua prisão. Depois subornei alguns guardas para retira-lo da cela para mim. Foi bem fácil essa parte.

— Por favor... não faça nenhum mal a ele... — pedi novamente — eu faço tudo o que quiser, eu te passo as empresas hoje mesmo.
— Você vai passar de qualquer jeito — ela alterou o tom de voz, ficou agressiva — se não colaborar eu mando matar todos dentro desta maldita mansão. Sua mãe, seus funcionários e até mesmo essa menina irritante ai. Mato todos e coloco fogo na mansão, vamos divulgar que foi um acidente drástico. Estamos entendidas?
— Estamos, mas não precisa ferir ele, pode me matar se quiser.
— Não — Lúcifer gritou comigo — foi você quem me deu um propósito de vida, Kaila. Obrigado por isso, obrigado por tudo. Pelas nossas brigas, pelas risadas...

Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto... por que estou chorando? Não faz sentido. Tudo vai ficar bem, eu sei que vai. Ninguém pode parar esse homem, só eu fui capaz de vence-lo. Esse idiota teimoso e cabeça dura...

— Morgana — minha voz está fraca — não o mate. Estou implorando...
— Como é patética — ela jogou o cigarro no chão — acha mesmo que vou  desobedecer uma ordem direta da pirâmide? A culpa foi sua por deixar eles irritados daquela maneira. Recebeu uma chance de ouro e enfiou no Cu. Uma chance que eu estou esperando a anos, eu sei tudo sobre eles, sei até em quais cadeiras eles se sentam, o que comem ou bebem. Eu sou a maior seguidora da pirâmide e em breve farei parte dela.

— Você não sabe nada sobre eles. Eles não mostram o rosto a ninguém. Você é só uma lunática maluca que precisa se tratar — acabei perdendo o controle.
— Não sei nada sobre eles? — ela gargalhou — sabe o chefe deles? Aquele mesmo que te fez a proposta, o nome dele é Cliver Osford, as pessoas sentadas a mesa são Alice Bonaparte, Has’Khaleb, Albert Bildeberg, Yang Shi Lee, Elizabeth Calisto, Mark Tontieneli e Joana Damaceno. Todos são figuras de grande importância em seus países de origem, são mais importantes que os próprios presidentes. Eu sei de tudo, sei de todos. Eu mereço entrar para a pirâmide e agora eu vou. O sonho de uma vida se tornando realidade e tudo graças a você, Kaila. Agora chega de conversa, está na hora da despedida.

— Não — gritei, ameacei andar mas minha mãe me segurou.
— Kaila, obrigado por me amar — o meu Lúcifer sorriu — eu prometo te encontrar em todas as vidas possíveis.
— Tio Lúcifer — Horrania apertou o urso contra o peito.
— Você não pode morrer, eu te proíbo — tentei me livrar da minha mãe mas minhas forças pareciam estarem sendo sugadas a cada lágrima que eu derramava.
— Morgana — Lúcifer de branco olhou para trás — de a ordem para mata-lo.

— Pode matar.

Lento... muito lento... consigo ver tudo como se o tempo estivesse parado. Estou desesperada enquanto minha mãe me segura, Horrania está ao nosso lado e o restante a nossa frente. Bem, olha ali ele, o homem que eu amo de joelhos com uma arma posicionada contra a cabeça. Quando vou acordar? É óbvio que tudo isso deve ser um pesadelo muito ruim. E então o barulho, o som ensurdecedor do tiro e por fim o baque do corpo dele contra o chão. Solto um grito e caio de joelhos, encaro o seu corpo sem vida. Não, é claro que ele está vivo, ele disse que era o diabo e o diabo não pode ser morto. Mas tem sangue em seus cabelos... bem... a bala pode ter pegado apenas de raspão. Num momento de pura adrenalina me solto das mãos de minha mãe que me abraçava também de joelhos e corro ate ele, até o homem que eu preciso na minha vida, ninguém tenta me impedir dessa vez. Me jogo no chão ao seu lado e o balanço forte enquanto choro.

— Levanta... vamos pra casa na árvore... você vai vestir aquela fantasia e vamos tirar muitas fotos — continuo balançando. Tento passar os braços em volta de seu corpo para leva-lo embora mas não consigo, sou pequena e frágil. Por algum motivo estou recordando daqueles momentos idiotas que passamos juntos, principalmente do dia em que ficamos presos na porta giratória, ele ficou bem irritado. Ou de quando joguei ovos nele, foi um baita dia. As nossas brigas, que brigas sem sentido mas que nos faziam rir em segredo, aposto que ele adorava. Sempre que nos encontrávamos era uma guerra sem fim, parecíamos duas crianças e talvez esse tenha sido o meu final feliz, talvez eu devesse ter aproveitado mais, brigado mais, xingado mais e ficado com ele por todas as horas. Ele só precisava de alguém que o entendesse, alguém que o amasse profundamente. Abraço o seu corpo sem vida, minhas lágrimas molham as suas costas. Ele está mesmo morto...

Meu Diabo FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora