Capítulo 69

1.9K 194 26
                                    

— Eu...
— Hilary, preciso ir. Mas eu volto aqui para conversarmos melhor sobre isso. Se cuide.
Deixei a lanchonete e andei até a Van, dentro havia apenas um homem vestindo o uniforme dos correios.
— Entre, senhorita — ele disse ao me ver. Fui até a outra porta, a abri e me sentei ao seu lado mas sem fazer contato visual.
— Fui pago para te levar até uma agência de correios que fica aqui próximo. Apenas isso, seja lá no que a senhora se meteu eu não tenho nada haver e você nunca me viu, entendido?
— Entendido.
— Mais uma coisa, você devia ter vindo sozinha mas tem um carro parado do outro lado da rua e o motorista dele não tira os olhos da gente. Quem é?

— É apenas o meu motorista, não posso voltar para casa andando. Não precisa se preocupar com ele.
— Espero que isso não acabe me causando problemas.
Ele deu partida e seguimos cidade a dentro, passando por casas, prédios, estabelecimentos e diversos comércios. Pelo que entendi o encontro seria feito em uma agência de correios, um lugar bem inusitado para tratar de um assunto tão sério como um encontro com os integrantes da própria pirâmide. Mas por outro lado era bem sutil e ninguém iria desconfiar. Meia hora depois chegamos ao nosso destino, descemos do veículo e o motorista me entregou uma caixa fechada, em seguida pegou outra e eu o segui até a entrada da agência. Passamos pela porta giratória, andamos até o balcão de atendimento e ele me pediu para deixar a caixa ali.

— Entrega dupla e especial — foi apenas o que ele disse ao atendente que concordou com a cabeça, escaneou nossas caixas e as guardou. Em seguida nos entregou um papel com dados a serem preenchidos.
— Poderiam preencher esses dados na sala que fica no fim do corredor?
— Claro, sem problema — o entregador seguiu para o corredor que ficava a direita do balcão e eu o segui.
— Pra que serve esse papel? — perguntei.
— Pra nada, pode joga-lo fora ao sair. Isso é apenas uma encenação para as câmeras de segurança. Esse povo gosta de ser discreto.
— Entendi.

Ao invés de entrarmos na sala, viramos outro corredor e descemos uma série de escadas que levavam a uma porta de metal.
— Chegamos. Todos estão te esperando aí dentro. Quando for sair aja naturalmente para não levantar suspeitas.
— Ok.
Ele me deixou ali sozinha de frente para a porta, tudo ficou muito silencioso. Então eles estavam ali atrás apenas me esperando, levei a mão a maçaneta e a girei. Em seguida empurrei a porta revelando o cenário do lugar.
Era uma sala com iluminação muito baixa devido a falta de janelas, a única luz do lugar vinha de uma lâmpada solitária no teto. No centro havia uma mesa de mármore negro retangular e a sua volta exatas oito cadeiras, cada uma sendo ocupada por um sujeito vestindo uma espécie de manto negro com um grande capuz. Mas não eram apenas eles que estavam no local, em cada canto eu pude ver a silhueta de uma pessoa parada, eram seguranças. Três homens e uma mulher, esta veio até mim.

— Estique os braços e afaste as pernas, por gentileza — era loira, alta e possuía feições fortes. Fiz o que ela pediu e fui revistada de ponta a ponta. Pernas, braços, bolsos, cabelo e até a boca. Em seguida um outro segurança se aproximou de mim segurando um tipo de bastão luminoso e o passou por todo o meu corpo, deve se tratar de algum tipo de detector. A única coisa que retiraram de foi o meu celular e a segurança me disse que ele seria devolvido assim que eu saísse, já o segurança me alertou de que o local estava repleto de receptores de sinais, caso eu estivesse usando alguma escuta da polícia. Mas isso tudo era uma grande besteira, eu não havia levado nada e nem dito qualquer coisa para a policia, não seria burra a ponto de estragar um momento tão importante como aquele. Depois de se certificarem de que eu estava limpa, um dos homens com capuz que estava sentado levantou-se e andou em minha direção, tentei ver o seu corpo mas ele usava uma máscara branca com um pequeno símbolo triangular desenhado na lateral. Eles realmente não querem que suas identidades sejam reveladas.

— Senhorita Kaila — era a voz de um homem que supostamente devia ter uns quarenta anos — é uma honra recebe-la — ele estendeu a mão, usava luvas negras de couro, eu apertei enquanto nossos olhos ficavam fixos um no outro e então ele me guiou até a cadeira onde estava sentado — pode ficar com a minha cadeira, eu fiquei sentado tempo demais.
Me sentei e todas as cabeças presentes estavam voltadas para mim, todos usando máscaras.
— A rainha da libertação, grande título você ganhou — alguém falou, um homem, mas eu não consegui identificar qual deles havia sido.
— Desculpe por marcar um encontro tão importante em um lugar improvisado, mas tudo foi marcado de última hora — duas mãos pousaram em meus ombros, o homem que me buscou na porta agora estava atrás de mim.

— Não tem problema — falei — já estive em lugares piores e menos confortáveis.
— Sim, Sim. Sabemos bem da sua história, aliás boa parte do mundo sabe. Você nos causou alguns prejuízos senhorita Kaila, mas isso pode ser corrigido com o tempo. Vamos dar início a nossa reunião, tudo bem?
Todos concordaram com a cabeça mas sem dizer uma palavra sequer. Eles apenas me observavam com seus olhos  enigmáticos por baixo de suas máscaras e capuzes.
— Como podem ver, eu fiz o que pediram — comecei a falar enquanto posicionava as mãos sobre a mesa fria. Não estou com medo e nem ansiosa, estou calma e ciente do que devo falar e fazer — não trouxe ninguém além do meu motorista, não falei para a polícia e nem estou grampeada.

— Um ótimo começo — disse o homem atrás de mim ainda com as mãos em meus ombros — se tivesse feito algo suspeito nós saberíamos, como você mesma sabe nós controlamos tudo e todos. Qualquer sinal de traição iríamos desmarcar e gloriosa reunião e a senhorita nunca teria a grande honra de se sentar em tal mesa, entre os donos de tudo. Temos uma ótima proposta para você, Kaila.

Apenas ele falava ali, deve ser o líder deles.

Meu Diabo FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora