No dia seguinte, nós da turma do segundo ano iremos ter algumas palestras junto com as turmas de terceiro, se não me engano o tênis daquele garoto loiro indicava que ele era do terceiro ano. Mas no fim, quem se importava com isso? Ele era um tremendo mal educado, grosseiro do caramba.
Depois de levar um belo sermão sobre comportamento dos meus pais, segui caminho para a escola, fui oscilando meu pensamento entre aulas e vinganças, como que eu iria me vingar daquele projeto mal feito de vadia por ter me metido em confusão? Eram tantas maneiras que passavam em minha mente que se eu as colocasse em prática, no mínimo iria ganhar uma passagem só de ida para um reformatório qualquer.
–Bom dia turma! -nosso professor disse entrando no recinto- Hoje teremos uma séria de palestras sobre profissões junto com as turmas de terceiro ano.
–Porque vamos ter essas palestras se quem está prestes a se formar são eles? -Alguém no fundo da sala perguntou.
–Justamente porque vocês vão ter mais tempo para pensar. -explicou o homem- Eles também passaram por tudo isso que vocês estão passando.
–Ótimo. -murmurei- Mais um dia cercada por idiotas.
Durante todo o caminho para o auditório da escola, a maldita garota ia dando algumas risadas de mim e falando coisas provocativas, eu sabia que se reagisse iria pegar algum castigo na escola ou coisas do tipo, e no fim eu me arrependeria de tudo isso.
Chegando no local, percorri meus olhos em busca do meu local favorito, a cadeira que ficava lá no fundo, quase completamente escondida por uma imensa coluna. Mas me deparei com uma pessoa sentada no meu lugar, e ao me olhar senti a intensidade daqueles olhos azuis, era o garoto daquele outro dia, ao notar que eu o observava, fechou os olhos como se estivesse sorrindo por baixo da máscara e mostrou o dedo do meio para mim.
–Babaca! -resmunguei repetindo o gesto para ele- Imbecil do caralho.
Depois de alguns minutos escolhendo um lugar e sem ter muito êxito, acabei achando uma cadeira mais isolada e me sentei para assistir a programação daquele dia. As horas iam passando conforme os representantes se apresentavam, vez ou outra eu me pegava observando aquele garoto.
Seus fios eram tão claros e tinham um comprimento tão bonito, combinavam perfeitamente com a pele branca dele, e os olhos, ah aqueles olhos azuis tão intensos e brilhantes, eles eram realmente lindos, mas o que mais atiçava a minha curiosidade era aquela máscara. O que ele tinha para esconder debaixo dela? Será que era algo tão feio ou estranho que merecia ser coberto e escondido? Quando me afastei de meus devaneios, o garoto estava me encarando fixamente com os olhos semicerrados como se estivesse com desconfiança ou algo do tipo.
–Vamos dar uma pequena pausa em nossas palestras. -o homem finalizou sua apresentação- Dirijam-se ao refeitório.
–Graças a Deus. -resmunguei- Já não estava mais aguentando isso tudo.
A fila para o almoço já estava com um tamanho razoavelmente grande, mas aquilo era o de menos, o que mais me incomodava era como eu iria colocar meu plano em ação. Aquela vadiazinha com toda certeza viria me atormentar, então como ela sempre roubava o meu bolinho, ela iria experimentar um novo sabor, Bolinho de Pimenta.
–Teria molho de pimenta? -Perguntei a senhora que servia a comida.
–Temos sim querida. -ela sorriu- Extra Forte, tome cuidado, sim?
–Claro que tomarei. -Sorri pegando discretamente e derramando uma boa quantidade no furinho que abri no doce.
Depois de devolver o molho, fui em busca de uma mesa vazia, depois de muita procura finalmente a achei, era satisfatório sentar sozinha naquele lugar, e de uma certa distância observei o garoto loiro me encarando, e ao notar que eu o encarei de volta, revirou os olhos em desaprovação.
Minutos depois, assim como previ a idiota apareceu em mnha mesa acompanhada de duas outras putas.
–Ora ora. -ela riu- Que bom que lembrou de pegar meu bolinho.
–Nunca que eu esqueceria. -Sorri em desafio.
–Me dá isso. -ela disse pegando o bolinho- Agora vou me deliciar com minha sobremesa.
Ela saiu caminhando enquanto as outras duas ficaram fazendo gestos estranhos para mim, segundos depois, a única coisa que se era possível escutar eram os gritos incessantes da menina e pessoas correndo com água para ela.
Assim que o som da sirene soou nos alertando que estava dando a hora de irmos novamente para o auditório, levantei e sai caminhando plenamente e com um sorriso de alívio em direção ao recinto.
–Você é má. -uma voz grossa riu atrás de mim- Levaram ela pra enfermaria.
–Escuta aqui, se vir me provocar também eu juro... -Falei me virando e para minha surpresa era o loiro do dia anterior.
–Jura o que? -ele perguntou em tom de intimidação- Você não vai fazer nada, sabe disso.
–Tá duvidando? -Perguntei o encarando na mesma intensidade.
–Eu tenho certeza que não vai. -Ele disse dando os ombros e caminhando em direção ao recinto.
–Qual o seu nome? -Perguntei o alcançando.
–Não te interessa.-respondeu ríspido- Para de me atormentar.
–Que menino mais doido. -resmunguei procurando novamente uma cadeira- Aparece do nada e depois quer dizer que eu tô atormentando ele.
As palestras sobre profissões, mercados de trabalho, faculdades, cursos e tudo mais foi continuando conforme o tempo passava, quanto mais eles falavam, mais sono eu sentia e isso era o pior de tudo.
–Agradecemos a atenção de todos. -o diretor finalizou- Estão liberados.
Com a mochila nas costas, fui trilhando meu caminho para casa, coloquei meus fones e terminei de ignorar o mundo ao meu redor. Finalmente um pouco de paz para a minha cabeça que naquele momento estava meio oca de tanta informação.
Ao chegar na frente de minha casa, esperei um pouco antes de entrar, apenas para ter a certeza de que o garoto meio doido vinha pouco atrás de mim. Ao notar que eu ainda não havia entrado, apenas balançou a cabeça em negação e mostrou o dedo do meio.
–Além de doido é mal educado. -Reclamei.
–Vai se foder! -Ele continuou mostrando aquele dedo para mim.
–Que filho da puta. -Murmurei entrando em casa.
A única coisa boa tinha sido o dia na escola, pois assim que eu chegasse em casa teria que lidar com as redações para fazer sobre os tópicos das palestras, aquela escola realmente parecia uma prisão, onde nosso único castigo era fazer inúmeras atividades.
–Cara... -reclamei ao finalizar mais uma redação- Se nada der certo vou virar stripper de mafioso.
E naquele momento com os poucos neurônios que me restavam, resolvi deixar tudo pra lá e ir dormir. Afinal, suportar gente babaca em minha vida custava bastante tempo e paciência.
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INFERNO • Sanzu Haruchiyo | Tokyo Revengers
Fiksi Penggemar🔞 Inferno, Na mitologia, era um local subterrâneo habitado pelos mortos, para os cristãos, o lugar em que as almas pecadoras se encontram após a morte, submetidas a penas eternas. Para mim, era o paraíso. 🔞 | Fem ¡ Oc |