Capitulo 68

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Então eles finalmente deram as caras, a pirâmide estava saindo de sua toca e mostrando as garras

— Que proposta seria essa? — perguntei.

— Va até o seu antigo local de trabalho amanhã por volta das nove horas da manhã e espere pela van do correio, ela irá te levar até nós. Mas vá sozinha, nem pense em levar qualquer outra pessoa pois saberemos na mesma hora. Afinal temos olhos em toda parte. Te vemos em breve, senhorita.

A ligação foi encerrada e eu informei a minha mãe. Ela insistiu em querer me acompanhar mas eu não deixei, aquele fardo de enfrenta-los cara a cara era inteiramente meu. Passei o dia pensando e andando de canto em canto, planejando o que falar e como reagir a proposta que fariam a mim. Pedi a minha mãe que me fizesse outra coroa de tranças e que também me ajudasse a escolher a roupa que eu usaria. Quando a noite chegou não consegui dormir, fiquei na cama do Lúcifer virando de um lado para o outro, me levantando, andando, deitando novamente e quando dei por mim o dia já estava clareando. Tomei um banho bem demorado mas sem deixar o cabelo molhar ou Bety me mataria, ela levou horas para deixa-lo impecável. Vesti as minhas roupas e enviei uma mensagem para o motorista, ele seria o único a me acompanhar, afinal eu iria precisar de transporte tanto para ir como para voltar.

— Tia Kaila — me encontrei com Horrania enquanto descia as escadas — você vai trazer o tio Lúcifer?
— Pode apostar que vou — ela abraçou as minhas pernas. Aquele mês inteiro sem ele parecia ter afetado a todos e não só a mim. Minutos depois durante o café da manhã minha mãe se juntou a mim na sala.
— Como foi a noite? — ela perguntou.
— Normal — menti.
— Estou com medo deles fazerem algo com você.
— Eles não podem e você sabe, iria dar muito na cara, eu basicamente estou em todas as mídias possíveis.
— É.. você tem razão. Esse mês foi muito complicado.
— Sim, mas tudo isso foi e ainda é necessário se quisermos vence-los dentro do próprio jogo deles.
— Eu confio que você vai conseguir — ela segurou as minhas mãos e sorriu, aquilo foi o suficiente para me dar esperanças e renovar a minha coragem.
— Nós vamos.

Quando chegou a hora eu me despedi de todos e fui em direção ao carro que já estava me esperando. Dali seguimos para a cidade rumo a lanchonete onde eu trabalhava. O dia parecia calmo, ou era pelo fato de ainda ser manhã. Passei toda a viagem olhando pela janela enquanto pensava no que iria fazer caso tudo desse certo. Meu plano principal e continuar morando na mansão, eu gosto dela, da ambientação e da tranquilidade. Agora sou milionária, posso comprar e ir aonde eu quiser mas não quero isso, estou a procura de paz, a paz que tenho apenas quando estou com a minha família e com Lúcifer. Mesmo quando ele me tira do sério. Chegamos na lanchonete e ao sair do veículo eu pedi ao motorista para que me seguisse quando eu entrasse na tal Van. Entrei na lanchonete e ela estava vazia, exceto por Hilary que se encontrava atrás do balcão lendo um jornal, parecia que eu não a via a uma década mas ela não mudou nada desde a última vez.

— Hilary? — me aproximei do balcão.
— Puta merda — ela ficou surpresa ao me ver — a garota dos jornais.
— É assim que me chamam agora?
— Então foi por isso que você simplesmente sumiu sem deixar recado.
— Parece que agora todos sabem o meu nome e a minha história. Mas deixe de bobagens, ainda sou a mesma Kaila, ou quase.
— A mesma Kaila? — ela largou o jornal sobre o balcão — você basicamente é quase uma bilionária agora, antes não tinha dinheiro nem pra comprar sapatos.

— O dinheiro não é mais um problema, isso é fato. Mas acredite, tenho assuntos  bem complicados para resolver e nenhum dinheiro é capaz de me ajudar nisso — a todo momento eu ficava de olho na rua para ver se a Van havia chegado.
— Você fala deles — ela sussurrou — da conspiração da pirâmide e de todo aquele assunto da tal Fênix?
— Não posso confirmar e nem negar.
— Então é mesmo tudo real, eu adoro essas coisas de teorias da conspiração.

— Como andam os negócios? — perguntei para trocar de assunto, quanto menos falássemos naquilo melhor.
— Um fiaspo, poucos clientes. Eu até sugeri algumas mudanças na lanchonete, nos cartazes e no cardápio mas ninguém me escuta aqui dentro. Rola um boato de que este lugar vai fechar em breve ou será vendido.
— Vendido?
— Sim.
— O que acha de se tornar a dona desse lugar? Se sugeriu mudanças então significa que tem ideias para que o negócio volte a prosperar.
— Ter ideias é uma coisa — ela riu — mas ter dinheiro para comprar aí é outra história.
— Eu compro e passo para você, ainda te dou uma grande verba para investir.

— O que? — ela pensou ser uma pegadinha — só pode estar de gozação. Por que faria isso por mim?
— Você nunca me olhou com olhar de desprezo e me fez rir várias vezes, tornando o trabalho menos cansativo. Encare como um agradecimento mas não fale nada para ninguém ainda.
Hilary ficou sem palavras e quando finalmente decidiu dizer algo a minha Van chegou e parou próximo a lanchonete.




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