— O que foi aquilo? — Lúcifer perguntou enquanto saíamos da sessão de roupas.
— Falei alto demais, só isso — fiquei passos a frente.
— Ela só estava tirando as medidas.
— Claro, pela cara dela ela queria medir outra coisa. Atendente safada e oferecida.
— Está com ciúmes?
— Nossa estou morrendo de ciúmes — ele apressou o passo e ficou ao meu lado — vai lá e mostra ela as suas habilidades de virjudo.
— Ah eu não acredito — ele começou a rir alto e aquilo me irritou — você ficou com ciúmes da atendente me tocando.
— Por que está falando tão alto? — perguntei irritada — não foi você que disse que não era pra chamarmos atenção?
— Está irritada atoa. Agora vamos procurar uma máquina de pelúcias, não podemos chegar na mansão de mãos vazias ou a Horrania vai nos matar. A propósito, quer comer alguma coisa?
Deixamos aquela área e após andarmos um pouco chegamos até uma pequena praça de alimentação. O cheiro era tentador e agradável, uma mistura de temperos, frituras e assados. Em todas as direções haviam grandes vitrines de doces, salvados, máquinas de bebidas e sorvetes. Era uma pequena parte do paraíso, assim diria Horrania caso presenciasse que tal lugar existia. O centro da praça era repleto de bancos de mármore, decorações chamativas e jovens conversando alto.
— Quero comer dois salgados, um sorvete e dois doces — fiz minhas exigências enquanto andávamos pela lateral da praça.
— Então vá lá e compre.
— Eu?
— Sim, você Kaila. Eu não estou com fome.
— E o que eu falo??? Eu não sei pedir essas coisas não. Vá você e me traga alguma coisa.
— Como assim não sabe pedir um lanche, você trabalhava na droga de uma lanchonete.
— Coisa do passado, agora eu sou uma dama.
— Pois a dama vai ficar com fome se não for pedir — Lúcifer sentou-se em um dos bancos próximos e cruzou os braços dando seu típico sorrisinho idiota.
— Que seja, lembrei que não preciso de você — reclamei seguindo em direção a uma das vitrines com salgados diversos e um dos funcionários usando uniforme colorido aproximou-se do bancal de atendimento.
— Em que posso ajudar?
— Vou querer... bem, poderia me dizer os preços... — droga, eu não estou com nenhum dinheiro aqui. Como não lembrei disso antes — só um instante, eu volto já — dei meia volta e o diabo balançava um cartão preto.
— Parece que você precisa de mim — ele disse quando eu cheguei perto.
— Que bom que o seu humor está extrapolando as fronteiras.
Ele me entregou o cartão e me disse qual era a senha, voltei e peguei quatro salgados quentinhos que vieram dentro de uma bandeja contendo alguns molhos extras.
— Podemos ir? — ele perguntou quando eu terminei o terceiro salgado.
— Ainda tem mais um aqui.
— Idai, você já comeu três.
— Três não são quatro, não irei desperdiçar comida.
— As vezes me esqueço de que você vivia de restos — ele apertou minha bochecha cheia.
— Seu cu.
Ao terminar de lanchar saímos a procura de uma máquina de pelúcias e como de costume eu nunca tinha encostado em uma antes. Passamos pela área infantil e do outro lado avistamos, era grande, tinha uma garra e vários pelúcias diferentes amontoados um em cima do outro. Lúcifer precisou ir rápido até um caixa eletrônico para sacar algumas moedas e quando voltou segurava uma sacola cheia.
— Pronto — ele balançou a sacola e todos que estavam passando nos olharam.
— Pra que isso tudo? Quer mostrar que é rico?
— Acha que vai conseguir pegar um pelúcia de primeira? Você é muito inocente Kaila — ele colocou a sacola no chão e retirou uma moeda, enfiou na máquina e essa ligou na mesma hora. Em seguida posicionou-se de frente para os controles que consistiam em um botão vermelho e uma alavanca de borracha para controlar a garra. Guiou a garra de um lado a outro e apertou o botão a acionando, esta desceu de uma vez sobre a orelha de um cachorro peludo, fechou mas não segurou.
— Minha vez — o empurrei e tomei o seu lugar, coloquei uma moeda e guiei a garra até um panda, apertei o botão confiante. A garra desceu sobre a barriga do pelúcia mas não conseguiu agarra-lo.
— Acabou — Lúcifer me puxou e voltou a segurar a alavanca. E ficamos ali revezando para ver quem seria o primeiro a pegar alguma coisa, chegou num ponto em que nem escolhíamos mais, apenas colocávamos a moeda e apertávamos o botão.
— Impossível — reclamei.— Vou ter que comprar essa maquina — Lúcifer estava mais irritado do que eu.
— Deixa de ser idiota, você não pode comprar a máquina só por que ela te deu uma surra.
— Vou levar um desses pelúcias nem que eu tenha que gastar todas as moedas — ele voltou a jogar e foi exatamente isso que aconteceu, acabaram todas as moedas e o jeito foi comprar um pelúcia na sessão de brinquedos.
— Devíamos ter feito isso antes — falei enquanto andávamos até a saída com um grande pelúcia fofo em mãos. Horrania vai amar.
— Alguém tem que analisar essas máquinas. Elas são piores que um cassino.
— Nunca fui em um cassino.
— Você não iria gostar.
Voltamos ao carro e colocamos o pelúcia no banco de trás.
— Onde vamos agora? — perguntei sentando ao seu lado e fechando a porta.
— Casa. Você já ficou exposta demais. Amanhã iremos a um parque com Horrania e depois sem saídas desnecessárias. É perigoso.
— O mesmo papo de perigoso de novo, eu já disse, não tem ninguém vestindo preto me perseguindo. E mesmo se tivesse eu sei me defender.
— Você não tem nem tamanho Kaila.
O carro entrou em movimento e em poucos minutos estávamos entre vários veículos cruzando as ruas movimentadas da cidade. Tudo havia sido bem divertido, tirando o fato de ficarmos entalados na porta giratória. Tempos depois estávamos na estrada solitária que seguia entre grandes árvores e ia ao encontro da grande mansão do diabo.Ao chegarmos o porteiro abriu o portão e Lúcifer pediu que eu levasse o pelúcia de Horrania enquanto ele guiava o veículo para o estacionamento. Então fiz isso e comecei a andar rumo as portas abertas da mansão, passei pelo chafariz, pelos arbustos e bancos. E foi nesse momento que um homem surgiu na porta e eu parei de andar na mesma hora, fiquei encanrando-o. Ele usava um terno branco, seus cabelos castanhos estavam impecáveis e em seu rosto havia uma feição de grande arrogância. Ele sorriu para mim enquanto continuava vindo em minha direção, é alto, da mesma altura que Lúcifer. Não... não é só isso, o mesmo jeito de andar, o mesmo olhar orgulhoso, o mesmo modo de usar o cabelo...
— Quem é você? — perguntei dando passos para trás, mas ele é mais rápido, já está na minha frente.
— Eu sou Lúcifer — ele tem uma voz grave e ameaçadora. Que tipo de pegadinha é essa?
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Meu Diabo Favorito
Romance#20 Em Romance! "Nem Deus Poderá Salva-la Dos Meus Desejos Mais Sombrios" Kaila vê sua vida virar de cabeça para baixo após receber um pergaminho misterioso vindo de um sujeito que se diz ser o próprio diabo. Descrente e sem muita escolha, ela assin...