Posfácio 2

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_ Mãe, conta de novo a história de como você conheceu o pai!

_ É mãe! Conta!

Eu ouvia as crianças no quarto delas fazendo o mesmo pedido para Lucy enquanto eu colocava Paris no berço.

Esse era o "conto de fadas" que eles mais gostavam.

Para Michael e Prince, nós tínhamos contado nossa história quase exatamente como tinha acontecido, apenas uma versão mais "simplificada". Não sabíamos ainda como faríamos a transição do "conto de fadas" para "milagre", mas eles cresceriam sabendo que, sim, nossa família tinha sido formada graças a bondade e a um milagre de Deus.

Depois de cinco anos de casados, nós, os adultos, já éramos minoria na casa. Tal como desejávamos.

Michael e Prince, nossos meninos, eram de fato, cópias minhas de quando eu era pequeno. Chegava a ser engraçado.... Quando decidimos que nosso primeiro filho se chamaria Michael, Lucy ainda estava grávida, mas ela sabia, ela tinha certeza que ele sairia a mim.

Agora, com cinco anos, era inevitável não olhar para ele e ver o menino de Garry cantando Climb Every Montain, apesar dele mostrar mais talento para os instrumentos de percussão.

Prince estava com quatro anos. Ele veio logo em seguida... um companheiro para Michael. Para mim, ele me lembrava Marlon, apesar de Lucy ainda o achar semelhante a Randy. Prince sim gostava de cantar e não era difícil encontrá-lo comigo no estúdio acompanhando meus ensaios.

Paris chegara há apenas três meses. Nossa pequena princesa. Ainda era difícil dizer com quem se parecia apesar de ter a pele dos Jacksons, mas o temperamento era da mãe... uma garotinha de opinião: não gostava de qualquer colo e escolhia bem com quem queria ficar.

Minha vida agora girava em torno deles: Lucy e as crianças.

Sim, eu tinha muitas músicas... centenas delas! Muitas apenas escritas, outras tantas em demos feitas aqui mesmo em casa, mais umas tantas gravadas, já prontas para serem lançadas, o que era muito mais fácil agora, já que nós tínhamos nosso próprio selo.

Mas... eu não tinha pressa.

A ânsia que eu tinha em me superar, em manter-me no topo... não existia mais.

Eu continuava amando a música. Continuava amando o palco. Tanto que, eventualmente, promovíamos grandes concertos em locais específicos, arrecadávamos fundos para algumas causas e isso era muito legal, pois me permitia estar próximo dos fãs.

Aliás, os fãs eram incríveis. Sempre foram.

Depois que Michael nasceu, eu decidi que era hora de falar abertamente sobre a minha condição de pele. Eu morria de medo da rejeição e Lucy sabia disso. Mas ela sempre me garantiu que os fãs ficariam do meu lado, e ela tinha razão.

Foi fantástico receber depoimentos de tantas pessoas que se sentiram acolhidas por saberem que eu tinha vitiligo e puderam assim se ver representadas de alguma forma. Eu acabei me sentindo acolhido também.

Seguíamos porém, muito cautelosos com quem entrava em nossa vida. Bill, sempre ele, ainda vasculhava cada nome, e mesmo assim, se Lucy não se sentisse bem sobre alguém, não permitíamos que a pessoa se aproximasse. Famoso ou anônimo.

Éramos seletivos, e isso nos garantia paz. Neverland era nosso lugar de paz.

Algumas vezes eu me pegava pensando na outra Lucy... queria poder dizer a ela que tinha dado tudo certo.

Também me pegava pensando nos outros Michaels das outras realidades... lamentava por eles... queria que, como eu, eles tivessem tido uma chance.

Todos os dias eu pensava em Deus, e agradecia. Agradecia por ele ter se importado comigo, e, pensando bem, mesmo se Ele não tivesse movido todo o tempo por mim, ainda assim eu teria muito a agradecer.

Que vida incrível que eu tive!

Os lugares que eu fui, as pessoas que eu conheci, as canções que pude cantar...
Cantar...
Dançar...
Só por poder fazer essas duas coisas eu já fui muito abençoado. Mas não só pude fazer, como pude compartilhar isso com o mundo todo! Pude colocar no papel o meu coração, transformar isso em música, em melodia, chamar pessoas para materializar a canção que existia na minha mente, e depois mostrar isso ao mundo inteiro, e ainda ver que as pessoas gostavam disso, que se alegravam com isso, que se emocionavam com aquilo que eu criava!
Eu pude dançar e criar magia para encantar as pessoas, fazendo-as esquecer de seus problemas, dando a elas uma válvula de escape dos problemas. Pude inspirar pessoas...
Com minha arte eu pude ainda levar ajuda de verdade a lugares onde os governos não chegavam, pude falar de temas pra fazer as pessoas pensarem no seu próximo, para ajudar a realmente a curar o mundo.
Puxa...
Então, mesmo que Ele não tenha movido o tempo, mesmo que as coisas não tenham terminado tão bem em alguma realidade, acho que eu podia sim agradecer pela minha vida.

Eu podia dizer que não foi fácil ser Michael Jackson, mas era preciso admitir: ser Michael Jackson tinha sido mágico, em todas as realidades que se pudesse imaginar.

Eu podia dizer que não foi fácil ser Michael Jackson, mas era preciso admitir: ser Michael Jackson tinha sido mágico, em todas as realidades que se pudesse imaginar

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Lu Fernandes

Michael Jackson - Living the DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora