14º Capítulo

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Visão de Michael

Era dia 24 de agosto. Faltavam só cinco dias para o meu aniversário. Nós estávamos voando para Londres novamente. Os concertos na Alemanha e Bélgica tinham sido excelentes.

A única coisa que não estava excelente era o clima na equipe.

Eu tinha conversado com Jolie. Ela simplesmente me ouviu. Não negou, não admitiu. Forger, pelo contrário, ficou tão desconcertado quando Bill falou com ele, que quase chorou com medo de ser demitido. Eu tendi a acreditar que minha assistente o usou em seu plano, e o manipulou. De qualquer forma, achamos melhor deixá-lo em outra posição no esquema de segurança.

Eu ainda precisava lidar com Jolie. Não conseguia dispensá-la, apesar de não ver a hora de poder passar algumas coisas para Lucy, aliás, ela parecia uma universitária: estudava durante quase todo o dia, e quando não entendia algum termo, ficava inquieta e não se conformava até compreender. Não demoraria, ela conseguiria desvendar toda a parte burocrática que eu achava medonha.

Mas se dentro do quarto de hotel e durante os voos, eu e Lucy continuávamos nos dando muito bem - talvez bem até demais - os bastidores do show seguiam tensos... Eu percebia como ela e Bush cuidavam dos figurinos como dois cães de guarda. Percebia também como Jolie estava próxima de Sheryl e como elas andavam construindo uma amizade que, até então, não costumava existir. Percebi como Dileo mostrava-se simpático com Sheryl e ela com ele também. Quando comentei isso com Lucy, ainda durante o voo entre Bélgica e Londres, sua explicação foi sagaz:

_ O inimigo do meu inimigo é meu amigo... Talvez seja isso.

Eu não gostava de comentar, mas Sheryl às vezes forçava a barra. Não que ela tivesse muitas oportunidades para isso, mas algumas vezes, na passagem de som, ou nos ensaios, quando Lucy não estava, ela queria fazer todo o número que fazíamos no show, toda a encenação. Eu sabia que não tinha necessidade. Era terrível ter que me esquivar dela. Detestava ser grosseiro.

_ Pode ter algum sentido, mas não sei o que elas ganham com isso, com essa amizade. - eu me perguntava.

Lucy deu de ombros.

_ Sei lá, de repente só ter uma companhia para falar mal de mim. - concluiu, rindo.

Porém, assim que descemos no aeroporto e começamos o trajeto para o hotel, foi possível perceber uma movimentação diferente: a imprensa estava mais afoita. Havia um número muito maior de repórteres e de fotógrafos, e desta vez, diferente dos demais países em que tínhamos estado nas últimas semanas, em que Lucy tinha conseguido passar despercebida, quase escondida sob Bill e Miko, ali em Londres parecia que os fotógrafos a procuravam.

Mais do que isso, eles perguntavam a seu respeito e direcionavam perguntas a ela, e mesmo que nenhum de nós parássemos para responder, e algumas frases só pudessem ser ouvidas pela metade, eu não gostei do que ouvi:

"Quem é a moça, senhor Jackson?"

"É a garota de Wembley?"

"Ela não tem permissão para falar?"

"O senhor Jackson não permite que você fale?"

"A senhorita precisa da autorização do senhor Jackson para falar conosco?"

Quando conseguimos entrar na van, Lucy tinha um olhar assustado.

_ O que foi isso? Nunca tinham me notado! - exclamou Lucy, assustada, assim que entrou no carro.

Eu olhava para Bill e Miko, como se eles pudessem me explicar, apesar de eu saber que não podiam.

_ Fizemos o mesmo procedimento que estávamos fazendo! Estava dando certo até agora... - reclamou Bill.

Michael Jackson - Living the DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora