vinte

4.8K 523 255
                                    

Minha rotina com Sanzu estava cada vez mais engraçada, mas ultimamente ele parecia estar um pouco estressado e por mais que eu insistisse ele sempre se recusava a falar pois dizia que não iria querer me ver preocupada. Mal sabia ele que dizer aquilo me deixava ainda mais preocupada com ele, talvez o fato dele ser um gangster me deixava apreensiva.

Por outro lado, meus pais pareciam estar aproveitando muito bem a viagem deles pois ainda não haviam me dito o dia que iriam voltar. Meu medo era de que eles chegassem em um dia que Sanzu estivesse vagando pela casa, embora eu já tivesse tentado impor limites no loiro, eu acabei desistindo e o aceitando como ele realmente era.

— Cupcake! -gritou estressado- Mandei esperar por mim.

— Não vou me atrasar só por que você decidiu comprar a porra de um bolinho. -Me virei cruzando os braços e o encarando.

— Viu como você esperou. -deu risada se aproximando- Por isso gosto de você.

— Sanzu, eu que mando em você. -disse puxando a orelha do loiro- E não o contrário, agora vamos logo pra escola.

— Me pergunto realmente se estou decidido a casar com você. -Reclamou dando um tapinha em minha mão.

— Espero que não decida e ache outra.

— Tá doida? -deu risada- Já escolhi até o seu buquê de flores do casamento.

— E como ele seria Sanzu? -Perguntei o encarando.

— Ah, eu pensei em um buquê de flores brancas e cor de rosa. -disse animado- E no meio só uma florzinha azul.

— Por que só uma flor azul? -Perguntei confusa.

— Pra eu não ter filhas, apenas filhos. -explicou impaciente- Passei a noite pensando e não estou preparado para ser pai de meninas.

— Eu juro que se um dia eu perder meu juízo e acabar engravidando de um doido como você. -o encarei semicerrando o olhar- Faço até promessa pra nascer uma menina.

— Você não seria louca.

— Realmente, eu não seria. -dei risada entrando no local- Não quero me casar.

— Mas nós vamos, você vai ver.

— Até o intervalo, Sanzu. -Dei risada mostrando o dedo do meio.

— Não me deixe falando sozinho cupcake!

Fui para a sala de aula segurando o riso pois uma das coisas que o loiro odiava era que o deixassem falando sozinho. Apesar de que ele tinha a mania de conversar sozinho e algumas vezes aquilo chegava a dar medo, ele odiava que o deixassem falando sozinho ou que o ignorassem.

As aulas passaram lentamente, o final daquele período letivo estava bastante próximo e com isso a ansiedade atacava a todos, notas, destaques, ofertas em universidades e empregos dos sonhos. Tudo aquilo era bastante tentador, mas tudo tinha um preço e a maior questão ali era quem estaria disposto a pagar.

Quando o intervalo finalmente chegou, fui para o refeitório em busca do loiro e ele praticamente havia sumido, cansada de procurar por ele fui em direção a enorme fila. Peguei minha bandeja com toda a comida que eu havia escolhido naquele dia e fui para a mesinha isolada de sempre e para a minha surpresa Sanzu vinha caminhando em minha direção tranquilamente.

— Onde é que você estava? -O encarei enquanto ele aparentemente estava com um sorriso cínico por baixo daquela máscara.

— Comendo. -respondeu simplista- Você sabe que não como perto de outras pessoas.

— Eu espero que um dia você decida ficar sem essa máscara. -suspirei o encarando- Seu rosto é tão bonito Sanzu.

— Eu sei que você me acha bonito. -ele riu convencido- Acha que eu não percebo quando você acorda de madrugada e fica me olhando?

— Você fica fingindo dormir? -perguntei incrédula- Me sinto traída!

— É só que às vezes eu não consigo dormir. -respondeu colocando a mão em cima da minha- Por isso fico lá olhando pro teto e pra você.

— Não sei se devo achar isso fofo ou preocupante.

— Você deveria saber que eu nunca iria fazer nada que pudesse te machucar. -o loiro disse calmamente colocando minha mão na lateral de seu rosto- Eu nunca faria mal pra minha rainha.

— Eu também nunca faria nada que te fizesse mal. -Sorri para ele acariciando o local.

Algumas vezes o loiro parecia um gatinho abandonado, meio raivoso e estressado, mas que precisava de carinho e amor, talvez no fundo eu estivesse disposta a fazer aquilo por ele. Assim que terminei de comer, o loiro me guiou para a mesma árvore que sempre ficávamos quando restava horário no intervalo.

— Sabe cupcake, você é uma garota extremamente irritante e chata. -disse olhando para o alto- Mas não sei o que você tem que me faz querer te ter por perto.

— Eu também sinto isso. -dei risada- Você é irritante, mesquinho, impulsivo, chato e meio doido. Mas eu te quero por perto, você é um bom amigo Sanzu.

— Você acabou de partir meu coração. -Reclamou colocando a mão no peito.

— Seu idiota! Nunca ouviu falar de amizade colorida?

— Não gosto disso. -respondeu sentando-se novamente- Se eu aceitar isso, você vai poder ficar com outros, mas você é minha! Apenas minha!

— As coisas não funcionam assim, Sanzu. -respondi movendo a boca para o lado- Daqui alguns meses você pode simplesmente aparecer com outra garota. Quem garante que você ainda vai estar comigo?

— Eu garanto! -disse puxando minhas mãos- Garanto a você que vamos ficar juntos para sempre, casar e fazer tudo o que você quiser.

— Amo esse seu jeito meio doido de achar que pode resolver tudo.

— E eu posso.

Antes que eu pudesse continuar a explicar algumas coisas para Sanzu, o sinal indicando que as aulas voltariam finalmente tocou e nos levantamos para ir em direção às salas de aula, o loiro mantinha sua mão atada a minha e vez ou outra a beijava, mesmo que por cima daquele tecido preto que cobria seu rosto.

Na sala de aula descobri que mais uma vez toda a escola iria sair cedo, segundo o professor nos avisou era por conta das reuniões para os testes finais. E como um choque de realidade, percebi que aquele era o último ano de Sanzu na escola e consequentemente meus dias no próximo ano letivo seriam para ficar sozinha naquela instituição.

O tempo passou e finalmente estávamos liberados para ir embora, o loiro como sempre estava de pé com cara de tédio enquanto me esperava na saída da escola, e milagrosamente com uma florzinha meio murcha nas mãos.

— Que bonitinho. -sorri ao me aproximar- Essa florzinha é pra mim?

— Não. -respondeu ríspido- Pra sua avó! Claro que é pra você, idiota.

— Enfia essa merda no teu rabo então.

— Você faz perguntas idiotas. -deu risada me puxando pela mão- Queria o que?

— Que você fosse mais delicado. -respondi fazendo bico- Você parece um cavalo.

— Você faz por onde me estressar. -respondeu pensativo- Por isso te trato assim.

— Você me paga, Sanzu.

— Débito ou Crédito? -Perguntou debochado.

— Babaca.

INFERNO • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora