cinquenta e cinco

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Quando acordei, meus olhos demoraram a se fixar no teto acima de mim, meus pulmões ardiam a cada vez que eu respirava e meu corpo inteiro tremia, tudo aquilo deveria ser por conta da medicação. Com dificuldade mexi meu rosto para um lado e depois para o outro.

Quando virei o rosto para o outro lado, avistei Takeomi sentado em uma poltrona, ele estava com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça baixa, um cigarro pendia entre seus dedos enquanto murmurava coisas que eu não conseguia entender.

— Takeomi?

— Finalmente você acordou. -disse erguendo os olhos marejados. — Acha que consegue levantar?

— Ainda não. -respondi ofegante. — Meu corpo inteiro dói.

— Mikey acreditou que você estava morta.

— Graças a Deus. -respondi esboçando um sorriso. — Quando vai falar com o Haru?

— Na hora certa [Nome]. -respondeu pensativo. — Como eu disse, Sanzu não tem a capacidade de escolher entre o Mikey e você, e isso pode acabar resultando nas nossas mortes por traição.

— Entendo, só espero que a hora certa não demore tanto…

— Bom, vou te explicar algumas coisas enquanto você descansa, pode ser?

— Aham.

— Nessa pasta estão seus novos documentos, você receberá outro nome e vai para outro país. -disse colocando o objeto na mesa de cabeceira. — Fiz uma conta para você, comprei um apartamento e te entregarei um black card para usar com o que precisar.

— E qual país eu vou? -Perguntei receosa.

— Mais precisamente você vai para a Flórida. -respondeu movendo a boca de um canto para o outro. — Como as passagens foram para última hora, só consegui para a cidade de Miami.

Miami?!

Ouvir o nome daquela cidade fez meu corpo e minha mente ser inundado por tantas lembranças, tantos planos e sentimentos, a única coisa que consegui fazer foi chorar. Eu soluçava alto enquanto deixava largas lágrimas rolarem, sentada na cama de um quase desconhecido eu só sabia remoer os planos com Haruchiyo, planos esses que poderiam nunca acontecer.

— O que houve? -perguntou preocupado. — Está sentindo alguma coisa?

Miami era a cidade que eu e Haru planejávamos o nosso futuro. -respondi chorosa. — Tem noção do quanto dói?

— Não, não vou ser um hipócrita de falar que entendo a sua dor sabendo que cada um tem sua própria percepção. -respondeu após um suspiro pesado. — Vamos [Nome], você precisa se arrumar pois o voo é em duas horas.

— Mas eu nem tenho roupas Takeomi, eu só queria poder falar  quanto eu o amo pelo menos mais uma vez.

— Mas infelizmente você não pode. -disse sério. — Sabe disso e sabe o que pode acontecer…

— Sim, eu sei.

— Ali é o banheiro, vou buscar roupas para você. – Disse apontando a porta e saiu do recinto.

Embora minhas pernas ainda estivessem extremamente trêmulas, levantei e em meio a lágrimas teimosas que insistiam em rolar, fui para o banheiro. Haviam toalhas recém colocadas e diversos produtos para o banho perfeito, sem muita vontade fui para debaixo d’água e deixei que ela levasse tudo o que meu corpo tinha. O lado ruim é que ela não poderia levar minhas dores junto.

Assim que saí do banheiro, notei calças escuras e uma blusa larga preta em cima da cama, máscara e um boné também da mesma cor, eu realmente era uma fugitiva a partir de agora, e torcia para tudo isso acabar o quanto antes.

INFERNO • Sanzu Haruchiyo | Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora