CONCLUÍDO
Viver ou sonhar? Manter os pés no chão, na realidade que conhece ou arriscar o que não é palpável, mas pode vir a ser? Lucy não consegue mais manter sua mente na própria vida: seus pensamentos estão presos a uma outra época, numa outra dé...
Só os donos de IPhone vão saber o quão irritante é acordar com esse barulho.
Mas para mim, foi extremamente reconfortante.
Eu tinha acabado de ter o sonho mais vívido, mais real da minha vida. Juro que cheguei a passar as mãos nos cabelos para conferir o comprimento deles antes de me levantar.
Olhei no celular: 6h10. Eu já estava 20 minutos atrasada...
Quando Ed chegou à tarde, eu estava no quarto, terminando uma aula da faculdade, já desligando o computador. Ele passou, bagunçou meu cabelo, e me zoou como de costume:
_ E aí, animal planet? E esse curso de biologia? Termina nessa década ainda?
Não era ofensivo. Era o modo dele participar das minhas coisas. Pode parecer que não, mas ele falava de um jeito carinhoso.
_ Um ano e meio. Ano que vem começam os estágios... - respondi.
_ E você não pega DP não, né?
Aí eu me senti ofendida. Eu era uma nerd convicta.
_ Que DP garoto? Está maluco? Não tenho nenhuma recuperação no meu histórico escolar inteiro, seu repetente da 3ª série! - retruquei, derrubando-o na cama.
_ Bom... então acho que posso te levar para dar um passeio diferente em dezembro? - perguntou ele, com cara de quem estava aprontando...
Era difícil para nós marcarmos viagens. Ed tinha um caminhão. Herança do pai. E como caminhoneiro, não tinha como planejar com grande antecedência, o que nos fazia sempre recorrer ao litoral norte paulista para nossas férias: uma semana em Ubatuba era a nossa maior aventura até então. O que seria um passeio diferente?
_ O que tem em mente? - perguntei.
Ele apenas pegou o telefone e me enviou uma mensagem.
Olhei meu celular. Ao abrir, meu coração doeu um pouco.
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A boa vontade dele era notória...
Eu tinha inserido em nossa rotina de passeios alguns musicais. Tínhamos visto Rua Azusa, Grease, depois alguns outros muito bons. Mas será que ele tinha visto que MJ The Musical só estava em cartaz na Broadway? Um mundo inteiro de distância da nossa realidade?
_ Amor... não tem esse espetáculo aqui... - disse a ele, com um sorriso bondoso.
Ele continuou me olhando... e então sorriu de volta.
_ Então vou ter que te levar até a Broadway né? Mulher de gosto caro esse que eu tenho! Você podia ser fã de sertanejo né? - disse dando uma gargalhada que me fez lembrar do porquê que eu o amava tanto, e do motivo de nenhum sonho poder substituir aquilo que tínhamos construído juntos.
