vinte e três

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Pela manhã, senti  os primeiros raios de sol atravessando o fino tecido da cortina, cocei os olhos como um reflexo natural de todos os dias. Quando percebi, senti falta de Sanzu na cama, sentei e esperei a alma voltar pro corpo, eu já ia sair em busca do loiro, mas ao chegar na porta do quarto senti um delicioso cheiro vindo do andar debaixo.

Deixei que ele preparasse o café em paz, e fui para o meu banho. Depois de tudo ok, fui vestir meu uniforme e me arrumar em paz, no andar debaixo vi algo que realmente me assustou. Sanzu estava feliz e cantarolando alguma música engraçada enquanto mantinha um sorriso estranho no rosto, de todos os sorrisos já trocados, aquele eu não conhecia.

— Bom dia. -sorri para ele o abraçando- Você tá muito felizinho hoje.

— Bom dia minha cupcake linda. -o loiro sorriu agarrando meus braços- Meu uniforme novo chegou.

— Chegou? -perguntei curiosa- Vieram deixar algo aqui?

— Aqui não. -ele riu se afastando para colocar as panquecas de sorrisinho no prato- Eu fui buscar na madrugada.

— Deixa eu ver? -Pedi animada.

— Tudo o que você me pedir eu vou fazer. -Respondeu sorrindo.

Sanzu caminhou animadamente até o sofá, onde estava uma sacola de cor escura e puxou um saco plástico e começou a desenrolar o conteúdo do pacote. O uniforme consistia em um longo casaco vermelho com o emblema de Yin e Yang impresso nas costas. As mangas eram adornadas com os lemas da gangue e embaixo tinha o Kanji de Yokohama, a parte debaixo consistia apenas em uma calça vermelha.

— Você trocou de gangue? -perguntei curiosa- Achei que fizesse parte da Tokyo Manji.

— As coisas mudaram cupcake. -respondeu ríspido- Agora faço parte da Tenjiku.

— Então esse era o motivo dos seus surtos? -Perguntei cruzando os braços.

— Sim e não. -respondeu simplista- Um dia eu prometo que te explico melhor. 

— Igual prometeu ontem? -Perguntei o encarando.

— O que eu prometi ontem? -Perguntou se fazendo de desentendido.

— Que ia me contar do que tava me protegendo.

— Ah, eu não quero você metia no meio dessas coisas de gangue. -respondeu mexendo a boca de um lado para o outro- Eu tenho medo de algo acontecer com você.

— Mas eu só queria conhecer as pessoas que passam o tempo com você. -respondi o encarando- Acha que não sei que você pula o muro da escola para fazer os caprichos dessas gangues? Eu só quero ver quem são Sanzu, nada além disso.

— Promete que não vai olhar pra nenhum idiota de lá? -Perguntou receoso.

— Prometo. -dei risada- Tem caras bonitos assim por lá?

— Tem dois irmãos. -respondeu irritado- Eu não gosto deles, aquele outro também, ele é feio e ainda por cima mulherengo.

— E você é idiota e sente ciúmes. -dei risada sentando na mesa- Vem comer Sanzu.

O loiro ficou resmungando irritado, provavelmente imaginando o que aconteceria se ele me levasse para conhecer os parceiros de gangue. Sanzu provavelmente estava tendo uma crise interna de ciúmes e eu me segurava para não rir da cara feia que ele fazia por conta daquilo.

Assim que terminamos o café da manhã, demos uma rápida organizada na cozinha e depois de me roubar um beijo, o loiro disse que iria para casa. Enquanto Sanzu deveria estar organizando a mochila, resolvi que iria organizar a minha, coloquei os livros das disciplinas que teriam aulas e o restante dos materiais.

Dei uma última arrumada em mim mesma e ao sair, Sanzu já estava me esperando com aquela máscara idiota cobrindo seu rosto. Durante o caminho para a escola, o loiro me explicou que já faziam alguns dias que ele estava na tal Tenjiku e que decidiu sair da “Toman” por motivos pessoais. Eu não iria insistir pra saber mais, pois a cara de desprezo que ele fazia era visível.

— Até o intervalo docinho. -Ele sorriu beijando meu rosto.

— Até. -Sorri para ele.

Na sala de aula, fui fazendo cada teste sentindo meu corpo estremecer,  não importava o quanto eu estudasse, eu sempre sentia que não estava preparada para fazer aquelas provas. A ansiedade era imensa, ainda mais quando se olhasse para o lado ou ousasse levantar a cabeça, a prova seria automaticamente anulada, como eu odiava esse sistema imbecil.

Quando finalmente o intervalo chegou, eu respirei aliviada pois estava perto das férias chegarem, eu só queria descansar o máximo que conseguisse. Avistei Sanzu sentado em uma mesa com uma bandeja de comida, deduzi que era para mim pois o loiro se sentia incomodado de deixar que outras pessoas vissem suas cicatrizes.

— Achei que não fosse mais sair da sala. -Reclamou irritado.

— Eu sou a mulher e você que fica de tpm? -Debochei sentando na mesa.

— Eu devia jogar essa bandeja na sua cara. -Rebateu semicerrando o olhar.

— Faça isso e nunca mais vai receber notícias minhas na sua vida!

 — Chata. -empurrou a bandeja para a minha frente e cruzou os braços- Não vai me agradecer?

— Muito obrigada por ter pego a minha bandeja meu loirinho lindo. -Esbocei um sorriso cínico o agradecendo.

— “Meu loirinho lindo.” -respondeu pensativo- Eu sou seu igual você é minha?

— Não sou sua Sanzu. -dei risada- Para com isso.

— Você é minha sim! 

— Não começa Sanzu.

O loiro encostou o cotovelo na mesa e colocou a cabeça apoiada em sua mão enquanto mantinha os olhos fechados. Aquilo me dava mais tempo para apreciar os detalhes do loiro, principalmente os cílios, tão longos e claros que o deixavam com um leve ar afeminado, mas aquilo nunca seria um problema para mim, pois eu gostava dele do jeitinho doido que ele era. Embora vez ou outra eu tivesse que pegar mais pesado com os limites, o loiro sempre obedecia.

Mais uma vez precisávamos voltar para a sala de aula, e mais uma vez eu me sentia sendo tomada por um nervosismo inexplicável, me sentia fraca e sem um certo senso que era necessário para me concentrar.

— Cupcake… -o loiro agarrou minha mão- Estou torcendo pra você tirar boas notas, tá?

— Obrigada Sanzu.

Quando nos despedimos, eu entendi que aquela era uma das maneiras dele tentar me acalmar. Apesar de tudo ele não era muito bom com palavras, e na maioria das vezes se enrolava quando queria tentar falar algo mais complexo. Ali eu notei o jeitinho dele de tentar dizer que tudo iria ficar bem, e aquilo de certa forma deixava meu coração cada vez mais quentinho.   

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• Capítulo amorzinho de hoje 🥰

• 🤨

  

INFERNO • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora