Visão de Lucy
Londres, 1988
Eu estava sentada ao lado de Michael há quase 45 minutos. Ele se mantinha com a mesma expressão. Os batimentos se mantinham no mesmo ritmo. Lá fora, no entanto, eu percebia que o clima estava prestes a mudar: o avião que trazia Janet e Katherine tinha pousado e elas estavam a caminho.
Meu coração estava temeroso... Eu sentia que seria tirada novamente do lado de Michael, afinal, mãe e irmã iriam querer ocupar aquele espaço.
_ Michael, você podia acordar e dizer alguma coisa... Não é nada legal eu ter que me apresentar sozinha para sua mãe e sua irmã. Não sei nem o que eu vou dizer. - eu falava.
Aliás, eu tinha tagarelado por todo o tempo que estava ali.
Não que tivesse muito que eu pudesse dizer... Eu falava das canções que ele gostava, comentava sobre os filmes que sabia que ele já tinha assistido, dizia que ele ia começar a comer direito depois que saísse do hospital e que íamos contratar um nutricionista.
Eu percebia que os enfermeiros algumas vezes prestavam atenção, por isso não falava nada comprometedor. Em alguns momentos, chegaram a rir enquanto eu dizia que ele ia ser um vegano que passaria a comer mais carne.
_ É porque ele come frango do KFC. Aparentemente, para ele, frango não conta como carne. Vou tentar convence-lo de que peixe também não é carne. Uma das metas é fazê-lo comer direito... - eu expliquei, rindo também.
Era bom manter o clima leve em volta dele, eu queria que ele acordasse entre sorrisos.
Quando eu estava começando a ficar sem assunto, Bill entrou, acompanhado pelo médico.
_ Lucy... Como está aí? - perguntou ele.
Bill estava arrasado, cansado e triste.
_ Igual. - respondi.
O velho segurança e protetor principal de Michael deu a volta e se aproximou, ele fez um carinho na cabeça de seu chefe, tal como um pai faria em um filho. Seus olhos se encheram de lágrimas... Bill amava Michael. Não era apenas uma relação profissional.
_ Você está com ele há muito tempo, não é? - perguntei.
Bill deu uma fungada.
_ Desde de que ele era só um moleque de calças coloridas... Eu era segurança na Motown. Estou com Michael há 17 anos, eu acho.
Fiquei em silêncio. Talvez eu devesse sair dali...
_ Eu... vou deixar o senhor com ele... - comecei a dizer, mas Bill me interrompeu.
_ Não! Fique Lucy. Aquele idiota do Dileo armou pra você e eu sei disso porque eu mesmo pesquisei sobre você e não tem nada, então eu sei que o que ele falou pro Michael foi armado. Ele está maluco lá fora. A senhora Jackson e a menina Janet estão vindo. Quando elas chegarem elas decidem sobre você. Por enquanto, se o Michael te chamou, fique aqui. Ele gosta de você de verdade.
Eu sorri em resposta. Não tinha intimidade com Bill, mas sentia que ele era um bom homem.
O médico pigarreou, pedindo atenção.
_ Senhor Bray, gostaria de passar o relatório das últimas horas para o senhor. Ainda que o próximo plantão tenha tudo registrado, acho importante comunicar...ele está estável. Não houve melhora, mas não há piora. Porém precisamos que ele tenha maior atividade cerebral...
O médico então começou a usar diversos termos que eu não compreendia bem, saindo com Bill, que prestava atenção, acredito que para passar a informação para a família caso fosse preciso. Eu abaixei ao lado do rosto de Michael e cochichei em seu ouvido:
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Michael Jackson - Living the Dream
FanfictionCONCLUÍDO Viver ou sonhar? Manter os pés no chão, na realidade que conhece ou arriscar o que não é palpável, mas pode vir a ser? Lucy não consegue mais manter sua mente na própria vida: seus pensamentos estão presos a uma outra época, numa outra dé...