11º Capítulo

79 7 0
                                    

Estávamos deitados na cama. Michael, quase sobre mim, tinha o rosto muito perto do meu, fazendo o clima de lamento de minutos antes se transformar totalmente.
O vulcão começava a soltar fumaça.

_ Michael... - disse seu nome em tom de alerta.
_ Eu sempre me imaginei numa família assim, com muitos filhos... adoraria formar essa família com você. - disse ele, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

Michael era um homem enigmático. Ao mesmo tempo que tinha uma aura pura, quase inofensiva e infantil, bastava uma pequena mudança no tom de voz, uma sútil alteração no modo como ele olhava, que a inocência sumia e o Michael sedutor e atraente aparecia em uma fração de segundos. E era ele que estava ali, me dizendo que queria formar uma família comigo.

_ Mas e agora? Nesse momento. O que pretende fazer comigo? - perguntei, tentando manter meus olhos nos dele, pois sabia que se eu olhasse em seus lábios, eu estaria perdida.

Sem aviso, senti a mão direita dele subindo pela lateral do meu tronco. Meu corpo deu um pequeno tranco. Uma reação que eu não consegui controlar.

_ Tudo bem? - perguntou.

_ Não sei... talvez esteja bem demais. - respondi, fechando os olhos.

Senti quando ele, delicadamente, contornou meu rosto com os lábios, como se decorasse minhas feições, até chegar perto de meu ouvido.

_ Faltam seis meses para o fim da turnê. Não é muito. Não quero ser tão radical. Acho que, podemos ser mais flexíveis...- disse ele, quase num sussurro.

Eu não queria mais falar. Eu já tinha entendido que não iríamos até o fim, mas nem eu sabia se queria ir tão longe.

Eu era uma mulher sem passado. Eu só tinha o presente e o futuro e eles se resumiam a Michael. Ele era a razão pela qual Deus tinha decidido me dar uma nova chance e, se Ele tinha decidido apagar tudo que eu tinha vivido até então, é porque não havia nada a se aproveitar. Se era assim, talvez eu realmente devesse fazer as coisas de um modo diferente do que as pessoas costumavam fazer.

Estar nos braços de Michael era algo difícil de ser explicado.  Seu toque era uma união perfeita entre a força e a suavidade, e ele se movia quase como em uma dança, mesmo ali, sobre a cama e eu percebia que Michael tinha uma certa preocupação com a estética, com o cenário...

_ Espere um segundo. - disse ele, levantando-se com destreza.

Levantei meus olhos e o vi indo em direção ao aparelho de som. Ele escolheu meticulosamente uma fita k7 e a colocou. Era uma fita de música instrumental que eu não reconheci, mas era um trilha de soul profundo.
Ele também apagou parte das luzes do quarto, deixando apenas a antessala acesa, o que fez o quarto ficar numa certa penumbra, que nos permitia ver um ao outro, mas de um modo mais íntimo. Por fim, ele fechou as cortinas em volta da enorme cama em estilo colonial, antes de subir de volta, ajoelhando-se a minha frente.

Mesmo com aquele pijama azul listrado, ele era lindo...

_ Acho que temos um cenário mais bonito agora. - disse ele, oferecendo-me a mão, me convidando a sentar-me.

Eu não tinha palavras. O vulcão em meu peito, em plena atividade, queimava, mas não de modo descontrolado como no outro dia. Era um calor que parecia saber o seu lugar.

_ Acho que qualquer cenário seria incrível. - respondi.

Ajoelhei-me também, por fim, segurando-lhe pela nuca, sentindo os cachos ainda úmidos em minhas mãos. Aproximei o rosto e fechei os olhos, primeiro para sentir os aromas... os perfumes que vinham dele, o cheiro de banho tomado, misturado a fragrância do perfume, uma mistura de um aroma adocicado e amadeirado. Desci minhas mãos pelo seu pescoço, buscando sua pele, na verdade, buscando sentir mais de sua pele. Senti quando ele envolveu meu rosto com suas mãos, passando os polegares delicadamente sobre meus olhos, fechando-os.

Michael Jackson - Living the DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora