— Que nome idiota, Kaila — ele reclamou.
— Pode até ser, mas condiz com toda a nossa estratégia — nos beijamos outra vez e finalmente chegou a hora do jantar.
O restante da noite foi bem agitada e repleta de risos a mesa. Após o jantar nos reunimos para jogar um jogo de cartas e até mesmo o pai de Horrania entrou na brincadeira. Depois fomos assar marshmallows no mesmo lugar onde fizemos a fogueira na noite passada. Conversamos sobre como seria o nosso futuro juntos dentro da mansão, das próximas aventuras e das visitas ao parque que prometemos a Horrania. Também falei sobre levar minha mãe para comprar roupas melhores pois as dela a deixavam mais velha e é óbvio que ela reclamou disso. Quem mais se beneficiou dessa reunião foi Pacto, o único cachorro do lugar que praticamente foi quem mais comeu Marshmallows. A semana havia começado com clima chuvoso mas nesta noite o céu estava tomado por estrelas e uma boa lua, talvez fosse uma sinal de prosperidade ou um alerta de despedida, mas prefiro não pensar nessa segunda opção.Horrania insistiu em contar uma história de terror mas eu não deixei, as suas histórias costumam envolver chantagens e pedidos descarados. Aos poucos todos foram tomando um rumo e no fim restaram apenas eu e Lúcifer sentados na grama um do lado do outro de frente para a fogueira cujo o fogo agora estava quase extinto.
— Foi uma ótima noite — falei encostando a cabeça em seu ombro.
— É...
— O que foi?
— Não é nada. Só não estou muito acostumado com essas coisas. Digo, coisas boas. Parece que venho lutando essa guerra desde sempre.
— Mas agora você não está mais sozinho. Pode contar com todos nós nisso. Até com Horrania, a chatice dela seria o suficiente pra desmoronar com a pirâmide inteira.
— Você também é muito chata, Kaila. Foi um milagre alguém aqui gostar de você — ele riu.
— Não parece que você teve dificuldades com isso, aliás parece que sempre esteve de olho em mim mesmo antes de eu te conhecer.
— Tudo parte do plano.
— Ah claro, parte do plano. Plano do pau né — comecei a rir e ele me acompanhou nisso.
— Quantas vezes vou ter que pedir pra não ficar falando suas idiotices?
— Quantas vezes vai continuar rindo delas?
O fim da noite foi tomado por sons diversos, grilos cantando, o som do vento colidindo com as folhas das árvores, o barulho das últimas madeiras estalando no fogo e então entramos para dormir. No dia seguinte acordei cedo para poder receber Cho que como de costume veio acompanhada das gêmeas. Eu adoraria saber qual era a ligação das três mas vou ter que guardar as perguntas para outro momento. Hoje preciso aprender a lidar com holofotes, a falar sob pressão e a desenvolver toda a história que iria contar aos repórteres. De início parecia fácil, mas só parecia. Minha primeira tarefa foi desenvolver a história na frente de Cho e das gêmeas que formaram uma pequena plateia. Pelo visto Lúcifer confia cegamente nelas já que todas ali sabiam do plano e das consequências de coloca-lo em prática. Lúcifer tentou me assistir ensaiando as falar mas Cho o proibiu de ficar presente no local pois eu acabava rindo toda vez que olhava para ele.
— Lúcifer, saia — ela ordenou e ele obedeceu — pelo amor, a alguns dias vocês eram inimigos mortais e agora não podem se ver que começam a rir igual duas gazelas no cio — as gêmeas riram das falas de Cho.
— Ela deve ter provado um pouco de pica — Diane disse rindo e sua irmã a cutucou.
— Não fale besteiras.
— É só a verdade, olha pra ela, mas olhe bem — ambas me olharam de cima a baixo como se eu fosse carne no frigorífico — percebe o rosto dela? Está mais graúdo, mais feliz do que antes. Aiaiai Kaila, você andou entrando na chibata né sua safada — tentei manter a postura após ouvir isso mas não consegui, acabei rindo e até Cho se divertiu com aquilo. E assim sucederam os dias até o fim de semana, eu acordava cedo, recebia Cho no portão e passávamos horas treinando as falas e gestos. Na última aula ela trouxe uma câmera e um tripé, ela mesma me fez as perguntas que supostamente a repórter iria fazer e eu respondi todas da maneira que havíamos ensaiado por toda a semana. As tardes eu passava com o pessoal e as noites com Lúcifer.
Já era sábado e Cho usando sua influencia marcou minha entrevista para segunda, ela seria feita na própria sede da emissora local e a única coisa que precisaríamos levar eram os exames do DNA comprovando que eu era filha legítima de um Wight. Lúcifer me disse que uma notícia tão grande assim iria repercutir rápido e que ele seria preso no mesmo dia quando chamassem a polícia para apurar o caso, após isso iria depor confirmando a existência do projeto Lúcifer e que também entregaria algumas localizações que ele conhecia.Nesse tempo em que ele ficaria preso eu deveria assumir os negócios das empresas e gerenciar algumas papeladas, sem contar as demais entrevistas que teria que fazer. No domingo fizemos o DNA, isso tomou boa parte do nosso dia e quando chegamos na mansão a tarde estava em seu fim. Fomos recebidos pela minha mãe que nos encontrou no portão.
— Como foi? — ela perguntou enquanto nos levava para dentro.
— Demorado — reclamei.
— Deu tudo certo?
— Sim — quem respondeu foi Lúcifer — temos tudo o que precisávamos agora. A entrevista marcada e o DNA. Amanhã tudo vai começar a mudar, cuide da Kaila enquanto eu estiver preso.
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Meu Diabo Favorito
Romance#20 Em Romance! "Nem Deus Poderá Salva-la Dos Meus Desejos Mais Sombrios" Kaila vê sua vida virar de cabeça para baixo após receber um pergaminho misterioso vindo de um sujeito que se diz ser o próprio diabo. Descrente e sem muita escolha, ela assin...