Michael Jackson - Living the Dream

Impossível

Eu tinha tanto medo de deixar Michael terminar o que ele estava dizendo... e meu medo se fundamentava em diferentes questões:

Eu tinha medo dele dizer que queria que eu pudesse ficar com ele, e tinha medo pois eu claramente não podia ficar com ele;

Também tinha medo que ele não dissesse nada disso, pois eu já tinha, lá no fundo, por mais que eu relutasse em assumir, meu ego inflado por sentir que ele poderia estar atraído por mim;

Tinha medo de ele dizer que estava apaixonado, pois eu amava o Ed, e teria que magoá-lo, dando-lhe o maior fora;

Tinha medo de ele dizer que estava apaixonado, pois eu poderia dizer que também estava, e eu ia fazer o quê com isso? Jogar minha vida de verdade nos ares?

Eu estava apavorada, eu não podia deixar ele terminar de dizer o que era impossível e o que ele queria pedir.

_ Sabe o que será impossível? Ter aquela comida vegana sem gosto aqui. Quero ver o que você vai fazer! - desconversei, mudando o rumo da conversa e me sentando para ver o cardápio.

Realmente não havia nada vegano, para minha alegria e frustração de Michael.

_ Frango frito. Eu sei que você come e que você adora. - eu disse, fazendo-o torcer os lábios.

_ As pessoas revelaram tudo ao meu respeito? Sério? Que porcaria! - reclamou ele.

_ Não vai gostar de saber tudo que revelaram. É bom se cuidar e pensar bem em quem confia seus segredos. - sugeri, rindo.

No fim, pedimos um prato com salada, frango frito e vinho tinto. Uma combinação que fez Michael torcer o nariz, refinado como era.

_ Este jantar está todo errado... - insistia ele, dando risada.

_ Ah! Volte a ser o garoto simples de Garry por algumas horas! Parece minha irmã que fica dando conta até do copo certo para tomar o vinho! - reclamei.

Michael pousou os talheres na mesa e me olhou com ares de interesse. Eu sabia que ele começaria a fazer perguntas. Ele adorava saber das coisas.

_ Como é a sua vida? Me fale da sua filha.

Puxa... Falar da Dany...

_ A Dany é uma peça... Você amaria conhecê-la. Ela é viva, daquelas crianças que gosta de brincar, que corre, que se suja, que rola na grama... que vive a infância e verdade. Eu estimulo isso. Ama pintar, ama música, ama desenho... Ah!! E ama o vídeo de Leave me Alone! - lembrei.

_ Sério? Esse vídeo está me dando o maior trabalho! Ainda estamos produzindo.- disse ele.

Ele começou a contar então sobre toda a produção, como cada parte era feita e todo o trabalho que tinham com a animação e os efeitos e eu, sem grandes conhecimentos técnicos na área, tentava debilmente, explicar como isso era feito no século XXI.

Pouco depois ele voltou a querer informações sobre minha família.

_ E seu marido? Ed, não é?

Oh... Ele queria mesmo falar do Ed?

_ Ed... Ed é um parceiro. Parceiro para a vida. Nos conhecemos na igreja. Ele tocava e eu cantava.

Olhos arregalados. Claro que ele ia querer saber disso, e eu ia fugir disso.

_ Você canta?

_ Não... muito longe do nível aceitável para você ouvir... Mas a gente desenvolveu uma amizade e depois de uns três anos começamos a namorar. Quatro anos depois nos casamos. A gente não tinha nada, sabe... Nem grana, nem apoio, nada. Construímos nossa vida do zero. - lembrei.