Michael Jackson - Living the Dream

24º Capítulo

Visão de Michael

Realidade desconhecida

Conforme andávamos, o rio ia ficando cada vez mais fundo, até um ponto que decidimos voltar a caminhar pela margem. Conversávamos sobre muitas coisas, mas principalmente sobre as evoluções da tecnologia, algo que sempre estava na pauta de nossos assuntos preferidos.

_ Ter as músicas que você quiser, para ouvir na hora que você quiser, na palma da mão, sem precisar sair de casa, ir numa loja... Isso é ao mesmo tempo assustador e formidável!

Lucy ria, afinal, aquilo parecia ser a coisa mais comum do mundo para ela.

_ Eu estou esperando pela tecnologia dos hologramas, na verdade a evolução deles, ou então da realidade virtual: poder dar a Dany o prazer de ver um show seu, pelo menos assim, virtualmente. - disse.

_ Caramba... Nem consigo imaginar algo assim... - respondi.

_ Espere por "De volta para o futuro 2", vai ter uma cena com um tubarão. Você vai ver e vai se lembrar dessa conversa. - respondeu.

Eu sorri. Esperava realmente guardar essas lembranças quando acordasse. Se acordasse.

_ Você, pelo menos, pode viver isso, não é? Pode dizer que foi a um show.

Lucy então parou e olhou-me por alguns segundos, olhou para o alto e sorriu, um sorriso muito grande. Ela começou a gargalhar na verdade, o que me fez rir também. Porém, quando percebi melhor, ela chorava. Mas era um choro carregado de alegria, de uma emoção genuína. E então me abraçou.

_ O que foi? De onde veio isso, essa emoção toda? - perguntei, enquanto a segurava.

_ Você tem noção disso? Eu voltei para minha realidade e não pude contar isso a ninguém. Mas eu tive este privilégio, Michael! Eu vivi aquela emoção! Eu estive na fila, fui a primeira! Eu corri pelo gramado, eu bati o peito no alambrado, eu cantei as músicas olhando você dançar com aquele figurino incrível! Eu subi no palco e cantei She's Out of My Life com você! Eu vivi isso! Eu... Eu sou tão, tão grata a Deus...

Eu olhava para Lucy sem poder entender o que ela sentia. Talvez eu nunca entendesse... Mas acho que era porque eu tinha tido sorte: eu vi todos os meus ídolos: eu vi James Brown, eu vi Smokey Robson, eu até pude ver Stevie Wonder criar seus discos e gravar com ele. Mas ver a alegria dela me enchia de contentamento.

_ É bom ver você assim...

Lucy sorriu, e o efeito do vento batendo no cabelo dela, que estava mais longo do que eu me lembrava, com o que parecia um por do sol atrás das montanhas, tornava aquele momento ainda mais bonito.

_ Você sabe que esse é o fim, né? A gente não vai se ver mais depois daqui. Não assim, não nesse nível.  - disse ela, estendendo a mão para mim.

Eu segurei a mão dela, segurei forte. Segurei como se fosse possível nunca mais soltar.

_ Mas a gente não vai ser o mesmo. Você me mudou. E eu sei que a Lucy vai continuar a me ajudar a fazer as mudanças que eu preciso. - respondi, sentindo um nó na garganta.

_ Comece com o homem no espelho, certo? - disse Lucy, sorrindo.

Também sorri.

_ É minha filosofia também. - respondi.

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Visão de Lucy

Londres, 1988

Conhecer Katherine e Janet foi mais fácil do que imaginei.Quer dizer, fácil porque ambas eram simples e diretas, não existiam jogos, o que facilitava a comunicação.