13º Capítulo

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Os shows em solo espanhol ficaram para trás. Os dias se passavam como um sopro. Foram três países e seis concertos em 15 dias. Michael emendava reuniões, visitas a hospitais, alguns roteiros turísticos quando possível. Em algumas dessas saídas ele me levava, em outras era impossível e eu entendia.
Pelo menos achava que entendia.
Eu já tinha iniciado minha nova empreitada de estudos: Michael tinha conversado com uma antiga amiga, ainda da época da Motown, Suzana de Passe, e ela, mesmo sem ser formada em direito, indicou alguns livros que eu poderia ler e os mandou por correio. A posição que ela ocupava na antiga gravadora a fazia precisar compreender um pouco de tudo, inclusive sobre a parte jurídica, então ela mesma ofereceu os livros, mesmo sem saber exatamente para quê o antigo protegido os queria.

Estávamos na Suíça e Michael preparava-se para sair. Eu estava tão concentrada nos livros que tinham acabado de chegar que não sabia se era uma reunião ou uma visita filantrópica.

_ Queria que você pudesse ir comigo, mas acho que a imprensa já está na minha cola... - disse Michael, enquanto Bush o ajudava com a jaqueta e Karen com o cabelo.

Eu tinha a cara enfiada nos manuais de direito. Os termos jurídicos não eram os mais fáceis, mas eu estava focada.

_ Tudo bem. Me traga chocolates. - respondi, levantando o rosto e dando uma piscada para ele.

Ele me sorriu de volta. Eu me derretia por aquele sorriso.

_ Pode deixar. - respondeu ele, esticando-se para me dar um beijo antes de sair.

Eu tinha as cópias de alguns contratos de Michael comigo. A partir deles eu estudava, analisando as cláusulas observando as questões jurídicas e jurisprudência da área.
Não era uma tarefa empolgante, porém, cada vez mais eu percebia que aqueles contratos pareciam ser feitos para amarrar Michael sem dar a ele um minuto de paz. Ainda que a lucratividade fosse alta, a cobrança pela produtividade era gigante.
Além de tudo isso, a CBS, gravadora de Michael desde que saíra da Motown, estava negociando uma possível venda para a gigante japonesa Sony, e nesse tipo de negócio, contratos são revistos, combinados refeitos, cláusulas reformuladas...

Olhei no relógio. Eu já estava sentada ali há mais de uma hora desde que Michael tinha saído.

_ Uau! Preciso levantar! - disse pra mim mesma.

Calcei meus tênis e coloquei um casaco. Estava decidida a descer até o restaurante do hotel, pelo menos para esticar as pernas e tomar um chocolate quente. Peguei um dos óculos escuros de Michael, apenas para disfarçar: meu rosto ainda passava despercebido, por mais incrível que parecesse.

Assim que saí no corredor, porém, tive minha primeira surpresa: um segurança, na porta do quarto.

_ Boa tarde senhorita Fergunson. Precisa de algo? - disse o homem que eu não conhecia, apesar de saber que ele era da equipe.

_ Ah, oi! Desculpa... qual o seu nome?

_ Forger.

_ Oi Forger. Eu não preciso de nada, obrigada. Só vou ao café lá no térreo tomar alguma coisa.

O homem me fez uma cara que eu, verdadeiramente, não gostei.

_ A senhorita não prefere pedir que tragam aqui no quarto? - perguntou, nem gentil, nem grosseiro.

Eu não sabia bem como responder... era difícil não saber qual posição eu ocupava naquele organismo chamado "staff de Michael Jackson".

_ Ãh... Na verdade minha ideia era justamente caminhar um pouco Forger...

Assim que respondi, o homem chamou alguém no rádio.

"Atenção, estou descendo para o térreo com a senhorita Fergunson."

Michael Jackson - Living the DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora