CAPÍTULO 02

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   É um pouco difícil ignorar os olhares que recebo, tanto das meninas quanto de alguns caras, enquanto vou caminhando por entre eles e procurando o meu armário.

   Acho que sou bastante popular por aqui. A maioria dessas meninas já deu em cima de mim, e alguns dos caras já jogaram uma verde também, mas a verdade é que eu sou bem seleto com quem saio, tanto com elAs, quanto com elEs.

   Também acho que não sou daquele tipo meio irritante de popular que zomba de todo mundo. Posso ser um pouco irritante quando pego intimidade com alguém e até meio esnobe, mas não sou de causar brigas... A não ser ser que me provoquem primeiro. Aí já é outra história.

   E sobre racismo. Talvez tenha sofrido algumas piadinhas quando cheguei aqui, mas botei cada um dos otários nos seus devidos lugares (e peguei uma suspensão nos primeiros quinze dias de aula). Para mim é impossível ouvir calado enquanto tentam me diminuir por causa da minha pele. Eu amo a minha cor. Os meus olhos. O meu cabelo. Sou muito gostoso.

   — Oi. Mikah. — uma menina ruiva que é líder de torcida me cumprimenta.

   — Oi. — respondo, olhando para a parede direita do corredor, tentando achar o armário 133. Não tenho certeza se o nome dela é Bryana, Luana ou alguma coisa parecida, e não quero arriscar chama-la pelo nome e errar.

   — vocês tem treino hoje?

   — não. Só amanhã. - digo, finalmente avistando o meu armário e marchando até lá.

   — quer sair para fazer alguma coisa?

   — não vai dá não, princesa. Tenho que pegar meu carro na oficina depois da aula. Talvez outro dia, okay? — lhe dou um sorriso grande, que faz ela corar um pouco e assentir, devolvendo o sorriso antes de começar a andar pelo corredor.

   Coloco a senha no meu armário e o abro, dando de cara com os meus velhos livros que devem ter custando uma fortuna (a bolsa não cobre isso). Há alguns blocos de post-its empilhados no canto, além de alguns presos na porta com anotações aleatórias.

   Também há alguns papelzinhos dobrados que provavelmente foram enfiados por entre as frestas da porta de metal. Coloco todos eles ali no canto. Quem sabe eu os veja depois.

   Movo olhar até o horário. O papel já está todo amassado e com algumas manchas de caneta, mas as letras ainda são bem legíveis, então não tem problema.

   Aritmética. História americana. Intervalo de quarenta minutos. Inglês. Artes.

   Merda. E o semestre novo já começa com o pé direito. Odeio matemática com todas as minhas forças!!

   Pego os livros de história, matemática e inglês, mas um vislumbre dourado na minha visão periférica me faz virar o rosto um pouco para a esquerda enquanto os enfio dentro da mochila, dando de cara com Elliott a poucos metros.

   Abro um sorriso cínico. Ele franze as sobrancelhas loiras para mim, semicerrando os olhos azuis claros e desviando o olhar. Consigo sentir o ódio emanando dele. Um milissegundo depois, ele mostra o dedo do meio para mim e sai andando pelo corredor, me fazendo querer soltar uma risada baixinha só para provocar.

   Eu me dou bem com quase todo mundo. QUASE. Porquê esse cara é uma exceção. A gente não se dá bem desde quando comecei a estudar aqui. Então somos praticamente arqui inimigos.

   Reviro os olhos e fecho o zíper da mochila; também trancando o armário e retirando o celular do bolso da calça jeans para ver se tem alguma coisa de interessante.

   Há algumas mensagens dos meus amigos; Alguns áudios do meu pai e dezenas de solicitações para ser seguido no Instagram.

   Resolvo ouvir as mensagens do meu pai só depois, então enfio o celular de volta no bolso e começo a procurar a sala onde terei a minha primeira aula.


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   O professor de aritmética é um pouco chato na verdade, Mas abro meu melhor sorriso quando entro na sala, desejando um "bom dia" para ele e indo procurar uma cadeira vazia.

   Carisma é a alma de todo negócio, e é bom puxar um pouco do saco deles de vez em quando pro caso de eu precisar de um meio pontinho a mais no fim do semestre.

   Encontro uma cadeira vazia lá no fundão. Jogo minha bolsa aos pés da mesa de qualquer jeito e sento nela, tentando ajustar meu corpo ao fato dela ser feita para alguém uns bons vinte centímetros mais baixo que eu. A garota da frente olha por cima do ombro por alguns segundos, encarando-me com olhos verdes e uma expressão apaixonada.

   — oi. — digo, tentando encontrar uma posição melhor e encostando o ombro na parte. As janelas de vidro estão abertas e uma brisa fresca entra na sala, mas ela não forte o suficiente para levar os papéis sobre as mesas.

   — O-oi. — ela responde. Sua expressão diz que ela quer falar alguma coisa, mas antes que ela possa abrir a boca para dizer algo, Elliott entra na sala e procura uma cadeira vazia, e quando a encontra, ele joga a bolsa de qualquer jeito sobre a mesa.

   Há apenas uma fileira de mesas entre a minha e a dele, e por alguns instantes seu olhar recai sobre mim.

    Coço disfarçadamente a bochecha com o dedo médio, devolvendo pra ele o gesto que fez nos corredores.

   Ele revira os olhos e diz um "vai se foder" Silencioso, de modo com que eu saiba o que ele disse apenas pelo movimentos dos lábios. Seguro uma risada (ele fica bastante irritado quando vê que me divirto com nossas briguinhas) e apenas retribuo as palavras silenciosas.

   "Vai se foder você também"... Repito duas vezes para garantir, movendo o meu olhar para o professor, que já começou a escrever alguns cálculos esquisitos na lousa.




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AMOR E ÓDIO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora