— Sim — fiquei um pouco mais aliviada com aquilo. Ela deu sinal para um dos câmeras e então começou a me fazer uma série de perguntas enquanto eu contava toda a história da organização Fênix, do meu pai, da pirâmide e das famílias que se beneficiavam disso tudo. Falamos também sobre eu ser herdeira de um grande império de empresas e como eu iria lidar com aquilo, como iria reagir quando tudo fosse passado para o meu nome e quais seriam as medidas que eu iria tomar. A entrevista se parecia mais com um tipo de depoimento e quando chegou ao fim eu me senti aliviada por ter feito tudo direitinho.
— Prontinho, Kaila. Caramba, que baita história hein. Estou ansiosa para levar isso ao ar — ela apertou a minha mão e a coeditora me levou de volta para a sala onde Lúcifer estava, mas dessa vez ele não se encontrava sozinho, haviam alguns agentes federais com ele, pareciam estar fazendo perguntas. Pelo visto a coeditora acionou a justiça bem rápido.
Dali fomos levados para uma delegacia onde apresentamos o frasco contendo o restante do sangue do meu pai e tivemos que depor várias vezes. Em alguns depoimentos éramos colocados em salas separadas, depois juntos outra vez, depois separados. Era como se eles estivessem coletando pequenas frações dos fatos para saber o quão verdadeiro era tudo aquilo e então finalmente deram voz de prisão temporária para Lúcifer. Um dos agentes da delegacia me explicou os procedimentos padrões até a confirmação do DNA chegar e me permitiu ver Lúcifer em uma sala fechada antes de o levarem para uma cela.
— Parece que tudo está indo como planejado — ele falou quando eu me sentei na cadeira a sua frente. Uma mesa pequena de ferro nos separava e sobre ela havia um único copo de água. Havia um policial parado na porta nos vigiando.
— É... tive que contar a mesma história um monte de vezes.
— Eu também. Agora só precisamos esperar os novos exames chegarem. O que eu acho uma besteira, já temos os nossos próprios exames. Mas eles precisam confirmar tudo por si mesmos afinal esse vai ser o caso do ano.
— Vamos dar o que falar.
— Você vai, Kaila. A herdeira que retorna ao trono. Como tudo devia ter sido desde o início.
— Não ligo para isso e você sabe. O que mais eles te perguntaram?
— Perguntaram onde está o corpo do verdadeiro Mathias e eu dei a localização. Lembro bem de ver os capangas da organização dizendo onde iriam enterrar o corpo. E adivinha? Foi bem perto do falso acidente. Ninguém iria procurar por ele mesmo, já que eu havia me tornado ele, então não se deram ao luxo de ir longe para enterrar. Também me pediram as localizações das sedes secretas do Departamento Fênix e eu dei as que sei. Com isso temos o que precisávamos Kaila, agora é só questão de tempo para eles caírem um a um.
— Não pensei que fossem te deter tão rápido apenas com depoimentos, achei que fossem esperar o DNA ou sei lá, um ou dois dias.
— Eles coletaram as minhas digitais depois que eu falei do Mathias, devem ter feito uma busca no sistema para comparar com as do Mathias verdadeiro e viram que não batiam. Como o seu irmão era adotado ele devia ter todos os dados cadastrados no orfanato ou vai ver o próprio Antony o registrou anos depois. Mas eles só vão ter a confirmação real quando compararem os exames genéticos após desenterrarem os ossos. Então a minha prisão temporária se torna fixa.
— O tempo acabou — disse o policial que nos vigiava.
— Kaila, uma última coisa — Lúcifer continuou — eles pediram um número para contato e eu dei, tanto aqui como na emissora. Quando voltar para a mansão vá até o meu quarto e abra a segunda gaveta do guarda roupas. Tem um celular lá para você, fique atenta a qualquer ligação. Eu te amo e boa sorte — ele sorriu.
— Eu também te amo.
Deixei a sala escoltada pelo policial e me encontrei com o motorista do lado de fora da delegacia, ele havia nos seguido pois sabia que eu precisaria de um veículo para voltar a mansão.
— Funcionou? — ele perguntou quando eu entrei.
— Esperamos que sim. Se tudo sair como planejado hoje ainda a noticia vai ao ar — ele ligou o veículo e eu fiquei observando a delegacia se afastar enquanto seguíamos rua a fora. Meus pensamentos estavam todos voltados para o homem que eu amava. Agora mais do que nunca preciso ser forte por nós dois. Retornamos a mansão e minha mãe me esperava sentada em um dos degraus que levavam a porta principal.
— Kaila — ela me abraçou — e então?
— Pediram outro DNA para confirmar a história, mas não é só isso, de acordo com Lúcifer eles também estão indo atrás da localização dos restos mortais de Mathias e das localizações de alguns departamentos da organização Fênix. Com tantas provas ao nosso favor eu creio que o plano está indo muito bem.
Fui comer alguma coisa e depois subi rápido para pegar o tal celular no quarto de Lúcifer, fiquei com ele o tempo todo a espera de uma ligação, tanto da delegacia quanto da emissora N.O.M mas o telefone só foi tocar a tarde, quando eu já não tinha mais unhas para roer. Era um número desconhecido.
— Alô — falei.
— Alô, Kaila?
— Sim, ela mesma. Quem é?
— Sou da emissora N.O.M e estou ligando para avisar que um dos nossos informantes na delegacia confirmou que o DNA é legítimo. A entrevista irá ao ar no jornal desta noite e entraremos em contato com a senhora em breve para marcarmos mais entrevistas.
— Sério? Ninguém da delegacia me ligou ainda.
— E eles não vão, pelo menos não hoje devido as investigações.
— Pensando assim faz sentido. Obrigada.
— Nós que agradecemos pela chance de cobrir a sua história. Tenha uma boa noite.
— Igualmente.
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Meu Diabo Favorito
Romance#20 Em Romance! "Nem Deus Poderá Salva-la Dos Meus Desejos Mais Sombrios" Kaila vê sua vida virar de cabeça para baixo após receber um pergaminho misterioso vindo de um sujeito que se diz ser o próprio diabo. Descrente e sem muita escolha, ela assin...