Capitulo 5

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– Sim, senhor.
– Não, Bety fique aqui e não feche nada – acabei sendo tomada pelo impulso e quando vi já havia falado, aquilo não o agradou nem um pouco.
– Senhor, devo fechar? – perguntou Bety, hesitante.
– Quer mesmo que eu repita?
– Desculpe.
Foram as últimas palavras dela antes de obedecer a ordem que lhe foi dada. Novamente eram apenas eu e ele naquele quarto. Agora não tenho mais saída, sinto que alguma coisa muito ruim está prestes a acontecer comigo.
– Fique bem longe de mim ou vou chamar a polícia.

O que estou falando? A polícia não pode fazer nada contra o diabo. Um padre talvez? Ele ignorou minhas palavras e veio até mim, evitei olha-lo diretamente, não queria dar a impressão de que estava o desafiando ou algo assim. Estávamos muito próximos e a única maneira de encara-lo seria se eu erguesse o olhar, mas fiz o contrário e comecei a fitar o chão.
– Olhe para mim – ele pediu.
– Não.
Lúcifer segurou firme o meu queixo e ergueu minha cabeça, me obrigando a olha-lo. Então fechei os olhos, não vou obedece-lo.
– Eu estava ansioso para te conhecer. Mas agora te olhando de pertinho vejo que você é patética.
O que? Quem ele pensa que é para falar assim comigo? Senti sua mão soltar meu queixo e quando eu abri os olhos vi que ele estava indo em direção a porta.

– Quem você pensa que é para falar assim comigo? – Não vou deixar isso barato, ah não vou mesmo, esse chifrudo vai ter que me escutar. Ele parou de andar e me fitou por cima do ombro esquerdo.
– Eu sou o seu dono, patética.
– Eu sou patética? E você é o que? Me escolheu, não foi? Então se você escolhe uma pessoa patética isso faz de você alguém mil vezes pior que patético.
– Esse é o seu argumento?
– Sim.
– Hoje a noite você terá mais uma chance de provar sua utilidade, se falhar, bom, se leu o contrato que te enviei então deve saber o que acontece.

Ele saiu do quarto.

Provar minha utilidade? Que droga ele quis dizer com isso? Eu não li nem metade daquela droga de contrato idiota. Tinha letras demais e eu nunca fui uma  boa leitora. Bety vai me pagar caro por me deixar sozinha com aquele troglodita, e pior, apenas de roupão. Ele podia ter feito algo muito ruim comigo. Agora preciso me vestir e farei de tudo para evitar outro encontro como aquele. Vou explorar a mansão e procurar meios de fugir, saídas, túneis, alguma coisa que me leve para bem longe desse lugar.
– Kaila – Disse Bety aparecendo na porta, quase me matando de susto.
– Olha quem apareceu.
– Não me culpe, o que queria que eu fizesse?

– Deixasse a droga da porta aberta.
– Ele fez alguma coisa com você? Te machucou?
– Ele não é nem doido.
– Você fala como uma criança inocente, pelo visto não faz ideia da confusão em que se meteu.
– Você disse que não haviam telefones aqui. Mentirosa.
– E não há, não para nós. O único telefone aqui fica na sala dele e ninguém tem permissão para entrar lá.
Era tudo o que eu precisava ouvir, agora tinha todo um plano bolado em minha cabeça. Eu iria entrar na sala dele, pegar o telefone, ligar para a polícia e me livrar de tudo aquilo.
— Entendi — sem querer deixei um sorriso maquiavélico surgir em meu rosto e Bety logo percebeu.

— Espera... não, não e não. Se tentar qualquer coisa vai acabar morrendo. Eu não devia ter dito nada sobre o telefone — Bety demonstrou uma preocupação retumbante.
— Eu não vou fazer nada. Fique tranquila.
Era óbvio que eu faria.
— Se ele descobrir que te contei onde fica o telefone, vai me castigar...
— Eu já disse que não vou fazer nada.
Castiga-la? E agora? Não era apenas a minha vida que corria risco ali. Talvez todos fossem reféns dos próprios interesses, teriam eles assinado algum contrato parecido com o meu?
— Existe algumas coisas que eu preciso lhe contar, vista-se. Vou te esperar lá fora — Bety saiu do quarto sem dizer mais nada. Me deixando curiosa. Por alguns segundos permaneci parada sem saber o que fazer. Apesar de tudo ser assustador, eu não podia negar o fato de estar fascinada com aquele quarto, era tão lindo e mobiliado. Nem em cem vidas eu conseguiria algo daquela magnitude.

Andei até o guarda-roupas e dentro dele havia vários vestidos, todos de cores frias. Exceto um vestido branco, este se destacava entre os demais por fugir do padrão. Mas por que diabos só havia uma peça de roupa diferente das demais? Bem, não importa. Seria aquele. Após me vestir, sentei-me de frente para a penteadeira e fiquei perdida diante de tantos itens e gavetas. Que se nade, um penteado comum é o que eu preciso. Fiz o que deu para fazer e até que o penteado rebelde ficou uma gracinha. Segui até a porta e ao abri-la me deparei com Bety, parada feito uma estátua.

— Pronta?
— Acho que sim.
— Onde conseguiu esse vestido? Você precisa tira-lo agora mesmo.
— Não, eu não vou tirar. Por que faria isso?
— Ele não gosta de vestidos brancos. Nós queimamos todos.
— Bem, que sorte a minha ter encontrado esse então.
— Você não está entendendo, não era para haver mais nenhum tecido desta cor. Eu chequei o seu guarda-roupas bem antes de você chegar aqui e não havia nenhum vestido dessa cor.
— Então deve ser um sinal e Deus, para que sua cavaleira vá contra os gostos do seu filho rebelde.

— Mas se ele te ver assim vai...
— Ei — a interrompi — eu assinei um contrato que dizia que eu podia ter o que eu quisesse. E advinha, eu quero este vestido e assim será. Agora é hora de explorar este lugar. Passei por Bety e aquela era a primeira vez que via algo fora do quarto. Estava em um longo corredor elegante, as paredes eram de cor vinho e haviam vários quadros caros por toda parte. Também pude ver mais portas, mas estas estavam fechadas. Alguns candelabros deixavam o corredor ainda mais enigmático e isso sem mencionar os belos vasos de plantas decorando algumas partes do corredor.
— Espere — pediu Bety — Não se afaste de mim ou vai ficar perdida.


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