Loucura

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_ Pelo amor de Deus! Como que você está dentro desse carro e não tem um mundo de pessoas do lado de fora? - perguntei, tentando me recompor.

Miko já tomava seu lugar no banco do passageiro. No banco do motorista tinha outro homem, mais velho, com um singelo chapeuzinho que me lembrava meu avô...

_ Oi Lucy! Desculpe se te assustei. Bill, esta é a Lucy. Lucy, este é o Bill. Oh, claro, e este é o Bubles. - apresentou Michael, salientando o pronome ao falar do segurança.

Bill deu uma olhadinha para trás. Eu sabia exatamente quem ele era. Já tinha visto centenas de fotos.

_ Oi moça! O Michael comentou sobre você

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_ Oi moça! O Michael comentou sobre você. A gente da um jeito de passar desapercebido quando precisa. Quase sempre dá certo, é só o Michael colaborar também: se ele fica quietinho no carro, a gente consegue, certo, garoto? - disse Bill, de um modo bem paternal. Bem do modo como sempre imaginei.

_ Sim, senhor Bill. - respondeu Michael.

Ele parecia bem humorado, e também bem mais descansado do que a última vez que nos vimos.

Bubles era realmente uma graça. Extremamente bem adestrado por Michael, que o mantinha totalmente sob controle.

Percebi que Michael estava evitando entrar em qualquer assunto mais profundo. Conforme íamos passando pelos locais, ele ia comentando sobre alguma questão turística ou histórica que conhecia, ou que queria conhecer.

Eu ficava me lembrando que, a Irlanda serviu de abrigo e refúgio para ele na minha realidade, durante, talvez, o último período feliz de sua vida.*

*Em 2006, Michael alugou uma propriedade na Irlanda, onde morou um tempo bastante tranquilo com os filhos. Moradores da região relatam que ele mostrava-se saudável, feliz e bem disposto na época.

O rádio do carro estava ligado. As canções eram maravilhosas... eu me sentia ouvindo aquelas rádios clássicas que, na minha realidade, a gente costuma ouvir em consultório de dentista, ou em salões de cabelo mais elegantes...  Eu praticamente vibrava a cada música que começava e acho que Michael percebeu minha empolgação, tanto que não se conteve em perguntar:

_ Essas músicas ainda tocam, ãh... de onde você vem? - perguntou ele, um pouco relutante com o final da pergunta.

Dei um sorriso triste para ele.

_ Só em poucas rádios... a música mudou muito. Pra muito pior, se quer saber... - respondi.

Michael riu e olhou para o lado de fora. Dava para perceber que ele estava em uma luta interna.

_ Você quer saber como é, não é? - perguntei.

Ele abriu um sorriso maior.

Caramba, um sorriso daquele que eu só tinha visto em fotos ou em vídeos.

Michael Jackson - Living the DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora