CONCLUÍDO
Viver ou sonhar? Manter os pés no chão, na realidade que conhece ou arriscar o que não é palpável, mas pode vir a ser? Lucy não consegue mais manter sua mente na própria vida: seus pensamentos estão presos a uma outra época, numa outra dé...
Mesmo com um banho frio, mesmo sentindo meu cabelo molhado, ainda pingando, parecia que eu estava em brasa.
Eu sabia que Michael tinha visto relances de meu banho desesperado, de shorts e camiseta, mas ele era um cara tão honrado que fez o máximo para não olhar demais, ainda que tenha sim, dado algumas espiadas.
Quando desliguei o chuveiro, por um segundo, pensei em me despir e circular nua pelo quarto, só de pirraça... mas a quem eu queria enganar? Eu não tinha essa coragem.
Michael estava sentado na cama, não sei se lendo algo, ou escrevendo... talvez compondo... inspiração não faltaria.
Fechei a porta do banheiro, tirei a roupa molhada, coloquei o roupão e fui em busca de uma roupa.
Quando saí mais cedo, eu tinha aproveitado e comprado alguns vestidos mais leves e decidi colocar um deles. Começava a anoitecer e enquanto eu lidava com a fogueira acesa dentro de mim, Michael parecia um lorde, o senhor de seus sentimentos e sensações, e todo aquele autocontrole me irritava profundamente.
_ Você fica bem de vestido. - disse Michael, quebrando o silêncio do quarto.
Eu sorri em resposta, ainda incapaz de dizer alguma coisa.
Michael resolveu ligar para Miko pedindo para o amigo/segurança o ajudar a jogar algumas fotos para os fãs lá embaixo. Nesse momento eu permaneci sentada na cama, percorrendo os canais de TV: ninguém na multidão podia sonhar que Michael tinha uma garota em seu quarto, seja lá por qual motivo fosse.
_ Ah... as meninas precisam achar que podem conquistá-lo! Se sabem que foi fisgado, perde o encanto. - dizia Miko.
Eu observava Michael assinando aquela pilha de fotos, parecendo uma máquina. Era quase uma linha de produção. Ele podia assinar apenas "MJ", como tantos outros artistas que usavam apenas as abreviações, mas ele não fazia isso: ele fazia questão de assinar e escrever pelo menos a palavra "amor" ao lado.
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Quando ele saiu na sacada, a euforia lá embaixo não me permitia ouvir a TV. Eu imaginava que os demais hóspedes do hotel deviam odiar estarem hospedados no mesmo local que Michael. Era tentador ir ali e ficar ao lado dele, apenas para ver a alegria das pessoas ao olhá-lo, mas eu podia me contentar em ver a alegria dele em acenar para os fãs, e mesmo estando a muitos metros de distância, ele tinha dificuldade em se despedir deles e entrar, ainda que suas aparições não fossem longas: ele detestava as fotos feias e borradas que tiravam dele nessas situações.
Depois que entrou e Miko saiu, pedimos que subissem o jantar. Enquanto esperávamos, era perceptível um certo constrangimento. Um pouco de minha parte, um pouco da dele. No entanto, ainda que eu estivesse envergonhada, ainda que eu soubesse que as intenções de Michael eram corretas e louváveis, eu tinha uma enorme dificuldade de conciliar estes pensamentos com os sentimentos que ardiam em mim quando eu observava Michael, extremamente singelo e belo, sentado na escrivaninha, com o cabelo semi preso, sem nenhuma maquiagem, lendo o livro O Velho e o Mar.
