Meu Diabo Favorito

Capitulo 33

— Seja mais específica — pediu Cho.
— As aulas serão as mesmas, mas com menos professores. Não podemos confiar em pessoas demais ou tudo pode ir por água a baixo.
— Como é a relação entre os dois?
— Uma grande guerra sempre que se encontram, o menor dos motivos já causa uma discussão entre os dois. Ele não conseguiu intimida-la de nenhuma maneira até agora.
— Os olhos dela são olhos de quem nasceu para estar no topo, é de se esperar que não se intimide tão facilmente. Apesar de que ela se subestima muito, consigo ver isso até na maneira que ela anda. Parece que teve uma vida muito ruim e agora cabe a nós molda-la de acordo com nossos objetivos.

— Não é bem assim. Não vejo ela apenas como uma parte do plano, eu gosto dela, eu gosto muito dela — Bety não parecia estar mentindo quanto a isso.
— Isso eu percebi, mas enfim, acho melhor eu continuar com as aulas ou alguém pode desconfiar desse nosso tempo juntas. Se alguém perguntar diga que estávamos falando sobre os horários das aulas.
Voltei de fininho para a sala de jantar enquanto minha mente era atacada por diversas perguntas. Eu era parte de algum plano criado por eles, isso deixa claro que toda aquela história de contrato com o diabo não passava de uma maneira deles me trazerem para cá. Mas por que eu e que plano era esse? Quem são essas pessoas de verdade e o que elas estão escondendo de tão importante a ponto de suas vidas correrem risco?

— KAILA! — Gritou Amber — acorda pro mundo, responde logo — Amber e Diane estavam me encarando. Responder o que? O que elas haviam me perguntado? Acabei pensando demais e esqueci de que tenho que ficar concentrada.
— Desculpe, eu estava pensando em algumas coisas. O que estavam dizendo?
— A gente quer saber como ele é na cama.
— Ele quem?
— O Lúcifer Ué, diz aí.
— Por que acham que eu fui pra cama com ele? Isso está fora, MUITO FORA DE COGITAÇAO.
— Um homem daqueles e você perdendo tempo — continuou Amber. Pelo visto as gêmeas eram bem safadas.
— Como se uma virjona como você soubesse satisfazer um homem — Diane zombou da irmã.

— Pergunte ao seu ex-namorado. Ah, e mesmo você nunca namorou — retrucou a irmã.
— E nem você.
— Ou seja, duas virjonas — me intrometi na discussão — virjonas querendo me dizer o que fazer com um homem? Hilário.
— Garotas — A voz de Cho ecoou em minhas costas — pelo visto o papo está muito bom mas chegou a hora de voltarem ao treinamento.
Voltamos pra fora da mansão e continuamos a treinar a técnica Lapsusstella, que consistia em mentalizar uma grande energia sendo distribuída pelo nosso corpo a fim de mantermos a postura e o equilíbrio correto. Dessa vez foi mais fácil já que todas nós havíamos dominado os sapatinhos, infelizmente eu tive que calçar os meus novamente mas Cho disse que me traria novos na próxima aula. Fiquei ali parada mantendo a postura ensinada por Cho, dava passos a frente e depois voltava, mas sempre levando reguadas quando errava algo. Seja pelo posicionamento do bumbum ou pelo ângulo do pescoço. A única coisa que consegui dominar foi o relaxamento dos ombros, o restante ainda iria precisar de prática. As aulas de postura ocorreriam três vezes na semana, nas segundas, quartas e sextas.

Se passava das três da tarde quando enfim chegou o momento de encerrar o aprendizado e apesar de tudo eu estava contente, com um pouco mais de esforço eu iria dominar facilmente a minha postura e dar mais um passo dentro daquele jogo cheio de mistérios. Me despedi das gêmeas e pedi a Cho para que ela deixasse os sapatinhos comigo até quarta feira, assim eu teria com o que treinar e não ficaria para trás em relação a Amber e Diane.

Fui para o quarto e pulei na cama, estava exausta e várias partes do meu corpo doíam. A mansão estava silenciosa e nem sinal do diabo chegar, falando em diabo, será que ele tranca o seu covil? Teria algum segredo escondido em suas gavetas? Algo que pudesse me ajudar a desvendar aquele mistério todo? Bom, só vou saber se tentar, preciso ser o mais rápida possível antes que ele chegue. Pulei da cama e andei pelos corredores até avistar a porta vermelha de seu covil, levei a mão até a maçaneta e a girei lentamente. ISSO, ESTÁ DESTRANCADA. Vamos ver o que você esconde de mim, preciso vasculhar cada cantinho desse lugar e assim encontrar as minhas respostas.

A pequena sala está vazia então eu entro rápido e fecho a porta ao passar, ali existem algumas estantes de livros e acho melhor começar por eles, talvez aja algum documento ou papelada importante entre os livros. Deslizo os dedos observando cada fenda entre eles, alguns eu até abro para ver se encontro algo mas nada, nem mesmo poeira. Sobre a mesinha há apenas um vaso de flores, o sofá também está vazio. Abro as gavetas da cômoda que fica perto a TV e encontro apenas coisas inúteis para mim, como miniaturas de bonequinhos estranhos, canetas, um canivete personalizado e uma caderneta sem anotação alguma.

Sigo buscando pela pequena sala e perco cada vez mais a esperança de encontrar algo que me ajude.
Como vejo que continuar ali é inútil, vou para o quarto de Lúcifer e talvez eu consiga alguma coisa nele. Vou direto para as gavetas do guarda roupas e começo a vasculhar, só vejo peças intimas, camisetas, bermudas e outras roupas diversas. Que droga, tem que haver alguma coisa aqui. Olho de um lado para o outro na esperança de que algum milagre me mostre a direção do que procuro, mas a verdade é que nem mesma eu sei o que estou procurando. Se houvesse alguma coisa importante tenho certeza que ele não deixaria no quarto, muito menos nas gavetas.

A cama, vou procurar nela, levanto o colchão de lado a lado e nada, vazio. Arrumo o lençol para que ele não desconfie que alguém entrou ali e a próxima coisa que eu levanto é o carpete, nada também. Pelo visto não vai ser assim que irei encontrar as respostas que preciso, melhor desistir dessa tentativa fracassada de vasculhar o quarto dele.