81. Bomba no colo

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Almira: Maiara, podemos conversar? - ouviu atrás delas depois de algum tempo

A ruiva virou-se para a mulher e viu o casal. Na hora, sentiu um nó no estômago, e a mão da Maraisa no seu ombro.

Maiara: Eu não tenho nada para conversar convosco - falou séria

Marco: Nós queremos explicar-nos - pediu com calma

Maiara: Já vêm bastante tarde, para explicar seja o que for - falou rude

Almira: Nós sabemos que nunca fomos os pais que devíamos, para ti - falou baixo, ao lado do marido

Maiara: Correção, vocês nunca foram meus pais - disse de repente - e eu não tenho nada para ouvir de vocês, não há nada que vocês possam dizer que eu tenha interesse em saber

Marco: Fi... Maiara - corrigiu a palavra que ia dizer - podemos conversar a sós? - olhou para a Maraisa que estava a embalar a bebé no carrinho e arqueou a sobrancelha ao ouvir isso

Maiara: A Maraisa não vai sair daqui, eu não quero, nem vou, ficar sozinha convosco - disse séria e o homem ia a responder, mas ela interrompeu-o - querem saber porquê? Porque foi ela que esteve comigo desde há anos, foi ela que me ajudou quando eu precisei de um abraço, de um carinho, de uma palavra de conforto, foi ela que me fez surpresas de aniversário, com quem passei noites de natal, ela é a minha família, com o Gustavo e a minha filha - falou de repente - vocês não estão em posição de exigir nada, ou de querer o que quer que seja

Almira: Tudo bem, ela pode ficar, claro - falou com um meio sorriso e a Maraisa deu-lhe um sorriso irónico

Maiara: Afinal, o que é que vocês querem? Não vos chega terem-me estragado o dia ontem? Querem estragar o de hoje também? - falou brusca

O casal olhou um para o outro, e o homem respirou fundo. A ruiva, esperou que eles falassem, embora não estivesse com a mínima paciência para esperar que eles começassem a falar. Além disso, ela só tinha era vontade de lhes virar as costas.

Marco: Maiara, eu estou doente, com uma doença grave - falou de repente - a probabilidade de sobrevivência é muito baixa, porque foi descoberta em fase terminal já, e... - suspirou - eu só queria poder conhecer-te um pouco, estar contigo, conhecer a tua família, no fundo, aproveitar um pouco a filha a que não dei valor estes anos todos...

A ruiva estava sem reação, e não sabia o que responder ao que estava a ouvir. Apesar de não ter qualquer sentimento bom sobre as pessoas que estavam na sua frente, ela também não desejava mal a ninguém, e que alguém passasse por uma situação como essa.

Marco: Eu só quero ter a hipótese de estar um pouco contigo, antes de... - baixou o olhar e suspirou

A engenheira não conseguia responder, não sabia o que dizer.

Almira: Nós compreendemos que é muita informação de uma vez só, e por isso, não esperamos uma resposta já - sorriu de canto - tens aqui os nossos números

Marco: Sim, agora que já sabes o que se passa, não te vamos voltar a incomodar - falou sério - eu gostava muito de te conhecer um pouco, mas não quero que te sintas pressionada a nada - suspirou - lamento muito, por tudo

Os dois afastaram-se, e a Maiara sentou-se sem reação. A Maraisa sentou-se ao lado dela.

Maraisa: Mai - segurou o ombro dela

Maiara: Eu não sei o que fazer - falou com lágrimas nos olhos - eles não têm o direito de estar, uma vida inteira, a borrifar-se para mim, e de repente chegam, deixam-me esta bomba no colo e vão embora - a morena abraçou a amiga - eles não têm o direito - deixou cair algumas lágrimas

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