três

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Os dias foram passando e ali estávamos nós, como era de costume limpando os arredores da escola. Por algum motivo pouco plausível, eles encarregaram os segundos e terceiros anos a limpar a parte dos gramados e quadras, talvez por sermos verdadeiras pestes em sala de aula ganhavamos o serviço mais pesado.

–Merda. -reclamei tentando puxar o enorme saco preto-Por que eu enchi essa merda de folhas?

–Não tem força pra puxar um saco? -Uma voz conhecida soou.

Observei o garoto loiro com os braços cruzados encostado perto da árvore enquanto me observava.

–Não te interessa. -Respondi arrastando com dificuldade o objeto.

–Fraquinha, fraquinha. -ele deu risada- Mal consegue arrastar isso.

–Então vem aqui pegar essa merda e jogar no lixo! -respondi irritada- Babaca!

–Cuidado com a boca, docinho. -Rebateu com a voz abafada se aproximando.

O garoto com uma certa facilidade, agarrou o saco e levou até a lixeira o jogando lá, e aparentemente com um sorriso vitorioso caminhou de vlta até onde eu estava.

–De nada.

–Você é tão irritante.

–Nem me conhece e me chama de irritante. -ele disse virando-se para mim- Melhor tomar cuidado.

–Vai me matar por acaso? -Questionei o encarando.

–Talvez. -ele riu- Mas você é muito feia pra me fazer perder tempo.

–Eu que não tenho tempo para suas provocações. -respondi passando por ele em passos rápidos- Idiota.

Depois de agradecer mentalmente por não precisar pegar aquele peso, terminei de juntar algumas poucas folhas que restaram, por mais que ganhássemos pontos com aquilo, era muito cansativo e entediante.

–Tomara que chegue logo a hora de ir embora. -murmurei catando as folhas- Não aguento mais.

–Sua voz é tão irritante. -novamente aquele garoto- Poderia calar a boca?

–Você tá me seguindo? - o encarei esboçando uma careta- E não, eu não vou me calar.

–Não, eu não vou me calar. -ele afinou a voz me imitando- Irritante.

–Qual é a porra do seu problema? -o encarei tomada pelo estresse- Gosta de atormentar garotas indefesas?

–Eu não perderia meu tempo com você. -Rebateu.

–E tá fazendo o que aqui me atormentando? -Questionei.

– Se não percebeu ainda. -ele me olhou de cima a baixo- Eu também tô juntando as folhas, e só faltam essas aqui.

–Que seja então. -Respondi caminhando para longe após deixar um montinho de folhas.

–Irritante! -Ouvi ele gritar.

–Você me chamou de que? -Me virei para encará-lo.

–Irritante. -ele respondeu- Ficou surda agora?

Caminhei pesadamente até ele e encarei aqueles intensos e travessos olhos azuis, e involuntariamente acertei um tapa em sua face, fazendo com que o rosto dele virasse para o lado.

–Me deixa em paz!

Sem olhar para trás, caminhei até onde o supervisor de alunos estava, confirmei que havia feito minha tarefa e então fui autorizada a retornar para a sala de aula. Dentro da sala eu fiquei martelando aquele acontecimento em minha cabeça. Será que eu deveria pedir desculpas para ele? Se bem que ele já estava me irritando demais, garoto idiota.

INFERNO • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora