Meu Diabo Favorito

Capitulo 71

O SACRIFÍCIO DO VILÃO

Do lado de fora da agência o motorista me esperava para me levar de volta a  mansão e um sorriso besta estampou o meu rosto durante toda a viagem. Eles acharam mesmo que eu iria aceitar fazer parte de algo tão sujo? Acham que eu não sei que tudo o que eles querem é por as mãos nas minhas empresas novamente e ainda me controlar para que eu não de mais entrevistas falando sobre a pirâmide ou suas organizações secretas. Ao chegar novamente em casa fui recebida por minha mãe no portão, ela estava com Horrania.

— Você está inteira? — perguntou enquanto apalpava os meus braços, meu rosto, tudo.
— É claro que estou — sorrio — eu disse, eles não podem encostar em mim, pelo menos não ainda.
— Me conte como foi — ela me levou para a sala e ali eu detalhei tudo, cada gesto, palavra e até mesmo a ambientação do lugar. Após isso fui caminhar um pouco pelo jardim, me recordando da primeira vez que havia passado por ele. O jardim do éden, o local que minha mãe havia me dito que o diabo não podia entrar, mas que no fim era apenas uma história boba que o próprio Lúcifer havia pedido a ela para me contar. E eu acreditei. Tudo era tão diferente de agora, as emoções, os sentimentos, os momentos. Tudo o que consigo pensar é em quando voltarei a me encontrar com ele para que juntos possamos dormir na casa da árvore outra vez.

Quem sabe ele vista a fantasia de leão novamente, mas dessa vez irei tirar fotos sem que ele veja para usar isso como arma depois, uma maneira de chantageá-lo. Estou começando a me parecer com Horrania. Um mês... um mês sem estar com o diabo e nem se quer posso visita-lo ou isso arruinaria as coisas. É engraçado porque antes eu sempre tentava evita-lo a todo custo e agora que sei como ele é de verdade só consigo desejar ainda mais sua presença. A vida vai ser tão boa se tudo acabar bem... mas... e se não acabar? E se tudo o que eu passei com ele já for o nosso final feliz? E se não existir um final feliz para a nossa história? Afinal o que é um final feliz? Alguns podem dizer que é quando a mocinha fica com o herói, ou quando o vilão acaba perdendo.

Mas e se não for isso? E se a felicidade nada mais for que recordar daqueles momentos felizes do passado como se eles ainda estivessem no presente. Sinto que estou cheia desses momentos com ele e só agora percebo o quão bom foi cada minuto. Me sento no banco e encaro o céu, como esta lindo. Suspiro e fecho os olhos na intenção de me ver novamente ao deu lado...

QUATRO DIAS DEPOIS

Minha mãe me desperta as pressas, ela parece assustada.
— Kaila, eles entraram aqui. Eles vieram..
— Mãe? — ergo a cabeça tentando assimilar suas palavras.
— Do que está falando?
— Da pirâmide, eles estão lá fora e trouxeram o Lúcifer.
Ao ouvir aquilo o meu coração acelerou e o medo seguido de adrenalina tomou conta de todo o meu corpo. Me levanto rápido e corro pelos corredores enquanto minha mãe tenta me acompanhar gritando para eu parar pois era perigoso. Mas eu não ligo para o perigo, preciso vê-lo outra vez. Desço as escadas e passo pela porta principal da mansão. A luz do dia bate contra o meu rosto e eu preciso de alguns segundos até meus olhos se adaptarem. E então eu vejo... o vejo de joelhos na frente do portão que agora está aberto, atrás deles há um veículo preto.

— Lúcifer — grito e corro até ele mas antes que eu pudesse chegar perto o homem ao seu lado aponta uma arma para mim, era o Lúcifer de branco, o mesmo que nos visitou no outro dia.
— Paradinha aí coisinha linda — ele ordena com um sorriso no rosto e eu obedeço.
— Kaila — o meu Lúcifer sorri, ele parece abatido, pálido e usa roupas surradas. Seu cabelo está bagunçado e aparentemente ele não dorme a um bom tempo.
— Lúcifer — devolvo o sorriso.
— Qual deles — Lúcifer de branco ri — ele ou eu? Se quiser podemos ter um caso, o que acha, Kaila?
— O que você quer? — pergunto enquanto minha mãe se aproxima, logo atrás veio Horrania segurando um ursinho de pelúcia com grandes olhos castanhos.

— Tio Lúcifer — ela também sorri parando ao meu lado — Você voltou e não trouxe nenhum pelúcia novo?
— Dessa vez não deu — ele devolve o sorriso para a menina.
— Que ótima reunião — Lúcifer de branco posiciona a arma contra a cabeça do meu Lúcifer — já podem se despedir, mas antes de mata-lo na frente de todos vocês quero que conheçam a minha chefe — ele olha para trás, para o carro preto. A porta do veículo se abre e lentamente alguém surge de dentro dele. Era Morgana.
— Morgana — grito — o que significa tudo isso?
— Não é nada pessoal, Kaila. São apenas negócios — ele caminha um pouco e para alguns centímetros atrás dos dois.