Capitulo 54

2.2K 195 7
                                    

— Estamos todos de acordo? — perguntei enquanto posicionada as duas mãos sobre o balcão — o dinheiro já foi pago, entreguem as chaves.
— É mesmo ela? — o marido gordo ainda não acreditava no que os olhos viam.
— Parece que sim, está tudo escrito aí, até mesmo a hora do pagamento — Carla apontou para os documentos.
— De onde ela tirou o dinheiro?
— Vocês estão me fazendo perder tempo — bati no balcão — saiam logo da minha propriedade ou terei que acionar a policia.
— Tanto faz — Carla virou-se para o marido — não importa como ela conseguiu a grana, o que importa é que recebemos bem. Vamos deixar tudo aí e nos mudar — ela jogou o chaveiro sobre o balcão.

— É, vamos — o marido concordou, saiu de trás do balcão e andou até próximo de um dos bancos da recepção, ali haviam três mochilas que eu julgo conterem os seus pertences. Ele pegou uma das mochilas, Carla pegou outra e ficou restando apenas uma que eles voltariam para buscar após guardarem as outras no carro.
— Pode deixar que eu ajudo com essa — falei indo em direção a última mochila, mas não andei até a saida, do contrário. Voltei até o balcão, peguei o chaveiro, virei o corredor que dava nas escadas e comecei a correr apartamento acima levando a mochila. Cheguei no andar onde eu ficava hospedada, usei uma das chaves para abrir a porta e adentrei no lugar que também não havia mudado nada. Abri a janela e olhei para baixo a procura de Carla e seu marido, eles estavam parados próximo a um veículo colocando as mochilas no porta malas.

— EI CARLA, AQUI! — gritei e aposto que toda a vizinhança escutou. Carla olhou para cima e levou a mão aos olhos devido ao sol, mas sei que ela conseguia me ver muito bem.
Abri um pouco mais a janela, balancei a mochila e a joguei com toda força lá de cima. Fiquei vendo o desespero dos dois enquanto a mochila despencava lá em baixo fazendo barulho, parece que alguma coisa quebrou.
— Sua puta — Carla gritou enquanto o marido corria até os pertences — eu vou te processar por isso.
— Pode processar — me debrucei na janela — eu pago — mostrei língua — eu pago até essa sua buceta enrugada.

Olhei em volta e vi Lúcifer me olhando de dentro do carro parado do outro lado da rua. Ele estava rindo e balançando a cabeça negativamente, o diabo fez um sinal para que eu descesse dali. Dei meia volta e retornei a recepção, saí para fora do apartamento e Carla agora estava dentro de seu veículo, ela me encarou com fogo nos olhos antes do carro entrar em movimento. Cruzei a faixa de pedestres e entrei no carro de Lúcifer mas dessa vez sentei no banco da frente.

— Você viu aquilo? — perguntei com excitação.
— O bairro todo viu, qual parte do “não chamar atenção” você não entendeu?
— Ah vamos, você gostou que eu sei. Estava rindo.
— Não sabia que era tão vingativa assim — ele apertou minha bochecha.
— Brinque comigo e verá — falei num tom ameaçador. Ainda não estou bem com ele.
— Fica linda me olhando com essa carinha de raiva, sabia? E eu ainda nem sei o que fiz de errado.
— Você só é um retardado, não creio que retardados entendam alguma coisa.

— Garotinha patética e bipolar — ele girou a chave na ignição — alias, não vai trancar o apartamento?
— Não estou me importando com isso agora, não voltarei aqui mesmo. Sou milionária agora, posso comprar as melhores casas nos melhores bairros do mundo. Esse lugar que se foda — cruzei os braços. Eu realmente não tinha a menor intenção de voltar ali pra nada. O apartamento podia até mesmo pegar fogo que eu não me importaria. Minha vingança estava feita.

— Ok então garota milionária, vamos dar uma voltinha pois eu preciso comprar uma coisa.
Ele deu partida e viajamos por mais alguns minutos até chegar na área nobre da cidade, os prédios por ali eram imensos e espelhados, os carros eram mais caros e até mesmo as pessoas estavam mais bem vestidas, nem sabia que existia um lugar assim naquela cidade. Lúcifer parou no estacionamento de um shopping enorme e nós descemos
— O que vamos comprar? — perguntei, curiosa.
— Nós não, eu. E você verá, apenas me siga e não se perca feito uma criança.

A entrada do shopping brilhava mais que o céu, e olha que ainda estava de dia. Várias pessoas entravam e saiam o tempo todo, carregando sacolas, caixas, embalagens e todo tipo de mercadoria possível. Para entrar precisávamos passar por uma porta de vidro giratória e eu nunca passei por uma antes, parecia tão fácil, mas era assustador como andar de escada rolante pela primeira vez. Melhor eu ficar bem colada no Lúcifer, se eu seguir os seus passos vou passar juntinho com ele pela porta. Péssima ideia, o certo era ir um de cada vez e não os dois juntos.

Acabei tropeçando no calcanhar dele e a porta me empurrou para frente, em resposta eu empurrei ele contra o outro vidro e ficamos entalados enquanto o restante do shopping parava para ver aquela cena.
— PUTA QUE PARIU, KAILA — Lúcifer reclamou, bem, eu já esperava por isso.
— E agora? — perguntei com vergonha enquanto dois funcionários do shopping vinham para ajudar.
— É um de cada vez — Lúcifer continuou reclamando.
— E por que não disse antes? — estávamos ambos colados e espremidos. Se a intenção dele era não chamar atenção, eu só lamento e por algum motivo comecei a rir.

— Nossa eu nunca mais te levo em lugar nenhum, está todo mundo olhando, vão pensar que sou burro igual você. Que vergonha alheia.
Um dos funcionários desacoplou o vidro e Lúcifer passou por ele, em seguida foi a minha vez.
— Desculpe, eu cometi um erro — me desculpei com o funcionário.
— Não tem problema, isso acontece todo dia e por isso os vidros das portas giratórias são desacopláveis. Mas tenho que dizer, na maioria das vezes são crianças que ficam presas assim. Lúcifer me encarou com olhos de quem desejava me espremer entre os dedos e em seguida saiu andando, tive que correr para não perde-lo de vista.
— O que eu posso fazer? Como eu ia saber que não dava pra passar os dois juntos? — perguntei rindo.
— Da próxima vai ficar esperando do lado de fora — fizemos uma curva que dava acesso a uma enorme área de brinquedos e itens infantis.

Meu Diabo FavoritoOnde histórias criam vida. Descubra agora