Meu Diabo Favorito

Capitulo 61

— Eles podem e vão. Essa vai ser a única maneira de se vingarem de você já que não vão poder te tocar depois que ficar famosa na mídia. Mas eu sabia que esse seria o meu fim e não me importo.
— Eu não vou fazer parte desse  plano se ele te colocar em risco — me levantei do sofá e me aproximei dele.
— Quem disse que a escolha é sua — ele também se levantou e ambos ficamos nos encarando.
— Vou arrumar outro jeito.
— Não tem outro jeito. Caso não tenha percebido existe um traidor entre nós, é só questão de tempo para que a pirâmide descubra que você está aqui.
— Espera... um traidor? — minha mãe perguntou.

— Sim, são poucas as pessoas que sabem da existência dessa mansão e alguém informou a localização para o outro Lúcifer. Foi assim que ele chegou até aqui, eu tenho uma suspeita, mas preciso confirmar minhas informações.
— Alguém está passando as nossas informações para eles... — minha mãe ficou pensativa.
— Sim. Por isso devemos agir rápido antes que seja tarde demais. Entendeu, Kaila? Isso não é hora pra sua teimosia, guarde suas forças pois vai precisar — ele continuou.
— Você odeia eles tanto assim a ponto de não ligar pra própria vida — aumentei o tom de voz — é tão egoísta que só consegue pensar em si mesmo e na droga da sua vingança. Então mais ninguém importa pra você, não é mesmo? Nem a Horrania, nem minha mãe, nem eu mesma.

— Você fala demais, Kaila.
— Nada importa além do grande plano do Lúcifer. Então vai, deixe que eles te mate, não é isso que quer? O importante mesmo é que você tenha sua vingança tão desejada.
— Pense o que quiser.
— Está ansioso para morrer?
— Se isso for salvar você, então estou. Não é pelo plano ou pela vingança, é por você. Desde o início eu só pensava nesse plano e na minha vingança, era tudo por ele. Mas depois que eu conheci você tudo mudou, a minha mente mudou. Você me ensinou a ser livre e então eu finalmente encontrei algo pela qual valia a pena morrer. Alguém que foi capaz de me enxergar da maneira que eu sou de verdade, alguém que me desafiou, me fez rir, me fez amar. Eu te amo, Kaila — ele levou a mão até o meu rosto mas eu o afastei e sai dali no mesmo momento. Andei pelos corredores sem rumo, saí para fora da mansão e me sentei em um dos bancos de madeira que havia dentro do jardim. E então fiquei ali olhando para as flores de todas as cores enquanto era levada para longe pelos pensamentos. Não era justo, ele finalmente me disse o que sentia mas do que isso iria adiantar se ele não iria poder ficar comigo pelo resto da minha vida? Eu o amo, sei que amo. Mas não pude retribuir suas falas...

— Kaila — minha mãe se sentou ao meu lado.
— Não é justo — olhei para outra direção, não queria encara-la nos olhos.   Não agora.
— Eu sei. Ele é teimoso igual ao seu pai, ambos dispostos a sacrificar tudo pelo amor de suas vidas.
— E se eu deixar todo esse império para a pirâmide? Eles não nos deixariam em paz?
— Não, eles não são assim. O seu pai cogitou fazer isso também. Ele chegou num ponto em que nenhum dinheiro valia mais nada, ele só pensava em mim e no seu irmão Mathias — ela colocou sua mão sobre o meu ombro.
— Lúcifer disse que o meu pai era ganancioso.

— Sim, muito ganancioso — ela sorriu — sempre querendo tudo, sempre querendo mais e mais. Mas isso se dava ao fato de que ele não tinha um propósito de vida, não amava ninguém, era solteiro e cobiçado. Foi então que nos conhecemos e aos poucos ele foi mudando, me contando os seus segredos mais ocultos. Tivemos que manter nossa relação em segredo por algum tempo e então eu engravidei. Ele ficou muito besta, toda hora querendo ver a minha barriga para medir o crescimento dela. Mathias era a mesma coisa, uma criança muito inteligente e cheia de vida, ele sempre conversava com você dentro da minha barriga. Então planejamos fugir e deixar tudo para trás, ou pelo menos quase tudo. Em uma manhã qualquer a minha bolsa estourou e tivemos que correr para o hospital. De lá iríamos seguir com o plano de fuga mas os documentos haviam ficado em casa, já que saíamos as pressas. O seu pai voltou rápido para busca-los e eu nunca mais o vi. Fiquei entubada por alguns dias e quando acordei naquela cama de hospital o meu bebê havia desaparecido, eu sabia o que aquilo significava. A pirâmide havia descoberto. Mas por que não me mataram? Isso eu só fui descobrir depois. Então eu fugi do hospital antes que mais algum deles viesse atrás de mim, me informei das notícias nos jornais e depois de muito chorar eu comecei a planejar a minha vingança. Mudei o cabelo, a cor, algumas feições e me infiltrei na casa onde o falso Mathias estava. Matar ele seria uma vingança muito boa contra a organização Fênix. Mas como pode ver eu não consegui mata-lo.

— Ele me disse que o Gourmet não quis matar você — falei.
— Sim. E não foi só isso. O seu nome também foi escolhido pelo Gourmet.
— No orfanato disseram que eu fui encontrada e que comigo havia apenas um papel com o meu nome.
— Gourmet fez questão de escrever o seu sobrenome também, ele queria que nós te encontrássemos, tenho certeza disso. Foi graças a ele que continuamos vivas mesmo que separadas. Por isso levamos tanto tempo para te encontrar, não sabíamos o seu nome e muito menos que adotaria o sobrenome da família Wight.

— Me ajude a salva-lo...
— Como? Eu já tentei convence-lo a pensar em outra coisa mas você sabe como ele é, teimoso e arrogante.
— Eu vou dar um jeito de salva-lo assim como ele me salvou.
— Sei que vai, afinal você é a dama rebelde dele — ela sorriu para mim, me passando força e confiança. Não importa quem eu tenha que enfrentar, irei salva-lo mesmo que isso seja contra a sua vontade. Devemos começar encontrando a pessoa que nos traiu e entregou a nossa localização. Mas de todos aqui não consigo desconfiar de ninguém.