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Aquele era mais um dia comum onde eu voltava da escola em paz, havia prometido à minha mãe que naquele ano letivo eu não me envolveria mais em brigas, e não seria expulsa de mais uma escola.

Eu não tinha culpa de ser alvo de babacas, mas sempre sobrava pra mim, afinal era eu quem espancava eles.

Continuei fazendo meu caminho de sempre, caminhando pelas tão conhecidas ruas daquele lugar, pensando em como dizer a minha mãe que eu havia machucado a mão socando a cara de uma menina que veio encher meu saco.

– Você achou mesmo que ia ficar assim? -Ouvi a voz da menina que bati mais cedo.

– Yumi. -me virei e vi que tinha um bando de garotos mais velhos com ela- Olha você trouxe companhia.

– Meu nii-san vai acabar com você. -Ela riu e saiu caminhando para longe dali.

– Quem vai ser o primeiro a apanhar? -Perguntei jogando a mochila em um canto.

– Vai aprender a não mexer com a irmãzinha dos outros. -Um garoto parecido com a menina falou.

– Vem ensinar então. -Sorri desafiadora.

Eles estavam em um total de sete garotos, aos 16 anos o meu limite era um pouco baixo, mas eu daria conta, então eu iria me virar como pudesse e o quanto aguentasse.

O primeiro que eu derrubei foi o irmão daquela irritante metida do caralho, isso despertou a fúria dos outros e pra piorar eu usava uma saia graças ao uniforme da escola, o segundo garoto derrubei com um chute certeiro em suas têmporas que o levou ao chão desmaiado, mas eu apenas não contei que eles seriam tão baixos em combate a ponto de usar um taco para me derrubar. Depois disso apanhei a ponto de ficar sem reação alguma.

– Tragam ela para esse beco. -o irmão de Yumi disse levantando- Vamos ensinar uma lição à ela.

– Não... -pedi sentindo que a qualquer momento meus sentidos deixariam meu corpo- Por favor.

Eles me arrastaram como se eu fosse um saco de farinha ou um pedaço de lixo qualquer, a pancada havia sido tão forte que meu fôlego estava escasso, minhas pernas estavam tão trêmulas quanto minha vista, provavelmente eu seria abusada naquele beco imundo e não conseguiria fazer absolutamente nada para me defender.

– Segurem essa vadia. -O garoto ordenou e dois seguraram meus braços e os outros dois prenderam minhas pernas enquanto o desespero me consumia.

O garoto se aproximou de mim desabotoando sua calça, uma mistura de sentimentos invadia minha mente, meus sentidos falharam bruscamente quando tentei me desvencilhar deles, senti sua mão subindo pela minha coxa enquanto levantava minha saia. Fechei meus olhos com força esperando o pior, mas a única coisa que ouvi foi um baque surdo, por puro instinto abri meus olhos em busca daquele barulho estrondoso.

–Chefe! -os garotos me soltaram correndo para ajudar o rapaz caído- Peguem ele.

Depois de alguns minutos meus olhos focaram em um garoto loiro de cabelos curtos com movimentos ágeis derrubando cada um deles, socos, chutes eram desferidos para cada um, mas uma única pergunta pairava na minha mente, "ele vai me ajudar ou vai continuar com o que os garotos iriam fazer?"

– Levanta daí. -Ele ordenou se aproximando.

– Não consigo. -Respondi baixo.

– Consegue sim. -ele pegou meu braço fortemente me fazendo ficar de pé- Viu só?

– Você é muito bruto. -Reclamei.

– E posso ser mais. -ele sibilou me encarando- Agora vai pra casa.

– Se eu chegar em casa suja desse jeito. -falei tentando encarar seu rosto mas ele era coberto por uma máscara preta- Minha mãe vai me matar.

– Problema seu. -ele disse sério- Ninguém mandou ficar apanhando.

– Você é sempre mal humorado assim? -Perguntei o seguindo para fora do beco.

– Porque você tá me seguindo? -Ele me olhou confuso.

– Eu tô saindo do beco. -respondi- Não te seguindo.

Ele apenas revirou os olhos e saiu andando em passos rápidos, durante o caminho eu tentei me limpar ao máximo que consegui com uma garrafinha de água que comprei em um pequeno quiosque que havia no caminho, vez ou outra o garoto loiro olhava para trás e voltava rapidamente o rosto para frente.

–Você tá me seguindo? -Ele perguntou com raiva.

–Eu moro a duas quadras daqui seu babaca. -Respondi na mesma intensidade.

–Nem fodendo! -Ele reclamou.

–Vai me dizer que você também mora aqui perto? -Questionei.

Ele permaneceu calado enquanto se afastava a passos mais rápidos.

–Mal educado! -Gritei.

Recebi apenas o dedo do meio em resposta, para minha surpresa ele entrou na mesma rua que minha casa, como morávamos na mesma rua e eu nunca o tinha visto por ali?

–Ele que se foda. -Falei dando os ombros e indo para minha casa.

Quando parei na frente da casa, ele ficou me olhando desconfiado com aqueles olhos azuis penetrantes, deu os ombros e saiu andando até o final da rua, onde depois de mexer nos bolsos, entrou em uma casinha de dois andares, simples porém bastante bonitinha.

–Mãe? -Chamei entrando na casa.

Nem um sinal sequer da mais velha em casa, ou de meu pai, caminhei para o andar de cima e nada, provavelmente estavam fora de casa.

Em meu quarto, caminhei para o banheiro depois de tirar a roupa, com antisséptico e algodões, fui limpando os machucados um por um, até que resolvi ir tomar um longo e demorado banho.

–Quem é você, menino de cabelos loiros? -Perguntei enquanto sentia a água escorrer pelo meu corpo.

Sai do banho e vesti uma roupa confortável, meu rosto tinha alguns curativos e leves machucados, minha mãe ficaria uma fera quando visse aquilo.

–Como foi na escola querida? -Perguntou virando-se para mim- Não precisa responder.

–Eu juro que fui atacada mãe. -Respondi.

–Você sempre diz isso. -ela suspirou- Sempre se mete em confusão [Nome]! Isso é perigoso.

–Eu só me defendi! -Respondi.

–Você vai ficar de castigo o resto dessa semana! -Ela disse séria.

–Ah, que ótimo. -falei sentando na mesa- Mais um pra conta.

Enquanto ela reclamava sozinha, meus pensamentos vagavam para outros lugares mais interessantes, o primeiro deles era de como eu iria me vingar daquela putinha.

INFERNO • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora